SP "cai de pé", mas derrota para rival cria sensação de filme repetido
O São Paulo não voltou a uma final por apenas três minutos. O gol de Rodriguinho nos acréscimos, na Arena Corinthians, foi um castigo para um time que conseguiu resgatar elementos que há tempos eram cobrados pela torcida. E embora as atuações contra o Corinthians na semifinal do Campeonato Paulista tenham sido consideradas honrosas pelos tricolores, esse orgulho da equipe não apaga a sensação de que filmes repetidos atormentam o Tricolor.
Se a eliminação for computada de forma fria, o São Paulo caiu em sua rotina mais dolorosa para os torcedores: ser derrubado por um rival. No caso do Corinthians, foi uma dobradinha no Paulistão, depois da queda na semi da temporada passada, e o aumento de um tabu de 18 anos. Desde o Estadual de 2000, o último conquistado pelo Tricolor no sistema de mata-mata, que o clube do Morumbi não consegue desclassificar os alvinegros de uma competição.
Há ainda pancadas seguidas para o Santos de Neymar, outras duas para os praianos em 2015 - Paulistão e Copa do Brasil - e um retrospecto terrível em clássicos até nos jogos de fase classificatória ou no Campeonato Brasileiro. Isso fez com que a torcida chegasse para os duelos com o Corinthians neste ano sem criar expectativas, se preparando para mais um vexame que poderia acontecer.
A equipe de Diego Aguirre, no entanto, conseguiu tornar esse roteiro um pouco diferente. Primeiro com a atuação do jogo de ida, no Morumbi. Por mais que os momentos de futebol envolvente com Rogério Ceni tenham causado empolgação em 2017, a postura contra o Corinthians desta vez foi atraente para os torcedores por mostrar um time organizado, coletivo, competitivo e vibrante. Depois de tantos anos e discursos furados, o São Paulo conseguiu fazer com que os atletas fossem representantes da torcida em campo, lutando a cada bola e expondo indignação com o que não funcionou.
O Tricolor trocou o discurso de cabeça erguida por uma reação mais humana. Algo que faltou, por exemplo, quando da eliminação para o modesto Defensa y Justicia na Copa Sul-Americana do ano passado. Ali, até Ceni, sempre vinculado às emoções das arquibancadas, se mostrou frio ao vexame. Isso feriu o orgulho do torcedor, que foi ainda mais castigado com o péssimo Brasileirão e a luta para não ser rebaixado.
O São Paulo hoje aparenta não se iludir, por mais que tenha conseguido "cair de pé". Afinal, em 2017 essa sensação também passou pelo clube e se mostrou uma armadilha para o restante da temporada. Quando o time foi superior ao Cruzeiro no Mineirão e não avançou às oitavas de final da Copa do Brasil por um gol, o otimismo falava mais alto. A ilusão criada por eliminações parelhas, inclusive para o Corinthians no Paulistão, fez a diretoria se acomodar. Reforçou pouco e mal o elenco e ainda abriu mão de peças importantes, até que Ceni foi demitido e a zona de rebaixamento se tornou um pesadelo.
Agora, a impressão é de que o Tricolor está vacinado. Celebra o que já foi feito de bom por Diego Aguirre, principalmente pela rápida adaptação do elenco a um estilo de jogo de maior pegada, concentração e organização. O São Paulo que era paciente demais, a ponto de ser passivo, com Dorival Júnior, ganhou agressividade e perdeu o medo de concluir as jogadas. Além disso, os dirigentes falam em entrevistas e nos bastidores que é preciso contratar.
O grupo de jogadores têm jovens promissores, que acabaram prejudicados pela falta de convicção durante o Paulistão. O Estadual, em sua primeira fase, serviria para dar rodagem aos garotos, que acabaram voltando a ter chances somente quando os jogos se tornaram mais pesados. E a contratação que seria a mais importante da temporada é até aqui a mais frustrante. Diego Souza, embora tenha sido importante nas quartas de final contra o São Caetano, joga mal, não entrega intensidade e acabou sendo vilão na disputa de pênaltis contra o Corinthians - de novo sofrendo contra Cássio.
Para evitar ainda mais filmes repetidos, o São Paulo precisa se reerguer em uma semana. Na próxima quarta-feira, a quarta fase da Copa do Brasil começa contra o Atlético-PR. O primeiro jogo é na Arena da Baixada, onde os paulistas nunca venceram na história. A volta será no Morumbi, no dia 19. Antes, dia 12, começa a Sul-Americana, contra o tradicional Rosário Central, na Argentina. Serão provas para esse novo time, mais aguerrido e competitivo, fugir dos velhos fantasmas, como o da trinca de eliminações de 2017.
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