Ídolo do SPFC e Galo foi herói da única vitória do Rayo no estádio do Real

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O Rayo Vallecano visita o Real Madrid neste domingo, às 12h15, em busca de um feito quase impossível: vencer o gigante no Santiago Bernabéu. A palavra "quase" se faz necessária, porque houve um dia em que a equipe do bairro de Vallecas conseguiu derrubar a equipe merengue.
Foi há 29 anos, em 21 de janeiro de 1996, com um protagonista brasileiro: o atacante Guilherme Alves — que anos depois seria ídolo do Galo e chegaria à seleção — marcou os dois gols da vitória por 2 a 1.
Desde então, o Rayo não voltou a ter motivos para sorrir no feudo madridista. À exceção de dois empates (o último deles por 0 a 0, em dezembro de 2023), o périplo do time de Vallecas pela casa do adversário foi duro, com 19 derrotas.
Na temporada 2011-12, foi goleado por 6 a 2; em 2013-14, por 5 a 0. Mas foi na temporada 2015-16 que a humilhação chegou ao máximo: o time de Paco Jémez, super ofensivo e com foto na posse de bola, chegou a estar vencendo por 2 a 1, mas levou uma virada o placar terminou em 10 a 2 para os merengues, com quatro gols de Bale, três de Benzema e dois de Cristiano Ronaldo.
A cada derrota do Rayo no estádio da Avenida de Cocha Espina, a lenda sobre aquele jogo de 1996 se tornava maior. Portanto, voltemos a ele.

Dois times sob pressão
Real Madrid e Rayo Vallecano entraram em campo naquele sábado, 21 de janeiro de 1996, sob pressão. Era o início do segundo turno do Campeonato Espanhol e os visitantes ocupavam a 20ª posição (na época, havia 22 times), com 20 pontos, um a menos que Racing de Santander, Albacete e Salamanca.
Mas é a situação do time merengue que chama ainda mais a atenção: sétimo na tabela, com 33 pontos, a 16 do líder Atlético de Madrid, que viria a ser campeão. Na época, os dois perseguidores mais próximos do time colchonero eram o Compostela (42 pontos) e o Espanyol (41); o Barcelona (39) era o quarto.
As duas equipes entraram em campo sob uma chuva impiedosa e com um gramado que em nada lembra o tapete atual, que recebe cuidados especiais 24 horas por dia.
Tão logo a bola rolou, os problemas do Real Madrid ficaram ainda maiores: no primeiro lance da partida, o Rayo puxou um contra-ataque que terminou com passe do argentino Daniel Aquino para Guilherme. O brasileiro deslizou de carrinho no campo molhado para abrir o placar.
O Real Madrid empatou três minutos depois: Michael Laudrup cobrou uma falta na área e Raúl antecipou-se ao goleiro Abel Resino. Aquele time ainda não era "galáctico", mas tinha nomes como o dinamarquês, o argentino Fernando Redondo e o colombiano Freddy Rincón.
O segundo gol de Guilherme, que decidiu o resultado do duelo, veio aos 28min da segunda etapa. Após um cruzamento pela esquerda, nas costas da defesa, Guilherme surpreendeu o goleiro Buyo com um chute de primeira, no canto.
Guilherme na história; Valdano, na rua
O resultado implodiu um Real Madrid que já estava cambaleante. Então campeão da Liga, o clube reagiu ao resultado demitindo o treinador Jorge Valdano, uma lenda do futebol argentino e do próprio clube.
Para Guilherme, então com 21 anos, aquele jogo também foi inesquecível. Ele entrava para sempre nas páginas da história do clube de Vallecas. Os gols marcados no Bernabéu são lembrados até hoje pela torcida. Mesmo por quem não era nem nascido na época, como o jornalista Sergio Gallardo, de 24 anos.
"Ganhar no Santiago Bernabéu é uma façanha para qualquer equipe, e mais ainda para o Rayo Vallecano, que é um time humilde, um time de bairro, que tem como objetivo continuar existindo. Guilherme é uma das essências da magia do futebol brasileiro. Tivemos sorte de tê-lo na equipe três temporadas, ele marcou quase 50 gols e é uma honra que tenha passado por aqui", afirma.

Naquele ano, graças àquela vitória, o Rayo terminou na 19ª posição, dois pontos à frente do Mérida, que acabou rebaixado. O clube de Vallecas ainda teve que disputar um playoff com o Mallorca — quarto colocado da segunda divisão — mas conseguiu vencer e ficar na elite.
Na temporada 1996-97, o time não teve a mesma sorte: depois de uma 18ª colocação, disputou novamente um playoff com o Mallorca e acabou caindo para a segundona. Guilherme voltou ao Brasil para jogar no Grêmio.
A partir dali, o atacante que foi o ídolo efêmero no São Paulo e era herói no Rayo passou a conquistar outras torcidas: Grêmio, Vasco e, a partir de 1999, o Atlético Mineiro, onde viveu os melhores momentos da carreira.
Atualmente, o único homem a derrubar o Real Madrid no Bernabéu com a camisa do Rayo é treinador e comandou o Velo Clube no Campeonato Paulista.
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