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Antero Greco

Sexta de Natal, com Sampaoli, Luxa, Arboleda e Fla

Jorge Sampaoli, durante o jogo entre Santos e Atlético-MG  - Ivan Storti/Santos FC
Jorge Sampaoli, durante o jogo entre Santos e Atlético-MG Imagem: Ivan Storti/Santos FC

20/12/2019 04h00

Prezado amigo já em ritmo de fim de ano, não se assuste com o título desta crônica. Ele está correto. Como se trata de nosso último bate-papo antes das festas, me atrevi a um trocadilho com o dia da semana em que o artigo é publicado e com o conteúdo de uma cesta de Natal.

Os temas hoje são variados.

Logo de cara surge Jorge Sampaoli. O argentino se deu bem na aventura brasileira e só foi menos badalado do que o xará Jorge Jesus por causa dos títulos do Flamengo. O trabalho desenvolvido no Santos devolveu-lhe moral arranhado pela desastrosa condução da Argentina no Mundial de 2018.

Sampaoli terminou o ano em alta, a ponto de receber sondagem do Palmeiras, interessado em reestruturar-se para 2020. Mas elogios e paparicação lhe subiram à cabeça e fizeram crescer a cobiça. O homem fez um caminhão de exigências para subir a serra e assustou a turma verde, que bateu em retirada.

Dizem os indiscretos que pediu milhões para engordar a conta bancária, além de equipe de assessores substanciosa, fora outras regalias. Até segurança particular pretendia às custas do empregador! Ouviu um muito obrigado, até logo, passar bem.

Não morro de amores pela direção palestrina; no entanto, nesse caso agiu bem. Sampaoli tem direito de pedir o que lhe convier, assim como o Palmeiras optou por não aceitar as exigências. Embora seja um profissional de qualidade, o clube não tem bufunfa para torrar. (Já basta o que fez de investimento errado em atletas.)

Sampaoli percebeu que seus colegas brasileiros andam em baixa e ensaiou tirar vantagem. Não está com essa bola toda. Inegável o valor do que mostrou no Santos; no entanto, está longe de ser a maravilha que se imagina. Pode rolar acerto com o Atlético-MG? Bom para ambos, se rolar, desde que em bases saudáveis.

Ele deve responder ainda nesta sexta-feira. O Galo não nada em dinheiro e não pode se embabanar num esforço além do aceitável.

Por tabela, quem saiu por cima foi Vanderlei Luxemburgo. O professor andou escanteado até aparecer oportunidade no Vasco. Topou entrar numa barca que tinha tudo para furar, com a água batendo acima dos cascos e com a Segundona logo ali.

Com resultados modestos, para o gasto, evitou a quarta queda e entregou o time são e salvo. Pegou o boné assim que acabou a Série A e, em seguida, aceitou rapidinho a proposta palmeirense. Retorna a uma casa conhecida mais pelo passado, pelo currículo, do que por convicção, por "projeto" e por aquilo que fez recentemente.

Luxemburgo não é um paraquedista na profissão, tampouco um curioso. Por isso, merece respeito. Reservo-me o direito de ficar em dúvida a respeito do que mostrará. Dúvida levantada por ele mesmo, quando disse (e mais de uma vez) que hoje não há nada de novo no futebol. Tem, sim, caro professor. O futebol de 2019 não é o mesmo de 1990, quando foi campeão paulista com o Bragantino, ou na fase de 1993, 1994, aquela da bonança da Parmalat.

Se achar que tudo é como duas décadas atrás, pode até degustar algum sucesso - um Estadual, por exemplo -, para sucumbir nos desafios maiores. E o Palmeiras não pode contentar-se com um Paulistão. Tem obrigação de lutar por Brasileiro, Copa do Brasil e Libertadores.

Por falar em Palmeiras, o clube viu-se envolvido em uma polêmica sem querer. Tudo por causa de foto que circulou nas redes sociais, na qual Arboleda aparece com o manto verde. O zagueiro do São Paulo passa férias em casa, no Equador, e apareceu paramentado de "palmeirense", ao lado de um amigo.

Deu o maior bafafá. A torcida tricolor ficou indignada, e já há no Morumbi quem o queira ver pelas costas. Entendo a comoção, mas discordo de quem considerou um crime de lesa-pátria.

Arboleda cometeu, no máximo, uma gafe. Antes de condená-lo e queimá-lo, o torcedor (e o dirigente, sobretudo) precisa levar em conta itens importantes, tais como: Cumpre com seus deveres? Tem histórico de indisciplina? Respeita técnico e companheiros? É bom caráter? Dá conta do recado dentro de campo? Tem a confiança do treinador?

Para mim, demonstrou ser um sujeito do bem ao emitir nota em que se desculpa pela bola fora. Foi um gesto de quem não quer polêmicas nem se considera acima dos outros e do clube. Ora, nada que um ligeiro pito ou uma zoada de leve não resolvam. E vida que segue e deixemos de bancar os moralistas para qualquer deslize. As mídias sociais são fonte de autoritarismo.

Para fechar o balaio, fica a expectativa em torno do duelo do Flamengo com o Liverpool por outro título mundial. Ok, os ingleses são fortes, têm elenco de primeira grandeza. Diria, até, que são favoritos, sem que isso pareça redundância ou jogo de cena.

Noves fora essas obviedades, digo que o rubro-negro tem condições de voltar da expedição ao Qatar com a taça. Por quê? Porque tem time forte, jogadores habilidosos e experientes, além de entrosamento e estratégia eficientes. E confiança, detalhe que também conta.

Não pode perder-se por ansiedade, por reclamações com arbitragem e, acima de tudo, com desatenção, pecado que cometeu contra River e Al Hilal. Safou-se nas vezes anteriores, ufa! Mas nunca é bom abusar da sorte e da competência.

Feliz Natal para todos. Com saúde e paz. E com pernil ou peru, se sobrar um trocado.