Erros em fundamento reduziram chances de Vitor Roque no Barcelona
A passagem de Vitor Roque pelo Barcelona terminou oficialmente na sexta-feira (28), após o fim do empréstimo para o Bétis e a posterior venda para o Palmeiras. No total, foram 16 partidas (apenas duas como titular) e dois gols marcados.
A história acabou abreviada pela falta de oportunidades com Xavi Hernández, treinador do clube catalão quando o brasileiro chegou. O técnico repetia, em conversas nos bastidores do clube, que Vitor Roque tinha problemas para executar um fundamento crucial no jogo do Barcelona: o domínio de bola.
No "estilo Barça" é raro que os atacantes recebam bolas com espaço para correr. Quase sempre, eles precisam dominar a bola preparando a ação seguinte. O termo em espanhol, "controle orientado", acabou sendo importado para a terminologia de treinadores e analistas brasileiros.
No Barcelona, o grau de dificuldade dos domínios de bola acaba aumentando porque o time costuma trocar passes rápidos, sem muita margem para erro. Na avaliação de Xavi e sua comissão técnica, Vitor Roque falhava de forma repetida nesse tipo de ação, o que reduzia suas possibilidades de receber chances.
O brasileiro não estava acostumado a esse tipo de demanda. Em seu clube anterior, o Athletico, ele marcou a maioria de seus 28 gols finalizando de primeira, sem a necessidade de dominar a bola.
Aí entra outro ponto importante para entender a falta de empenho de Xavi em dar uma chance a uma contratação de 40 milhões de euros (cerca de R$ 240 milhões): o treinador nunca pediu Vitor Roque à diretoria.
O atacante foi uma aposta de Deco — que começou a falar dele para o clube quando ainda era agente de jogadores, meses antes de se tornar diretor de futebol e fechar o negócio. Xavi, que batia de frente com o luso-brasileiro, não fez questão de ajudar na adaptação do novato.
Nos últimos meses de convívio, quando o treinador já não contava com Vitor Roque nem como opção viável vinda do banco, o empresário André Cury — representante do atleta — afirmou que Xavi nem conversava com o atacante.
As críticas internas chegaram também à imprensa catalã, que começou a olhar com atenção os domínios de bola de Vitor Roque. Observado com lupa e cada vez com menos chances, ignorado pelo treinador dentro e fora de campo, ele aceitou ser emprestado ao Bétis, com a promessa e a expectativa de voltar ao Barcelona num futuro próximo.
Uma promessa e uma expectativa que chegaram ao fim na tarde de sexta-feira, quando Barcelona, Bétis e Palmeiras anunciaram a transferência de volta para o futebol brasileiro.
Opinião
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