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Jair não abraça DNA do Santos e vai na contramão de Roger antes de decisão

Jair Ventura e Roger Machado vivem momentos distintos em seus clubes neste ano - Daniel Vorley/AGIF e  Marcello Zambrana/AGIF
Jair Ventura e Roger Machado vivem momentos distintos em seus clubes neste ano Imagem: Daniel Vorley/AGIF e Marcello Zambrana/AGIF

Leandro Miranda e Samir Carvalho

Do UOL, em Santos e São Paulo

27/03/2018 04h00

O clássico Santos e Palmeiras, que decide nesta terça-feira, às 20h30 (de Brasília), no Pacaembu, uma vaga para a final do Campeonato Paulista, expõe um duelo de técnicos que vivem momentos distintos na temporada, sempre apostando em esquemas táticos opostos.

Jair Ventura tenta manter seu conceito no Botafogo, jogando atrás da linha da bola no esquema 4-1-4-1 e apostando nos contra-ataques. O treinador não abraçou o DNA ofensivo do Santos e, por isso, já sofre pressão de dirigentes, conselheiros e torcedores. O problema é que o Palmeiras venceu o jogo de ida por 1 a 0, fato que deve obrigar Jair a “soltar” o seu time durante o jogo. 

Com Roger Machado, a situação é inversa no Palmeiras. O treinador começou o ano trabalhando a equipe com conceitos mais ligados às suas ideias de futebol, mas aos poucos foi se adaptando às características e preferências do elenco. Como ele mesmo costuma frisar, a construção de um time de futebol depende de um processo que leva tempo.

Do 4-1-4-1 do início da temporada, com Lucas Lima mais recuado e Tchê Tchê ao seu lado no meio-campo, o Palmeiras mudou para um 4-2-3-1 mais tradicional e voltado para pressionar a saída de bola adversária. O ex-meia santista voltou a ser adiantado para jogar como 10 e apertar os zagueiros rivais, e Tchê Tchê deu lugar a Bruno Henrique, um volante mais pesado e marcador.

Essa transformação teve início há um mês, logo depois da derrota para o Corinthians, a primeira da temporada. O time foi criticado pela postura passiva em campo, e desde então o que se vê do Palmeiras, especialmente nos jogos em casa, é um time intenso do início ao fim, com marcação adiantada e reação muito rápida à perda da bola. Como gosta de dizer o capitão Dudu, essa é a identidade alviverde, o mesmo estilo de jogo que levou o clube ao título brasileiro em 2016.

Ao mesmo tempo, várias ideias de Roger estão presentes desde o início do ano, como as triangulações para troca de passes e as inversões rápidas para jogadores que ficam abertos na ponta. O Palmeiras tem tido evolução sob o comando do treinador e não caiu de produção nem mesmo quando perdeu seu artilheiro, Borja, convocado para defender a seleção colombiana.

A síndrome de Simeone

Jair Ventura prioriza o sistema defensivo e não esconde de ninguém que se espelha em Simeone. O argentino enfrenta os grandes europeus com uma equipe muito organizada e compacta, que baseia suas ações ofensivas em reações aos ataques do rival. Tudo isso é que Jair mostrou em sua carreira até o momento e, inclusive, na maioria da temporada santista.

O treinador evita falar sobre esse conceito de jogo defensivo em entrevistas, pois sabe que a torcida santista cobra o oposto pela história do clube. No Botafogo, em que trabalhava com orçamento mais baixo, as menções ao argentino eram mais constantes.

Na apresentação pelo Santos, o treinador falou de Simeone e já dava indícios que não se renderia ao DNA ofensivo santista. "Se eu tiver jogadores com características mais defensivas, vou ser defensivo. Se contasse com jogadores mais ofensivos [no Botafogo] teria dado outro exemplo que não fosse o Simeone. Lógico que conheço a história do Santos. Seremos super ofensivos, mas não vamos perder a competitividade, a organização, o jogo coletivo. Vamos ser, mas organizados, táticos e intensos", afirmou Jair.

Jair deve manter a “receita” no clássico contra o Palmeiras (4-1-4-1 e contra-ataques), mesma postura santista em todos os clássicos de 2018 (derrota para o Palmeiras, vitória contra o São Paulo, empate contra o Corinthians e derrota recente para o rival desta terça-feira). Até mesmo em duelos contra times de menores, como Linense e Ponte Preta, ele preferiu fechar o time e jogar de maneira reativa.

Santos e Palmeiras podem ter supresas na lateral

Além de Borja, convocado, outro desfalque alviverde para o clássico deve ser Marcos Rocha. O lateral direito tem uma sobrecarga muscular e não treinou com os titulares na segunda-feira, tendo ficado na parte interna fazendo tratamento. Caso ele não jogue, Tchê Tchê é o substituto. Na outra lateral, Victor Luís, que sofreu uma entorse no jogo de ida, está recuperado e deve ir a campo.

O Santos, por sua vez, pode ter novidades na lateral pois Jair Ventura relacionou Victor Ferraz. Antigo titular da posição, ele não atua desde o dia 28 de janeiro, quando lesão no ombro no clássico contra o São Paulo. Daniel Guedes agrada bastante quando o assunto é apoio ao ataque, mas a comissão técnica avalia que o time sofre muitos gols nas “costas” do jogador.

Ficha Técnica

Palmeiras e Santos

Data e horário: 27/03/2018, às 20h30 (de Brasília)
Local: Estádio do Pacaembu
Árbitro: Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza
Auxiliares: Herman Brumel Vani e Miguel Cataneo Ribeiro da Costa

Palmeiras: Jailson; Tchê Tchê, Antônio Carlos, Thiago Martins e Victor Luís; Felipe Melo, Bruno Henrique e Lucas Lima; Dudu, Willian e Keno.
Técnico: Roger Machado.

Santos: Vanderlei, Daniel Guedes (Victor Ferraz), Lucas Veríssimo, David Braz, Dodô; Alison, Renato, Jean Mota (Vitor Bueno ou Vecchio); Sasha, Rodrygo (Arthur Gomes) e Gabigol.
Técnico: Jair Ventura.