Como Dembelé superou fast food e videogames para ser o artilheiro do ano
O francês Ousmane Dembelé, do PSG, é o artilheiro do mundo em 2025. Com 15 gols marcados em nove jogos, ele comanda o ataque do líder da Ligue 1. Ninguém no planeta foi à rede tantas vezes desde 1º de janeiro.
Nesta quarta, o atacante volta a campo às 17h (horário de Brasília), contra o Brest, no jogo de volta da repescagem para as oitavas de final da Champions League. Na ida, ele marcou duas vezes na vitória por 3 a 0.
Quem vê Dembelé empilhando gols e com uma longa sequência de jogos sem lesões pode até se esquecer, mas em um passado não tão distante, as duas coisas eram virtualmente impossíveis.
No Barcelona, sobretudo na fase inicial, o francês foi um problema. Pouco comprometido com os calendários e procedimentos do clube, ele virava noites jogando videogame e comendo fast food com amigos.
McDonald's e Fortnite
Há uma coletânea de história sobre as aventuras do francês naquela época: uma diz que um diretor da equipe precisou ir pegá-lo em casa para ir a um treino; outra, que o clube colocou dois cozinheiros à disposição do francês, mas que ele preferia pedir delivery de hambúrgueres.
A pessoas próximas, o próprio Dembelé admitiu que passou do ponto porque não sabia as exigências da vida de um jogador profissional de elite — ele chegou ao Barcelona aos 19 anos, comprado por 135 milhões de euros (R$ 800 milhões), logo depois da saída de Neymar.
A falta de cuidados com a alimentação e as escassas horas de sono tiveram seu preço: ele perdeu cerca de 40% dos jogos do time por lesões, quase sempre de origem muscular. A mais longa delas, uma ruptura de um tendão na coxa, afastou o francês dos gramados por 6 meses.
O início da virada
Quem acompanha de perto a carreira de Dembelé não tem dúvidas: o bom momento atual tem como base uma mudança de comportamento ocorrida já nas duas temporadas finais em Barcelona.
Em sua reta final na Catalunha, Dembelé já se alimentava melhor e não trocava as noites de sono por maratonas de videogame. Ele também aproveitava as folgas no clube para viajar a Paris, a fim de frequentar um fisioterapeuta que faz sessões de prevenção de lesões.
Ainda mais importantes foram dois fatores extracampo: o casamento com a namorada Rima Edbouche e o nascimento da primeira filha do casal.
Em Paris, já pai de família e sem as distrações de Barcelona, Dembelé consolidou a guinada na forma de gerenciar a própria carreira. Ainda assim, fez uma primeira temporada apenas modesta no PSG.
A grande virada viria no verão europeu de 2024, dias antes de começar a segunda temporada de Dembelé no clube.
A conversa que mudou o caminho
Foi de uma reunião com a comissão técnica de Luis Enrique, treinador do PSG, que saíram as palavras de que Dembelé precisava para dar um passo adiante.
Uma pessoa que ouviu a história do próprio jogador contou detalhes ao UOL. Entre as frases ditas a ele estavam "Você não está atrás de ninguém", "Você é candidato à Bola de Ouro" e "Não precisa pedir licença para marcar gols". O PSG havia acabado de perder Kylian Mbappé para o Real Madrid e buscava um novo líder técnico: Dembelé era a grande aposta.
Nas últimas partidas, ele não tem mesmo pedido licença para marcar — pelo contrário, tem entrado com o pé na porta. Recentemente, ele deixou de ser escalado na ponta para ganhar uma vaga como centroavante no ataque do PSG.
Nem Mbappé, nem Kane, nem Vini Jr., nem Lewandowski. O sinônimo de gol de 2025 é Ousmane Dembelé.
Reportagem
Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.