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Antero Greco

O Palmeiras entortou. E agora?

Edu Dracena e Bruno Nazario dividem bola durante Palmeiras x Atlético-PR - Daniel Vorley/AGIF
Edu Dracena e Bruno Nazario dividem bola durante Palmeiras x Atlético-PR Imagem: Daniel Vorley/AGIF

30/08/2019 04h00

O Palmeiras empenou. Sei que muito palestrino que me segue pode ficar aborrecido com a frase anterior. De fato, é dura e lamento por eles. Porém, é verdadeira. A equipe que iniciou o ano como candidata a papa-tudo, cheia de pompa e circunstância, de um momento para o outro olha para trás e vê só acúmulo de frustrações. Tem uma fileira de eliminações.

Pode reparar: ficou na saudade no Paulistão, dançou na Copa do Brasil, foi catapultada na Libertadores e há algumas rodadas perdeu a liderança do Brasileiro. Muita chinelada no bumbum de um grupo que largou 2019 badalado e embalado pelo título nacional de 2018. Compreendo - e como! - o sentimento da torcida. Só não aprovo cobrança com violência.

O momento de perplexidade leva a jogar todo mundo num balaio ruim - de zagueiros a Felipão, de meias a auxiliares, de atacantes à direção do clube. Quem conhece como funciona o humor alviverde não estranha a onda de pessimismo. O palmeirense é corneteiro de nascença, mete bronca até em conquistas. Imagina agora que tem motivos para reclamar!

Não, nem tudo virou pó, nem a casa ruiu definitivamente. A briga pelo 11º Brasileiro continua e o time depende apenas de si para espantar a crise. Para tanto, precisa de reviravolta de postura - fora e dentro de campo. Se continuar na toada atual, vai fechar a temporada com as mãos abanando e com os fãs furiosos.

Felipão e assessores têm o desafio de aumentar o repertório do grupo. O técnico garante que são ensaiadas muitas situações durante os treinos, afirma que a preparação não é descuidada. Não duvido do empenho dele nem dos atletas. Jamais me passaria pela cabeça de que alguém esteja fazendo corpo mole ou esteja desinteressado.

Mas, cá entre nós, tem sido pobre o desempenho. O equilíbrio, a eficiência, a solidez, o aproveitamento que sobressaíam antes da Copa América foram pro espaço. Sobram bolas longas que morrem nos pés de zagueiros rivais, cruzamentos que raramente encontram cabeças "verdes" para desviar pro gol e laterais disparados para a área que morrem no vazio.

Tem gente que parece estar esgotada com mais três meses de calendário pela frente. Weverton segura a onda no gol; no entanto, tem falhas em seu balancete. Marcos Rocha e Diogo Barbosa têm ficado expostos nas investidas dos atacantes adversários pelos lados. Luan e Gomes já não são intransponíveis pelo alto e perderam velocidade.

Felipe Melo virou ponto de referência, pela experiência, colocação e qualidade do passe. Só que vira e mexe abusa do espírito de xerife, a ponto de desfalcar a tropa na hora H, como ocorreu no segundo duelo com o Grêmio. Bruno Henrique anda muito aquém do marcador seguro e do finalizador potente do ano passado. Scarpa não deslancha (Lucas Lima sumiu).

Dudu ainda é o pêndulo, aquele que dita o ritmo. Quando vai vem, o Palmeiras respira criatividade. Quando trava, o resto do time vai junto. E tem travado, infelizmente, com frequência. Pensar em Deyverson como sinônimo de gol é desperdício de energia. Borja? Nem pensar mais. Rafael Veiga e Zé Rafael são inconstantes, William voltou abaixo.

Situação desalentadora? Sim, amigo palmeirense. Para complicar, a tarefa neste fim de semana é topar, fora de casa, com o líder e endiabrado Flamengo. Risco enorme de insucesso, com complicações para o plano de recuperação no Brasileiro.

Para fechar este bate-papo com uma ponta de otimismo: vai que Felipão tire algo da cartola, vai que jogadores despertem e se encham de brios, vai que o Palmeiras volte para São Paulo com vitória: a tristeza pela eliminação na Libertadores não terminará, mas restará a esperança de que o título nacional possa ir para o Palestra Itália.

É muito "vai que" de uma vez só, não é mesmo?