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Perto do título paulista, Carille admite: "nos achávamos a quarta força"

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

30/04/2017 18h45

Com uma mão no título paulista depois de vencer a Ponte Preta por 3 a 0 neste domingo, o treinador corintiano Fábio Carille fez comentário surpreendente. Semanas atrás, ele brincou com jornalistas sobre a condição de quarta força do estado, atribuída ao Corinthians no começo do ano. Desta vez, ele próprio admitiu e chegou a dizer que o Palmeiras é o melhor da competição.  

"Aos poucos, vocês vão me conhecendo. Quando falei da quarta força, foi em tom de brincadeira, porque às vezes eu falo e não dou risada, eu sou assim. Até mesmo nós achávamos que éramos a quarta força. Já falei algumas vezes. Tinha o Palmeiras campeão e se reforçando, o Santos de Lucas Lima e Ricardo Oliveira mantendo o conjunto, o São Paulo contratando bem e com um time forte também. Procuramos nos fechar, trabalhar, olhar o olho de cada um e falar a verdade, mesmo que não goste. Todos gostam de escutar a verdade. Errei algumas vezes, errei em montagem de equipe, o jogo mostra as coisas, mas nunca deixei de priorizar a parte defensiva. Forte ali atrás, as coisas acontecem devagar", comentou. 

"Não esperava tudo tão cedo. Mas no começo do ano éramos a quarta força, porque para mim o Palmeiras é o melhor time do campeonato. Só que muitas vezes o melhor não ganha. E não imaginava. O que me faz fortalecer é o dia a dia, não penso em título, em Brasileiro, Sul-Americana, penso no amanhã, em que posso melhorar, o que está funcionando. Assim será minha carreira. Se eu pensar no que aconteceu há dois meses fico parado, assim como no que vai acontecer daqui a três dias. É meu modo de trabalhar", disse Carille. 

Depois da vitória, ele prometeu não aliviar até a decisão. "Deixei muito claro em 22 de dezembro, quando fui oficializado, que seria um time de entrega, que faltou ano passado, e organização, como está sendo. Não prometi títulos, mas o torcedor pode esperar um time determinado. Vai ser a semana que mais farei cobranças por uma semana séria", disse Carille. 

"Nosso maior mérito foi em ter a humildade de reconhecer os pontos fortes da Ponte, tirando espaços porque é um time rápido do meio pra frente. A Ponte tem jogadores de velocidade, que concluem muito bem. Foi o grande mérito do Corinthians e dos jogadores", disse também o treinador. 

"Fizemos um jogo muito consistente, com jogadores cumprindo muito bem seu papel, entendendo o que era o jogo. Estudamos muito a Ponte desde os jogos com o Gílson Kleina, com o Santos. Saímos com grande vantagem, tem mais uma parte ainda, mas sabemos que é uma grande vantagem", admitiu. 

Veja mais declarações de Carille

RODRIGUINHO FUNDAMENTAL
Depois de tantas mudanças ano passado, Rodriguinho puxou a responsabilidade no segundo semestre e foi o melhor do Corinthians. Foi prejudicado na pré-temporada por dores no joelho, mas nas últimas semanas está conseguindo treinar, fortaleceu e cresceu o futebol. Começamos com a ideia de 4-1-4-1, com ele tendo que vir participar da organização, fazendo bem o papel, mas deixamos o Jô isolado. Com a mudança para o 4-2-3-1, o Jadson acrescenta tecnicamente, são dois jogadores inteligentes, meias armadores. Esse foi o melhor jogo do Rodriguinho no ano, na armação e chegando na área, fazendo gols.

RONALDO FEZ VISITA
Tive com Ronaldo a oportunidade e o prazer de trabalhar dois anos. Ele não falou nada [no vestiário], chegou na hora que já íamos entrar para o túnel, cumprimentou um por um, desejou boa sorte e mais nada. Mas é uma presença, é o segundo artilheiro das Copas, tantas vezes melhor do mundo, um cara positivo que dá um impacto. 

TIME DE RAÇA
Entrega é um DNA do Corinthians. Estou aqui desde 2009, quando ganhamos o Paulista invicto, a Copa do Brasil e só Ronaldo e Douglas em fase ofensiva, mas com Dentinho e Jorge Henrique baixando para marcar, uma organização grande e muita entrega. Fomos campeões da Libertadores invicto e fazendo poucos gols. O time se ajustou sem o 9 porque o Liedson estava fora pelo joelho, com Alex e Danilo adiantados, e uma entrega grande também. É o DNA e estou conseguindo resgatar. Jogando por poucas bolas às vezes, mas marcando forte, um time determinado.

LIÇÃO QUE TEVE
A maior lição é ser verdadeiro com todos, é ter olho no olho e a mesma atenção. Do Jadson mais experiente ao mais novo que é o Jabá, a mesma atenção para todos. Tem a hora para cobrar o Jadson, o Jabá, para elogiar. É do mesmo jeito. Assim conduzo o grupo, vejo que dá resultado.

TIME COM A CARA DO TÉCNICO
É do mesmo jeito que treina reserva treina o titular. Não monta o time reserva de acordo com o time do adversário, senão deixei de treinar meu time. Quem entra, já sabe o que fazer, já sabe a bola parada, tudo. Não adianta na hora de entrar, chamar e querer explicar tudo na ansiedade. É feito no dia a dia, durante a semana e quando coloco em campo já sei o que tenho que fazer.

ELOGIOS PARA JÔ
Mais do que falar do Jô dentro de campo, quero falar do Jô fora. Ele me surpreendeu em todos os sentidos, cobrando dos meninos, explicando, no jogo do Palmeiras ele ficou fora e foi o que mais falou dentro do vestiário. Astral, sempre sorridente, independente de qualquer coisa. Dentro a gente acompanha desde o Atlético-MG, chegou em Copa do Mundo e que sabíamos que teria dificuldade pelo período parado. Ele cresceu muito e estamos felizes.

FAGNER DE FORA?
Estamos muito esperançosos que ele jogue. Se o TJD tirar da partida, o Léo Príncipe joga. Está certo. (...) O Paulo [Roberto] joga a final no lugar do Gabriel, é certo.