Sem autonomia e poder será difícil alguém treinar Corinthians e Santos
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Qual o motivo real para que os treinadores estejam negando ir trabalhar no Corinthians e no Santos? Será que os motivos das negativas são parecidos?
Bom, existem algumas coincidências entre esses dois grandes clubes brasileiros que assustam qualquer um, menos os próprios torcedores. Dívidas gigantescas, falta de organização administrativa e incoerência nas decisões são coincidências que não atraem nenhum profissional sério que procura um trabalho com um projeto e uma linha coerente.
Ter no elenco um jogador que mancar mais a direção do clube, que tem enormes privilégios mesmo sendo de alta técnica, não atrai mais ninguém, porque os treinadores querem um grupo de jogadores que se entreguem totalmente ao futebol, com foco total, mas principalmente ao futebol coletivo.
No caso do Santos, um grande problema é a presença do Neymar, que prefere ser mais celebridade do que jogador de futebol, e que tem poderes dentro do clube que fazem até a própria direção manda baixar a orelha e obedecer. A forte influência que o pai do Neymar adquiriu nesse retorno ao Santos também atrapalha, já que claramente não foi por amor ao clube.
Lá no Corinthians, há algo parecido chamado Memphis Depay, que, com tantos itens absurdos em seu contrato, se torna muito mais poderoso que qualquer outra pessoa dentro do clube. Exigir a camisa 10 e ganhar 95% do prêmio do título paulista não atraem nenhum treinador, mas o pior foi a entrevista em que ele praticamente demitiu Ramon Dias e sua comissão técnica, além de ter feito críticas ao elenco. Essas coisas nenhum treinador admite.
A crise financeira e a falta de estabilidade de trabalho também são fortes motivos para que os treinadores prefiram esperar um convite de outro clube. Santos e Corinthians, no passado, eram clubes que todos os treinadores aceitavam o convite na hora, mesmo que o plano do treinador fosse ficar um tempo sem trabalhar; ele atendia o chamado desses clubes, mas agora ignoram e fogem desses problemas.
Dorival Júnior, Tite e Luís Castro foram treinadores que disseram não ao Santos. Dorival Júnior e Tite também disseram não ao Corinthians. São dois clubes que não dão suporte profissional a nenhum treinador, e eles se sentem ameaçados a cada resultado negativo. Mesmo sabendo que, se forem demitidos, receberão uma multa contratual altíssima, eles preferem não passar por esse estresse.
Pois bem, no mercado brasileiro, nesse momento, só tem o Fernando Diniz livre, que é um treinador que precisa pegar o elenco na pré-temporada para trabalhar do jeito que gosta que seus times joguem. Seus últimos trabalhos foram péssimos de verdade, mas é um treinador que tenta deixar seu time mais técnico. Porém, somente no Fluminense teve resultados de conquista e desempenho.
Mas li uma matéria que até o Fernando Diniz não está entusiasmado com os possíveis convites de Santos e Corinthians. Esse é o preço que pagam clubes desorganizados e que vivem em um modo arcaico de funcionamento do futebol. Nenhum dos grandes times brasileiros tem em seu elenco um jogador mais poderoso que a direção e o treinador, só Corinthians e Santos.
Peguem como exemplo Palmeiras, Flamengo, Fluminense, Internacional e Atlético-MG, que, independentemente da colocação no campeonato, seus treinadores têm autonomia de trabalho. O próprio Cruzeiro, que teve contratações absurdas feitas por Alexandre Mattos, como Gabriel e Dudu, que estavam indo muito mal com eles em campo, conseguiu dar uma melhorada depois que Leonardo Jardim teve coragem para tirar os dois do time.
Enfim, quem aceitará treinar Santos e Corinthians sabendo que não terão total poder de decisão?
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