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Fim do gramado sintético: Como ex-jogador acho justo o protesto dos atletas

Os jogadores brasileiros estão começando uma manifestação coletiva contra os gramados sintéticos espalhados pelo país, principalmente em São Paulo.

Sempre defendi que os jogadores deveriam participar mais diretamente na organização do futebol, afinal de contas, quem irá jogar são eles e não cartolas engravatados que vivem dentro de salas com ar-condicionado, decidindo regulamentos, calendário, horários de jogos e em qual piso os jogadores irão atuar.

Todo ano, em pleno verão, marcam jogos para as 11h da manhã, com temperaturas absurdas, sem terem o mínimo interesse em saber se isso prejudicará ou não os jogadores. Além disso, esses dirigentes não vão ao estádio, ficando confortavelmente em seus sofás.

Outras vezes, como está acontecendo agora, fazem os times jogarem a cada dois dias, desrespeitando a própria regra que veta partidas seguidas sem tempo hábil para os atletas se recuperarem.

Acho que agora os jogadores estão entendendo o poder que possuem quando se unem, mas isso não deve ser apenas contra a grama sintética; deve ir muito além.

Deveriam também se manifestar contra a violência das torcidas, contra a homofobia e o racismo no futebol. Inclusive saindo de campo quando algum companheiro de profissão, seja do próprio time ou do adversário, sofra alguma injúria racial.

Por exemplo, deveriam exigir gramados seguros que ofereçam condições mínimas de segurança para se jogar futebol. Para os jogadores, a grama sintética coloca a integridade física em risco, e concordo plenamente com eles. No entanto, campos esburacados também são extremamente perigosos.

Mas tenho uma pergunta: por que só agora? Precisavam de alguém que não teria preocupações com represálias da CBF, dos clubes e dos cartolas, como o Neymar?

Pelo que li, ele está puxando essa fila contra a grama sintética, mas esse problema já existe há um bom tempo e nenhum desses jogadores teve a iniciativa de levantar essa questão antes.

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Já que estão se organizando para reivindicar o fim da grama sintética, deveriam meter o pé na porta da CBF e participar da organização do nosso futebol. Claro que deve ser feita uma comissão de jogadores para que eles participem das discussões sobre a organização do futebol brasileiro.

Sou um ex-jogador, e estou junto com Neymar, Lucas, Memphis, Gabriel Barbosa e tantos outros nessa luta.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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