Casagrande

Casagrande

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
OpiniãoEsporte

Leila Perreira usa etarismo e arrogância para defender gramado sintético

Depois de uma reunião entre os presidentes dos clubes, a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, deu uma das piores entrevistas que ela já deu desde que entrou no futebol.

Ela se manifestou de forma preconceituosa, arrogante e debochada para defender seus interesses no caso da grama artificial. Passou o limite do respeito e escorregou com uma fala muito desrespeitosa em relação aos jogadores que se manifestaram contra o gramado sintético.

"Normalmente os atletas que reclamam são os mais velhos, eu até compreendo que eles queiram prolongar ainda mais a vida profissional deles, então eles acham que isso pode encurtar a vida útil deles como atleta. Mas normalmente são atletas que deveriam ter parado de jogar futebol ao invés de ficar reclamando do gramado"

Bom, senhora Leila, quem irá decidir o momento dos jogadores pararem de jogar são eles mesmos e não um dirigente.

Para começar, todos os jogadores têm o direito de se manifestar e expor a opinião sobre o que é melhor para o futebol. Afinal de contas, os artistas da bola são os jogadores, apesar de muitos dirigentes, como a Leila Pereira, acharem que são eles quem jogam.

Os jogadores que reclamaram da grama artificial não citaram nome de ninguém e nem de nenhum clube, e sim demonstraram a preferência em jogar na grama natural. Nenhum jogador falou que se machucam mais na grama artificial, mas alegaram, com toda razão, que o jogo muda e que são modalidades diferentes. E são mesmo.

Apesar de ser autorizado pela Fifa, ficam algumas perguntas no ar. Se a Fifa autoriza, por que em nenhuma Copa do Mundo se joga em grama artificial mesmo em países que possuem campos assim? Por que as melhores ligas da Europa e o principal torneiro de clubes do mundo, a Champions League, não têm grama artificial?

A resposta é simples: porque a modalidade de futebol de campo sempre foi jogada em campo de grama.

Vamos pensar num ginásio com uma quadra oficial de futsal. Se você trocar o piso de qualquer material que se usa nessa modalidade para a grama, o futsal continuaria a mesma coisa? Não! Se colocarem areia, vira futebol de areia. Se colocarem grama natural ou artificial, vira futebol society de cinco.

Continua após a publicidade

Nunca na história uma seleção foi campeã mundial, europeia, sul-americana em cima de grama artificial. Portanto, eles reivindicam o que sempre foi e mais nada.

E a reclamação deles não significa que eles irão se recusar a jogar no sintético porque nem cogitaram isso. Só expressaram o descontentamento.

Agora a fala da Leila Pereira foi péssima em todos os sentidos. Presidentes dos clubes, vocês deveriam se limitar a discutir as competições, os regulamentos, o calendário.

Discutir gramado, bola, chuteiras, enfim, tudo o que diz respeito à prática do futebol, isso quem conhece são os jogadores e as comissões técnicas dos times

Como pode na mesma semana a mesma presidente de um clube gigante com o Palmeiras toma uma atitude incrível contra o racismo e logo depois comete etarismo? A discussão sobre a grama artificial ou natural é muito válida e importante, mas não se chegará a nenhum lugar com deboche, arrogância e preconceito.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.