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OpiniãoEsporte

Em 1983, Corinthians x Palmeiras foi uma semifinal inusitada e incrível

Neste domingo ocorre o primeiro jogo da final do Paulistão, entre Corinthians e Palmeiras, às 18h30 (de Brasília), no Allianz Parque.

Desde 2020, esses times não decidem um título, porque o Corinthians não vem chegando e nem disputando o Campeonato Brasileiro para ser campeão.

A maior rivalidade do estado já decidiu sete finais do Paulista, com final prevista em regulamento — segundo dados oficiais da Federação Paulista de Futebol. O Palmeiras venceu quatro vezes (1936, 1974, 1993 e 2020). Já o Corinthians levou a taça em três ocasiões (1995, 1999 e 2018).

Esse jogo me faz viajar no tempo de duas torcidas no estádio e as finais no Morumbi para mais de 90 mil pessoas com uma mistura de cores preto e branco com verde e branco.

Muitas bandeiras e rojões. Grandes jogos e com craques dos dois lados. Eu nunca disputei uma final contra o Palmeiras, mas uma semifinal incrível e muito difícil em 1983.

Num domingo, 4 de dezembro de 1983, fizemos o primeiro jogo dessa semifinal no Morumbi para mais de 91 mil torcedores. O jogo foi encardido, porque o Palmeiras não chegava à final desde 1976 e conseguiu fazer naquele ano uma boa equipe. O forte era o posicionamento tático do time, pois era muito bem treinado por um dos grandes treinadores da história do futebol brasileiro, o saudoso Rubens Minelli.

O "Artilheiro de Deus", Baltazar, fez 1 a 0 para o Palmeiras, no primeiro tempo, e o Morumbi explodiu. Nós só empatamos no final do jogo, com um gol do Sócrates, de pênalti.

Naquele domingo, os times jogaram assim:

PALMEIRAS: João Marcos; Silmar, Luís Pereira, Vágner Bacharel, Carlão, Rocha, Carlos Alberto Borges (Aragonés), Márcio, Jorginho, Baltazar e Capitão (Carlos Henrique). Técnico: Rubens Minelli

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CORINTHIANS: Leão; Ronaldo (Alfinete), Mauro, Juninho, Wladimir, Biro-Biro, Sócrates, Zenon (Paulinho), Ataliba, Casagrande e Eduardo Amorim. Técnico: Jorge Vieira

A segunda partida ocorreu na quarta-feira (8), diante de mais de 95 mil pessoas, novamente no Morumbi. A vaga estava muito aberta, com muito equilíbrio.

O nosso time era tecnicamente bem melhor, mas o Palmeiras igualava o confronto na parte tática. Jogavam com dois volantes, com marcação individual e dificultavam o nosso toque de bola.

Vencemos o segundo jogo por 1 a 0, com um gol genial do Sócrates. Mas sofremos muito nos primeiros 20 minutos, pois o Leão pegou tudo e mais um pouco. Nós chegamos em cima da hora porque pegamos um trânsito imenso e a nossa reunião para esse jogo tinha sido muito tensa.

O nosso ônibus ficou preso no trânsito e não tinha como sair, cerca de uns 300 metros do portão do estádio. A gente se trocou dentro do próprio ônibus e descemos a pé. Estávamos no meio dos torcedores calçando as chuteira. Fomos direto para o campo sem aquecimento.

Foi uma experiência incrível e inimaginável nos tempos de hoje. Fomos andando para o Morumbi no meio da torcida palmeirense e não teve nenhuma hostilidade, muito pelo contrário. Eles falavam assim. "Queremos ganhar, mas admiramos demais a democracia corintiana."

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Outros tempos. Nesse jogo, o esquema do Corinthians mudou porque o Sr. Jorge Vieira reforçou o meio-campo.

CORINTHIANS: Leão; Ronaldo (Alfinete), Mauro, Juninho, Wladimir, Biro-Biro, Sócrates, Zenon, Paulinho, Casagrande e Eduardo Amorim (Wágner). Técnico: Jorge Vieira

PALMEIRAS: João Marcos; Perivaldo, Luís Pereira, Vágner Bacharel, Carlão, Rocha, Carlos Alberto Borges, Márcio (Enéas), Jorginho, Baltazar e Capitão (Carlos Henrique). Técnico: Rubens Minelli

Nesse jogo, o Sr. Minelli fez marcação individual para evitar a nossa aproximação, que era o nosso forte. Márcio pegou o Magrão, Vagner ficou em mim e Rocha no Zenon. Foi assim o jogo todo. No único momento de vacilo do Márcio, o Magrão inventou uma jogada genial e bateu cruzado. Vencemos por 1 a 0 e fomos em busca do bicampeonato.

O Palmeiras daquela época sofria com o mal que o Corinthians sofreu por 23 anos, que era de mudar a equipe todos os anos porque não vencia. E assim fez para 1984, mas só foi quebrar esse tabu em 1993, justamente em cima do Corinthians.

Tenho uma expectativa de que, agora em 2025, aconteçam dois jogos bem disputados. Porém, vejo um favoritismo do Palmeiras no jogo de hoje. Não só por ter um time melhor, mas também joga em casa e está muito motivado para ser o primeiro tetracampeão do futebol paulista na era profissional. O Palmeiras precisa fazer um grande resultado no Allianz, porque na Neo Química o Corinthians é muito forte.

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Uma pena que hoje em dia só pode entrar a torcida da casa e as arenas não passam de 50 mil, porque Corinthians x Palmeiras é jogo para mais de 95 mil.

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • Diferente do informado anteriormente, o jogo de ida da final do Paulistão 2025 será no Allianz Parque. O texto foi alterado e o erro corrigido.

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