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Presidente do River espera que Libertadores seja '11 de setembro argentino'

Presidente Rodolfo d"Onofrio (foto) falou em "vergonha" do futebol argentino, mas isentou o River Plate de responsabilidades nos incidentes das finais da Libertadores - Kazuhiro Nogi/AFP
Presidente Rodolfo d'Onofrio (foto) falou em 'vergonha' do futebol argentino, mas isentou o River Plate de responsabilidades nos incidentes das finais da Libertadores Imagem: Kazuhiro Nogi/AFP

Do UOL, em São Paulo

07/12/2018 14h03

A Copa Libertadores da América de 2018 chegará a um final neste domingo (9), quando River Plate e Boca Juniors se enfrentarão no estádio Santiago Bernabéu, em Madri, às 17h30 (horário de Brasília). Mas independente de quem ficar com o título, o resultado final do clássico será uma grande vergonha para o futebol argentino.

Quem afirma isso é Rodolfo d'Onofrio, o próprio presidente do River Plate. Em entrevista ao jornal espanhol El País, D'Onofrio fez duras críticas aos incidentes que tiraram o jogo da Argentina e o levaram à Espanha.

Para ele, o sistema de segurança da Argentina "fracassou" ao tentar garantir a realização da partida, que estava marcada para acontecer no Monumental de Núñez em 24 de novembro. A partida acabou adiada após um ataque de torcedores do River Plate ao ônibus da delegação do Boca Juniors. O jogo de ida, em La Bombonera, terminou empatado por 2 a 2.

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Ao ser perguntado como o clássico deste domingo seria lembrado no futuro, D'Onofrio não aliviou: "Como uma vergonha, uma tremenda vergonha do futebol argentino".

"É algo incrível. Um sistema de segurança que fracassou, total e absolutamente", afirmou, tentando incluir o caso da Libertadores em um cenário global. "Não é só um problema da Argentina - na Europa, também há episódios de violência. Outro dia, vi uma partida de futebol na Grécia em que não se atiravam pedras, mas mísseis".

Em sua argumentação, D'Onofrio isentou o River Plate de culpa pelos problemas das finais da Libertadores. Para ele, seu clube tem "zero" responsabilidade pelo que ocorreu até aqui.

"A responsabilidade do River começa dentro do Monumental. Quando o Boca sai de seu hotel, a responsabilidade é da segurança. E isso já foi reconhecido pelas maiores autoridades de segurança da cidade e do país. Ou era a primeira vez que o Boca vinha jogar no campo do River?", questionou.

Apesar da falta de condições de segurança para que Buenos Aires receba o clássico, D'Onofrio reconheceu os esforços do presidente da Argentina, Maurício Macri. Em discurso, Macri afirmou que seria possível não apenas realizar um clássico entre Boca e River, como ainda contar com torcedores das duas equipes.

"Ele teve uma intenção saudável de desejar que houvesse público visitante, mas as intenções não se convertem em realidade de um dia para o outro", disse. "Não se pode organizar um Superclásico da noite para o dia. Os estádios de River e Boca não estavam preparados. Roubaram do torcedor do River sua partida, e roubaram dele a possibilidade de ver a grande final. Uma grande final que a torcida do Boca viu em seu próprio estádio."

Das ameaças ao divisor de águas

Em sua entrevista, Rodolfo d'Onofrio disse ter "200 ou 250 torcedores" do Boca Juniors que o ameaçam de morte. E assegura que a torcida do River está toda a seu favor.

"Não são os barrabravas, é o povo. Eu nem conheço os barrabravas. Jamais conversei com eles", disse, assegurando não ter "nenhuma" relação com os torcedores organizados de seu clube.

"Juro por meus filhos. É preciso terminar com esta gente que está comprometida com a política. Em qualquer manifestação, eles estão lá, então os políticos não têm que se fazer de tontos", acrescentou.

Diante dos desdobramentos das finais da Libertadores, D'Onofrio torce para que o futebol argentino passe por um processo de profunda reflexão - semelhante, segundo ele, ao vivido pelos Estados Unidos após os atentados de 11 de setembro de 2001.

"Quero que o que aconteceu seja o 11 de setembro da Argentina", disse, cobrando políticos e dirigentes. "Temos que fazer isso de forma conjunta; sozinho, não se pode fazer nada", acrescentou.