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'Depois da Caçada' te leva a refletir sobre os julgamentos virtuais

Outro filme muito interessante que vi neste final de semana, no cinema, foi um drama de suspense psicológico, com uma trama bem complexa e muito interessante:

"Depois da Caçada", com Júlia Roberts (Alma Olsson) como centro dessa trama, sendo uma professora universitária de filosofia que ensina um conceito do filósofo francês Michel Foucault de uma forma complicada para os dias de hoje, onde reinam o cancelamento e os julgamentos.

Júlia Roberts (Alma) explode em fúria ao aplicar a prática nos dias atuais.

Na era das redes sociais, a vigilância constante foi acentuada, dando um poder desmedido ao tribunal on-line, palco perfeito para a perigosa cultura do cancelamento.

Dirigido pelo italiano Luca Guadagnino, de filmes como "Rivais" e "Me Chame pelo Seu Nome", com roteiro assinado pela atriz americana Nora Garret.

A história se passa no curso de filosofia da renomada Universidade de Yale.

O embate intelectual entre gerações é evidente entre os professores, principalmente por Alma (Júlia Roberts) e Hank (Andrew Garfield), com a aluna Maggie (Ayo Edebiri).

A aproximação e a intimidade terminam com uma acusação de estupro por parte da aluna Maggie contra o professor Hank.

Alma fica dividida em quem acreditar, pela dificuldade de entender a realidade diante dos julgamentos cruéis e premeditados da internet.

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Quando o caso ganha dimensões gigantescas, para além dos muros da universidade, e novas camadas e informações se revelam, a professora Alma tenta se desvencilhar dos dois, mas já está com a lama no pescoço.

O filme se prende dentro dessa acusação e dos comportamentos de professores e alunos em relação às investigações internas e à repercussão que alcança.

É um filme ítalo-americano em que se precisa prestar muita atenção nos diálogos para não perder o fio da meada, porque existem diversas discussões paralelas.

É um filme pensante, que discute o mundo do julgamento e das decisões que acontecem nas redes sociais.

Certos ou errados, pouco importa para quem se acha no direito de julgar através da internet.

Gostei muito do filme, mas não é fácil nem confortável assisti-lo.

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Recomendo exatamente por nos fazer pensar em qual mundo vivemos — repletos de acusações, julgamentos e condenações sem profundo conhecimento, movidos apenas pela necessidade de expor as pessoas virtualmente.

Tem um personagem também importante na trama, mas não diretamente, que é o marido da professora Alma Olsson, o psiquiatra Frederick Olsson, interpretado por Michael Stuhlbarg, com quem ela tem uma relação ambígua de sentimentos e respeito.

Interpretações ótimas.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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