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De reserva e talismã a líder idolatrado. A evolução de Luan no Atlético-MG

Luan comemora os gols do Atlético-MG como se fosse um torcedor em campo - Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro
Luan comemora os gols do Atlético-MG como se fosse um torcedor em campo Imagem: Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro

Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte

26/02/2016 06h00

Em 2013 o Atlético-MG se preparava para voltar à Libertadores após 13 anos de ausência. O elenco comandado por Cuca era repleto de estrelas, algumas de nível mundial, como Ronaldinho Gaúcho e Gilberto Silva, além de nomes como Diego Tardelli, Bernard, Réver e Victor. Entre os 30 inscritos para a disputa sul-americana estava o desconhecido Luan, indicado pelo então treinador atleticano, depois de disputar o Campeonato Brasileiro do ano anterior pela Ponte Preta.

Três anos depois, Luan não é mais o mesmo. Ele está melhor, mais confiante e é um dos líderes do elenco alvinegro. O garoto do interior de Alagoas se acostumou a ser campeão pelo Atlético. Já são cinco títulos, com a Libertadores e a Copa do Brasil como as conquistas mais importantes. Luan era reserva da equipe campeã continental, uma espécie de talismã, como foi na partida contra o Tijuana.

No primeiro jogo, no México, o camisa 27 entrou na etapa final e fez o segundo gol atleticano, o gol de empate. Gol que valeu muito, pois o Atlético só avançou para a semifinal por causa dos gols marcados fora de casa, após outro empate, no Independência, dessa vez em 1 a 1. A comemoração no México foi grande, assim como foi no gol de Lucas Pratto, diante do Independiente Del Valle, em jogo pela quarta Libertadores seguida do Atlético.

Luan saiu em disparada, como se fosse ele o autor do gol. Pulou em Pratto, vibrando bastante no que acabou sendo o único gol de uma noite especial. Luan completou 150 partidas pelo Atlético diante da equipe equatoriana. Certamente um jogador bem diferente daquele que estreou em 2013, também numa partida de Libertadores, no triunfo por 2 a 1 sobre o São Paulo.

Motivo pelo qual Luan se tornou um dos ídolos da torcida do Atlético. Do atual elenco, o jogador é um dos mais assediados na busca por fotos e autógrafos. Reflexo visto na venda de camisas. A número 27, que o jogador fez questão de manter, mesmo tendo a opção de pegar outros números, está entre as três mais procuradas pelos atleticanos. Com um detalhe, talvez seja a camisa mais procura por mulheres, que geralmente pedem apenas o número, sem o nome do jogador.

A ligação estreita entre Luan e os atleticanos chamou a atenção dos executivos da Dryworld. A empresa canadense começou a operar no Brasil em 2016 e assinou por cinco temporadas com o Atlético. Luan foi escolhido para fazer parte do time dos atletas com patrocínio pessoal, assim como Robinho e Lucas Pratto. Mas com Luan é diferente. Segundo a própria Dryworld o acordo é vitalício.

Encanto semelhante ao que teve o técnico Diego Aguirre. Com menos de dois meses de trabalho em campo, o comandante do Atlético não teve dúvidas em descrever Luan como um craque. “O Luan é impossível de não agradar. Ele tem um espírito e uma entrega que é um símbolo. É um craque. O Luan pode jogar em qualquer posição que vai bem. Não tem jogo que Luan vá mal”, elogiou Aguirre, após o triunfo sobre o Melgar, na estreia da Libertadores 2016.

Já são 34 gols, o que faz de Luan o jogador do atual elenco que mais vezes marcou pelo Atlético. Alguns que vão ficar por muito tempo na memória dos torcedores. Contra o Tijuana, como já citado acima, e dois na reta final da Copa do Brasil de 2014. O quarto na virada sobre o Flamengo, na semifinal, e o primeiro na final contra o Cruzeiro.

Talvez nem mesmo Luan seja capaz de explicar o motivo de tanta empatia com os atleticanos. Mas uma resposta dada em coletiva, na Cidade do Galo, no dia 4 de fevereiro, pode ajudar a entender um pouco a razão de Luan deixar de ser um talismã para virar um ídolo.

“Sou um jogador tranquilo, sei das minhas limitações, das minhas qualidades. Estou aqui para ajudar o Galo, como sempre, como o treinador precisar”.

E assim, após 150 jogos pelo Atlético, Luan se mostra mais preparado para novas conquistas.