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OpiniãoEsporte

Santos x Corinthians é um clássico de rivalidade que sempre me marcou

Nessa quarta-feira tem um grande clássico que possui uma história riquíssima de tabus longos dos dois lados e que sempre foi, para mim, um jogo especial para assistir e, depois, para jogar também.

Cresci ouvindo todos falarem de Corinthians de Rivellino x Santos de Pelé. Era difícil para mim entender a dimensão de tudo isso quando era muito pequeno.

Mas, com o tempo, comecei a entender melhor, principalmente depois da quebra do tabu em 1968, com uma vitória por 2 a 0, gols de Paulo Borges e Flávio, que eram meus ídolos do Corinthians.

Assisti a vários desses clássicos, como em 1971, num Pacaembu lotado e cheio de água por causa das chuvas, quando empataram por 1 a 1, com gols de Pelé e Rivellino.

Assisti, no mesmo Pacaembu, a uma vitória por 1 a 0, com gol de Rivellino em 1973, e um 2 a 2 fantástico em 1977, com gols de Bianchi e Ailton Lira (Santos) e Romeu e Adãozinho (Corinthians).

Mas vou contar a história dos meus dois primeiros confrontos contra o Santos como profissional, todos em 1982.

No primeiro turno, estávamos criando corpo e já havíamos goleado o Palmeiras por 5 a 1 e caminhávamos para o título do 1º turno, quando veio o clássico contra o Santos.

O nosso time era melhor e estava jogando muito, mas em jogos desse tamanho pouco importa quem está melhor, pois os times sempre se superam.

Foi um jogo equilibrado na maior parte do tempo, mas nós estávamos muito bem na partida e o Santos apostando na marcação dura e muitas vezes violenta.

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Tínhamos um modo de jogar diferente para a época, que era de ninguém ter uma posição fixa, e isso confundia a defesa adversária.

Uma bola nas mãos do Sollito que ele jogou para mim, aberto na lateral-direita; de primeira, passei para o Zenon, que deu velocidade na jogada, carregou um pouco a bola e devolveu para mim, aberto na direita.

Dominei e vi o Biro-Biro na área, junto com o Zenon entrando, e fiz o passe nos pés do Biro, que dominou rápido e bateu rasteiro.

Depois disso, nosso domínio foi total e vencemos por 1 a 0, e pouco depois vencemos também o São Paulo (2 x 0) e ganhamos o título do 1º turno.

Já no 2º turno, em um jogo tão difícil quanto o outro, mas com o nosso time já com uma forte personalidade de equipe e confiante, fizemos, na minha opinião, o gol que mais representou aquele título.

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Uma jogada totalmente coletiva, com pressão na saída de bola, que a própria narração e os comentários do jornalista Alberto Helena Jr. deixam claro como foi linda a jogada.

Nós já fazíamos pressão na saída de bola na defesa adversária em 1982, só que deixávamos tocar até chegar ao meio-campo e, de repente, partíamos para cima forçando o erro e partíamos em contra-ataque.

Foi isso que aconteceu. Roubei a bola do ótimo zagueiro Joãozinho, parti em velocidade pela esquerda, carregando a bola e olhando a movimentação de todos.

Vi o Zenon entrando um pouco mais centralizado à frente e o Sócrates chegando pelo meu lado, mas um pouco mais atrás.

Entre nós três, só estava o quarto zagueiro, Toninho Carlos, e foi aí que fizemos a jogada que eu amo ver.

Toquei por cima do Toninho Carlos para o Zenon. Quando ele se virou, o Zenon, de primeira, tocou para o Magrão, que matou no peito e deu um tapa na saída do goleiro Marolla.

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Foi um golaço por toda jogada que realizamos de forma coletiva, sem ninguém querer o mérito, mas escolhemos o melhor posicionado para marcar, como diz o narrador.

Vencemos por 1 a 0 um jogo muito mais difícil que o do 1º turno, porque o Santos havia contratado muito bem, começando a montar o time que seria vice-campeão brasileiro em 1983 e campeão paulista em 1984.

Depois, joguei várias vezes um Corinthians x Santos, fazendo gols decisivos, mas esses dois jogos eu guardo com mais carinho na minha memória.

Esse jogo de hoje pelo Campeonato Brasileiro na Vila Belmiro é imprescindível para o Santos, porque é o primeiro time fora do Z4, mas só com três pontos à frente do Vitória.

Uma derrota pode significar entrar na zona de rebaixamento na rodada seguinte, e aí a cobrança e a pressão serão pesadas, e a dificuldade aumenta.

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Para o Corinthians, a vitória também é muito importante, mas um empate seria um ótimo resultado, já que está com oito pontos à frente do Vitória e ainda tem margens de erro.

A Vila estará lotada, pulsando, fervendo e tem tudo para ser um jogo intenso e muito disputado. Torço para que a rivalidade fique só no futebol mesmo.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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