Lusa x Corinthians me faz lembrar do genial capita Carlos Alberto Torres
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Nesse sábado (15) tem um jogo especial, pelo menos para mim, que cresci vendo grandes partidas e também joguei contra grandes times da Associação Portuguesa de Desportos. Corinthians x Portuguesa sempre foram, historicamente, clássicos super disputados e difíceis, tanto no Canindé, como no antigo e legítimo Pacaembu, e também no Morumbi.
A primeira vez que assisti a esse clássico foi em 15 de agosto de 1973, no Estádio Cícero Pompeu de Toledo (Morumbi), no mesmo ano do último título paulista da Lusa, dividido com o Santos de Pelé. Foi numa quarta-feira, e o Corinthians perdeu por 2 a 0 para um time muito forte da Portuguesa, inclusive melhor que o do Corinthians.
Meu pai me levou porque eu era, e continuo sendo, muito fã do Rivellino e do Roberto Miranda. Além disso, a Portuguesa tinha um garoto genial chamado Enéas, que estava encantando todo mundo. Bom, a Portuguesa deitou e rolou em cima do Corinthians, tanto que no primeiro gol, ainda no primeiro tempo, o camisa 8 Enéas deu um lençol no goleiro Sidnei e só não entrou com bola e tudo porque teve humildade, e também porque o Zé Maria deu um carrinho em cima da linha que quase rachou o atacante no meio (hoje tomaria o vermelho no ato).
No segundo tempo, num contra-ataque fatal, o centroavante Luizinho bateu forte e matou o jogo. Por questão histórica, vamos às escalações:
Corinthians: Sidney, Zé Maria; Laercio, Luís Carlos e Wladimir, Tião e Rivellino (na época jogavam só dois no meio-campo) Ivan, Roberto Miranda (Lance), Vaguinho e Marco Antonio (Mirandinha). O técnico era o ditador e muitas vezes violento, mas histórico, Yustrich.
Portuguesa: Zecão; Cardoso, Pescuma, Calegari e Isidoro; Badeco e Basílio (pé de anjo); Xaxá, Enéas (Tatá), Cabinho (Luisinho), Wilsinho. Time treinado pelo ótimo técnico luso-brasileiro Oto Glória, que também fez muito sucesso na Europa.
Eu nem imaginava, naquele momento, com 10 anos, que 12 anos depois eu estaria em campo enfrentando a Portuguesa pelo profissional do Corinthians, depois de ter jogado muitas vezes contra no juvenil. Foram tantos confrontos importantes e difíceis, mas vou falar sobre um deles que guardo com muito carinho.
Foi em 24 de fevereiro de 1985, o ano em que o Corinthians formou um timaço que não deu certo e foi um fiasco, apesar de todos acharem que éramos favoritos para vencermos o Paulista e o Brasileiro, o que não aconteceu. Era início do Brasileiro, num domingo à tarde chuvoso, no Estádio Paulo Machado de Carvalho (Pacaembu), com a Portuguesa tendo uma equipe fortíssima, e foi um dos jogos que ganhamos com dois golaços.

No primeiro tempo, o Serginho Chulapa fez de cabeça, deslocando completamente o goleiro Éverton. Já no segundo tempo, depois de uma belíssima tabela entre eu e o Biro-Biro, desde o meio-campo, invadi a área e bati forte com o pé esquerdo, fechando o resultado.
O Corinthians era treinado pelo capitão do tricampeonato do México em 1970, Carlos Alberto Torres, que foi um dos grandes orgulhos da minha vida. Idolatro todos os jogadores de 1970 e fiquei superemocionado em ter o "capitão" me treinando todo dia. Confesso que nunca achei normal, porque eu ficava olhando e admirando tudo o que ele fazia e falava; foi o máximo!
Ele escalou o time assim: Carlos; Édson, Juninho, De Leon e Wladimir; Dunga (Eduardo), Casagrande, Zenon e Biro-Biro; Serginho e João Paulo. Técnico: Carlos Alberto Torres (Capita).
Já a Portuguesa, que seria vice-campeã paulista, jogou assim: Éverton Alves, Luis Pereira, Marajó e Albéris; Jorge Luís, Toninho, Edu Marangon e Esquerdinha, Luís Muller e Mirandinha. Técnico: Norberto Lopes.
Mas esse clássico de hoje em dia é bem diferente, porque o Corinthians, apesar de ter uma dívida bilionária, formou uma grande equipe, sendo o favorito para vencer o campeonato paulista. Já está classificado e perto de ficar com a melhor campanha geral do campeonato, podendo decidir todas em casa até a final, o que é uma grande vantagem.
Enquanto a Lusa está num momento de transição, depois de anos correndo risco até de extinção, virando uma SAF que parece que, em alguns anos, ela voltará para o cenário principal do nosso futebol. Neste momento, está na série D do campeonato brasileiro, mas começou uma reforma no seu estádio do Canindé e no seu belíssimo clube social.
Estou torcendo muito para que, em breve, a Portuguesa volte a bater de frente com os grandes times do Brasil. Porém, no campeonato paulista, joga com possibilidade de classificação no seu grupo, já que está num grupo em que todos estão colados e com chances de passar para o mata-mata.
Enfim, será legal esse jogo, que tem muita história, acontecer novamente no Pacaembu (Arena Mercado Livre Pacaembu) depois de muitos anos.
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