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Corinthians e Portuguesa disputam quem vai continuar no sufoco

Hoje, às 16h00, na Neo Química Arena, acontecerá o jogo dos desesperados. Para mim, sempre será um clássico Corinthians x Portuguesa, porque assisti e joguei muitos jogos como esse, só que em situações completamente opostas.

Claro que venho de uma geração em que a Lusa disputava títulos e tinha timaços. A primeira vez que fui assistir esse clássico foi numa tarde de domingo no Pacaembu, com mais de 30 mil pessoas. Foi nessa partida que o saudoso Sicupira fez sua estreia no Corinthians, vindo por empréstimo junto ao Athletico Paranaense, graças às manobras estratégicas do histórico Vicente Matheus.

Foi um jogaço. Para o Corinthians, gols do grande craque do time Rivellino e do estreante Sicupira. Tudo dava a entender que seria uma goleada. Mas tudo começou a mudar no início do segundo tempo, quando a Lusa chegou ao empate em 11 minutos com dois gols do cara que faria o gol da quebra de tabu depois de 23 anos na fila sem título do timão em 1977. Sim, o verdadeiro "Pé de Anjo" Basílio colocou a Portuguesa de volta no jogo.

Me lembro muito bem, porque meu pai já tinha me contado a história dos grandes times que a Lusa teve e dos jogadores que saíram de lá para os outros grandes da capital. Zé Maria, Ditão, Ivair e, posteriormente, Basílio para o Corinthians; Edu Bala e Leivinha para o Palmeiras; além do saudoso zagueiro Marinho Peres, que foi jogar ao lado de Pelé no Santos, entre outros.

Quando tudo parecia que seria um empate, o grande cara do jogo foi lá e aos 38 minutos do segundo tempo e fez o gol da vitória do Corinthians. Estou falando de Roberto Rivellino, que foi considerado o melhor jogador daquela partida.

Olhem os times:

Portuguesa: Miguel, Deodoro, Darcio (Didi), Calegari, Isidoro, Guaraci, Dicá, Basílio (João Marques), Enéas, Wilsinho. Técnico: Cilinho.

Já o Corinthians, do técnico Duque, foi a campo assim: Ado, Zé Maria, Baldochi, Luís Carlos, Miranda, Tião, Rivellino, Vaguinho, Sicupira, Mirandinha (Lance), Marco Antônio.

Eram dois times fortes, mas que naquele momento não eram páreo para Palmeiras, São Paulo e Santos, que no ano seguinte (1973) dividiria o título paulista com a própria Lusa, por erro de contagem nos pênaltis pelo árbitro Armando Marques, mas essa história contarei em outra oportunidade.

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Na época que joguei no Corinthians, a Portuguesa também formava grandes times que jogavam de igual para igual com todos os times do Brasil e não só de São Paulo. Me lembro de um jogo polêmico no Campeonato Paulista de 1983, que só durou um tempo porque no intervalo a torcida e os dirigentes da Lusa tentaram invadir o vestiário do árbitro por ele ter dado um pênalti, que existiu de verdade, no final do primeiro tempo.

Nosso time era muito forte, tanto que ganhamos o bicampeonato naquele ano, mas para conseguirmos, não podíamos perder pontos para a Portuguesa e torcer para que ela tirasse dos concorrentes ao título. Fizemos 1 x 0 com o Mauro.

Mas a Lusa jogava em casa e tinha muita força no Canindé e conseguiu empatar com o saudoso Mendonça, que era um grande jogador. E quase lá no fim, numa jogada em velocidade, Biro-Biro foi empurrado claramente pelas costas e foi marcado o pênalti. Quem tiver dúvida, vá na internet e assista aos gols do jogo. Bom, bati o pênalti e desempatei para 2 x 1 e veio o intervalo.

Fomos para o vestiário e, quando voltamos para o campo, estava uma batalha completa. Por falta de segurança, o árbitro encerrou a partida. A Portuguesa foi julgada, e o resultado foi mantido. O técnico da Lusa naquela quarta-feira (13 de julho) era o histórico Candinho e escalou seu time assim: Éverton, Mauro, Timoura, Leis, Odirlei, Almir, Eriberto, Mendonça, Toquinho, Roberto César, Gerson Sodré.

O nosso técnico era o Jorge Vieira, que tinha alguns desfalques, como Zenon, por exemplo, e escalou o time assim: Leão, Alfinete, Mauro, Daniel González, Wladimir, Paulinho, Sócrates, Biro-Biro, Jota Maria, Casagrande, Eduardo.

Mas o jogo de hoje, a disputa, infelizmente, será para fugir do rebaixamento, porque as duas equipes são bem fracas. O Corinthians está na zona de rebaixamento pelo pior saldo de gols, porque tem só 3 pontos, mesma pontuação da Portuguesa. O time do agora treinador Antônio Oliveira vem de cinco derrotas consecutivas e com uma bagunça generalizada na parte administrativa e precisa voltar a ganhar hoje, porque senão a situação realmente ficará muito complicada. O próximo jogo será contra o Botafogo em Ribeirão Preto e o outro com o Palmeiras em algum campo que não sabe ainda.

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E a Portuguesa vem cambaleando no campeonato e está na corda bamba, assim como o Corinthians. Como joga em casa, com a Arena lotada e com a fiel torcida apoiando o tempo todo, o que se espera é que esse time reaja, porque não conseguiu fazer uma só boa partida. Se não tiver espírito coletivo, esse time correrá sérios riscos, apesar que acho improvável que caia para a série A2. Se espera um time mais organizado tecnicamente e com mais espírito de luta, mais garra, porque tecnicamente o time é fraco mesmo.

Se a Portuguesa vencer, vai para segundo lugar do grupo A. Já o Corinthians continua como lanterna do grupo C mesmo se ficar com a vitória.

A expectativa é que Rodrigo Garro nessa sua segunda partida já consiga fazer o Corinthians dar um salto de qualidade. Mas são duas equipes fracas e bem diferentes das histórias que contei acima.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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