Topo

Ele simboliza o 'chato' Atlético de Madri e foi rejeitado por time pequeno

Zagueiro Godín jogava no ataque no início da carreira - REUTERS/Kai Pfaffenbach
Zagueiro Godín jogava no ataque no início da carreira Imagem: REUTERS/Kai Pfaffenbach

Do UOL, em São Paulo

22/04/2016 06h00

O Atlético de Madri tem alguns símbolos da vitoriosa geração que se intromete no domínio local de Barcelona e Real Madrid e incomoda os maiores clubes da Europa na base do empenho. E um desses pilares é um zagueiro uruguaio que atuou no ataque até a adolescência, faz gols decisivos e chegou a jogar de graça depois de ter sido dispensado por um time pequeno. Trata-se de Diego Godín.

No dia 24 de maio de 2014, Godín esteve perto de se consagrar como o autor do gol que daria o inédito título da Liga dos Campeões para o Atlético de Madri. O uruguaio fez 1 a 0, de cabeça, aos 36min do primeiro tempo. Quando a festa parecia realidade, Sergio Ramos empatou já nos acréscimos do tempo regulamentar, levando a partida para a prorrogação. O Real, então, acordou e venceu por 4 a 1.

Foi um duro golpe em Godín e nos demais comandados por Diego Simeone. Mas uma semana antes, o zagueiro já havia experimentado o doce gosto de decidir um título. Foi dele o gol diante do Barcelona, também de cabeça, que garantiu o título espanhol ao Atlético depois de um jejum de 18 anos.

Reviravoltas como essa acompanham o uruguaio desde o início da carreira. Godín, símbolo também da forte seleção uruguaia dos dias atuais, quase deixou o futebol na adolescência, quando o Defensor o dispensou. “Meu mundo havia desmoronado. Voltei para minha cidade para estudar e começar a trabalhar. Aí meu pai conseguiu um teste no Cerro”, contou o zagueiro ao El Observador.

Foi o esforço dos pais, para enviar dinheiro e para conseguir um time, que determinou o futuro de Godín. Ele não recebia um centavo do Cerro. Mas foi lá que aconteceu outra mudança inesperada: a de posição. Seus tempos de meia-atacante acabavam. “Por casualidade, substituí um companheiro volante e depois um zagueiro. Fui bem e logo o técnico do time principal me chamou”, relembrou.

Ele deixou o ataque, mas o ataque não o deixou. Godín tem na jogada aérea uma arma defensiva e ofensiva. Seus avanços também são recorrentes, para desespero de Simeone, que não cansa de chamar a atenção do uruguaio, mesmo após seus gols.

“Essa vontade de querer fazer o gol ou uma jogada bonita continua em mim. Tenho muito esse ímpeto e às vezes exagero. Simeone tenta me acalmar porque são os zagueiros que organizam lá atrás. As ordens são claras, mas às vezes no campo tomamos decisões arriscadas. Quando elas dão errado, aí levo bronca”, relatou ele ao El País.

Godín está entre os dez jogadores que mais títulos conquistaram pelo Atlético de Madri, é o terceiro estrangeiro que mais fez partidas pelo time (é top 40 no geral) e é um dos cinco que mais vezes defenderam a equipe em torneios europeus. E também é um símbolo da “chatice” desse Atlético de Madri que mais uma vez flerta com a Liga dos Campeões (eliminou o Barcelona e pega o Bayern de Munique na semifinal).