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OpiniãoEsporte

Problema da seleção brasileira é geracional, não só o treinador

Nosso futebol teve sua última geração de craques consagrados na Copa da Alemanha. Se tivessem levado aquela competição a sério, poderíamos ter sido hexacampeões em 2006.

Hoje temos bons jogadores que atuam bem em seus clubes, mas que não têm a mínima identificação com o torcedor brasileiro, muito menos o talento acima da média que já tivemos um dia. Não temos meias criativos, laterais que atacam e recompõem como Cafu, Roberto Carlos, Jorginho ou Branco, por exemplo. Nossa zaga é comum, e não é porque o Marquinhos foi campeão da Champions que ele virou um Roque Júnior ou um Lúcio.

Falta peso ofensivo, tanto pelas pontas quanto na posição de centroavante. Gosto muito de Pedro, de Kaio Jorge, de Endrick, mas será que mudaria muita coisa sem jogadores criativos no meio-campo? Não sei. Mas, tecnicamente, esses três são muito superiores ao Richarlison.

Nossa seleção é inferior em todos os sentidos a Argentina, Espanha, França e Portugal. E, no cenário atual, sofreria para ganhar de seleções africanas mais estruturadas. Esta é a primeira vez nas Eliminatórias que o Brasil não consegue vencer a Venezuela nem uma vez sequer.

A realidade é que temos um time comum, sem brilho, sem craques, sem identidade. Ainda assim, pode jogar muito melhor do que vem jogando. Acredito que, com tempo, Carlo Ancelotti conseguirá montar uma equipe competitiva. Mas não somos favoritos para vencer a próxima Copa do Mundo — como, aliás, não somos desde 2010, na África do Sul.

A cada ciclo é a mesma ladainha da "pachecada": "Somos os melhores", "ninguém joga como a gente", "todos temem a Amarelinha" e por aí vai. Mas, sejamos honestos, nem torcida de verdade temos na Copa. O que se vê é uma turma de pessoas que não sabem torcer no futebol, vestidos de verde e amarelo, cantando musiquinhas de programa de auditório com bandeirinhas balançando e todo mundo uniformizado.

E pensar que em 1970 dois jovens torcedores, Ivan Charoux e Fael Sawaya, foram de Fusca aqui de São Paulo até o México para acompanhar aquela maravilhosa seleção de 70 com Pelé e tudo mais por serem apaixonados por futebol.

Inclusive existe um documentário chamado "Filhos da Pista" que conta essa história incrível e vale muito a pena assistir.

A Argentina, além de ter um time melhor, tem torcedores de verdade. Com ou sem camisa, eles gritam, cantam músicas que emocionam até os adversários. Enquanto isso, a nossa torcida parece uma fanfarra.

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Enfim, tudo no futebol brasileiro mudou. Dos jogadores aos torcedores.

Brasil, nã, nã, nã. Brasil, nã, nã, nã.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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