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Brasil começa a ter cara de equipe ao apresentar futebol coletivo

Não vou me prender à goleada por 5 a 0 sobre a Coreia do Sul porque o adversário é bem mais fraco que a seleção brasileira, mas vou destacar o que, para mim, começa a aparecer como objetivo de Carlo Ancelotti.

Ele já falou diversas vezes nas entrevistas, e continuará falando, que a sua seleção brasileira jogará coletivamente e que só serão convocados jogadores com esse espírito.

Na última entrevista, ele ainda foi um pouco além: "Não quero jogadores que vão à Copa do Mundo querendo ser o melhor do mundo, mas quero quem quer ser campeão mundial."

Todos já sabem o que é preciso para ser convocado por ele.

E, nessa vitória tranquila isso começou a ficar evidente, com um time bem organizado taticamente, com liberdade de movimentação e com força coletiva.

O time joga se ajudando: todos têm suas funções, mas também são livres para criar, driblar e fazerem suas jogadas individuais.

Rodrygo voltou muito bem depois de um tempo ausente e mostrou, não só pelos dois gols, que é uma peça importante dentro desse grupo. Sem contar que Ancelotti o conhece profundamente e sabe todas as formas que pode usá-lo.

É bom ver novamente uma equipe brasileira jogando segura, leve e com criatividade.

O lado direito do ataque é o setor mais agressivo e talentoso que temos, com Estevão ou Luiz Henrique. E, quem sabe, em algum momento, os dois juntos.

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O jogador do Chelsea está cada vez mais seguro, principalmente pelo amadurecimento e pela experiência que vem ganhando jogando um campeonato difícil como a Premier League.

Começou a decidir jogos importantes, como foi na última rodada contra o Liverpool, e isso vai dando cada vez mais confiança a ele e mais potência técnica para a seleção brasileira.

Ainda é um time em formação e em busca de uma personalidade de equipe, que, para uma Copa do Mundo, é um dos fatores mais importantes para quem sonha com o possível título.

Nesse momento, a seleção brasileira está atrás de França, Argentina e Espanha na questão técnica, de confiança e personalidade, porque essas seleções estão com um time praticamente pronto e com o mesmo modo de jogo há um bom tempo — e o Brasil ainda está em busca de tudo isso.

Jogaremos na terça-feira (14) contra a seleção japonesa, e em novembro contra duas seleções africanas, mas, para 2026, precisa fazer amistosos contra equipes europeias de ponta para termos um termômetro de cada momento.

Carlo Ancelotti pegou a seleção sem confiança, internamente sem moral, sem respeito dos adversários e totalmente sem identificação com o torcedor brasileiro.

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Além de formar uma equipe competitiva, precisava resgatar essa identificação, e vejo que isso já está acontecendo independentemente dos resultados dos jogos, mas pela mudança de comportamento e de postura dos jogadores quando estão vestindo a camisa da seleção brasileira.

Estão mais focados e centrados, e isso se vê na menor exposição fora do contexto do futebol.

As entrevistas são melhores, o comportamento é mais adulto e o espírito é muito mais coletivo que anteriormente.

Todos os bons jogadores brasileiros ainda possuem chances de convocação — basta estarem jogando com intensidade e agressividade, mas principalmente com espírito coletivo; senão, ficarão fora, e isso o treinador já deixou claro.

Por enquanto, vejo tudo melhorando aos poucos e gosto do que estou vendo, respeitando o momento que atravessamos, que ainda é bem atrasado em relação à grande maioria das principais seleções do mundo.

A cada data Fifa é preciso haver evolução no jogo e na personalidade de equipe, e isso, sim, está acontecendo.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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