As torcidas dos nossos clubes estão encantando o mundo com músicas e cores
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Além dos elogios dos europeus aos nossos times que estão no Super Mundial, também estão abismados com as torcidas dos clubes brasileiros. Treinadores como Pep Guardiola, por exemplo, chamam a atenção para quem desconhecia o potencial do futebol brasileiro. O centroavante inglês do Bayern de Munique, Harry Kane, está encantado com a festa, o comportamento de apoio e a vibração das torcidas do Flamengo, Botafogo, Fluminense e Palmeiras nos estádios.
Isso é muito intrigante e vale a pena discutir esse fenômeno em comparação com a torcida da seleção brasileira. Para começar, os torcedores dos clubes atualmente amam muito seus times, como sempre amaram, mas não dividem o mesmo sentimento pela seleção do Brasil. Existem diversos motivos para isso; um deles é a tremenda falta de identificação com a seleção e a enorme identificação com os clubes.
Outra questão é que a torcida dos clubes torce com uma paixão natural e espontânea, enquanto para a seleção é bem forçado. Por que esses mesmos jogadores europeus não se entusiasmam com a torcida brasileira em Copas, mas se derretem para a torcida argentina? A paixão do torcedor argentino pelo seu clube e pela sua seleção é enorme e a mesma. Eles nunca perderam a identificação com seus jogadores, mesmo naquele longo período sem títulos.
E olha que os principais jogadores argentinos também jogam na Europa e vão bem jovens, como os nossos. Mas o mais importante dessa diferença é que os torcedores da Argentina, em Copas do Mundo, são os mesmos torcedores que vão ao estádio torcer por seus clubes. A torcida brasileira de Copa é formada por uma grande maioria de torcedores que só se organizam para ir à Copa todos juntos, com um uniforme próprio e com vibrações e musiquinhas forçadas e bem sem graça.
Os argentinos, com a camisa da sua seleção e a de seus clubes, cantam músicas que eles cantam nos seus estádios quando seus clubes estão jogando. Bom, não estou achando nada estranho, pois faço Copas do Mundo desde a França, em 1998, e fui vendo as mudanças de torcedores brasileiros com o passar do tempo. Mas lá no Catar, em 2022, que fui para escrever e não para comentar na cabine, ficou muito mais claro para mim essa diferença, que inclusive escrevi sobre isso na Folha e no UOL durante aquela Copa.

Mas, nesse Super Mundial de Clubes, estamos mostrando ao mundo a verdadeira torcida brasileira, e os europeus estão ficando de "queixo caído" com o número de presentes, juntando aqueles que foram daqui com os imigrantes brasileiros que moram nos Estados Unidos. A torcida palmeirense lotou sua parte do estádio, deixando-o com suas cores verde e branco. A do Fluminense coloriu com suas três cores, dando um ar psicodélico com as misturas de verde, vermelho e branco. A torcida do glorioso Botafogo deixou os franceses babando de inveja com toda a sua festa e apoio para seu time, levando para dentro do estádio o branco e preto do atual campeão da América do Sul.
E, por fim, a torcida rubro-negra, que é a maior do Brasil, fez no jogo contra os ingleses do Chelsea o estádio Lincoln Financial Field se tornar o seu Maracanã, fazendo os Blues jogarem fora de casa. A falta de conhecimento dos europeus sobre nosso futebol não se dá só dentro do campo, mas também pelas arquibancadas. Porque, se seguissem pelo menos um pouco o nosso futebol, não iriam se surpreender com as nossas torcidas.
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