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Final em Madri desagrada até espanhóis, e Libertadores deve ir a tribunais

Santiago Bernabéu foi o palco escolhido pela Conmebol para receber River x Boca - Reprodução
Santiago Bernabéu foi o palco escolhido pela Conmebol para receber River x Boca Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo (SP)

30/11/2018 09h50

A Conmebol escolheu o estádio Santiago Bernabéu, em Madri, como a sede do segundo jogo da final da Copa Libertadores, no dia 9 de dezembro. Decisão esta que desagradou as duas partes envolvidas na disputa pelo título. Por diferentes razões, tanto River Plate quanto Boca Juniors se manifestaram contrariamente à opção pela cidade europeia. Até mesmo os espanhóis se mostraram reticentes em receber o Superclássico argentino, como mostra artigo do Marca nesta sexta-feira (30).

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Os dois clubes se pronunciaram publicamente contra a partida no campo do Real Madrid, em anúncio feito na tarde de quinta-feira depois de reunião no Paraguai entre Alejandro Domínguez, presidente da entidade responsável por organizar o futebol sul-americano, Daniel Angelici (Boca) e Rodolfo D'Onofrio (River). A imposição da entidade acabou criticada horas depois pelas partes.

Pelo lado do Boca Juniors, sustenta-se a opção por não entrar em campo. O clube do bairro de La Boca acionou o braço jurídico da Conmebol e promete até recorrer à Corte Arbitral do Esporte (CAS) para conquistar os pontos da partida que seria disputada no Monumental de Nuñez. Consequentemente, o título ficaria com os comandados de Guillermo Barros Schelotto.

"O clube [Boca] insiste que, havendo ficado certificado com provas conclusivas o brutal ataque ao ônibus da equipe sofrido no último dia 24 de novembro de 2018, nas imediações e até o portão de entrada do Estádio Monumental, não cabe outra sanção que a solicitada nas nossas apresentações", disse o Boca Juniors em comunicado, prometendo "esgotar todas as vias jurisdicionais".

O River Plate, por outro lado, se apega ao princípio de "igualdade esportiva" tão repetido pela Conmebol para adiar a partida no último fim de semana. Enquanto o rival atuou diante do torcedor em La Bombonera no primeiro jogo, quando as equipes empataram por 2 a 2, o time de Marcelo Gallardo não atuará em casa e com a torcida toda ao seu favor.

"O Clube Atlético River Plate informa que realizará os procedimentos legais e as apelações pertinentes em relação ao resolvido no dia de hoje pela Conmebol e pelo seu Tribunal Disciplinar, em relação à transferência de sede disposta sobre o jogo final da Copa Libertadores 2018, a sanção econômica e a proibição de disputar com público dois jogos oficiais organizados pela Conmebol", reclamou o clube.

Até na Espanha ponderam a Superfinal

Ônibus Boca Juniors - Reprodução - Reprodução
Ônibus do Boca Juniors foi atacado próximo ao Monumental de Nuñez
Imagem: Reprodução

A reação espanhola sobre a decisão da Conmebol contém reclamações. Madri foi escolhida para receber a final da Libertadores como sede também por possuir grande colônia argentina, o que preocupa pela rivalidade aflorada com o episódio no Monumental de Nuñez. O jornal Marca teme cenas parecidas com as vistas no campo do River Plate e questiona a estrutura de organização, já que na Espanha será feriado.

"Será um fim de semana cheio de turistas. A partida entre River x Boca nos fará aumentar a presença de pessoas em Madri. Na Espanha se celebra um feriado prolongado e muitos aproveitam para visitar a cidade próximo ao Natal. Os turistas se somarão aos torcedores argentinos que viriam para o jogo de domingo", escreve o jornal, preocupado com os hinchas.

"A Espanha terá que ativar um operativo inusitado para receber as torcidas de River Plate e Boca Juniors, que historicamente têm enfrentamento. A rivalidade chega a Madri e o governo deverá velar pela segurança de tudo o que rodeie este encontro", acrescenta o Marca.

A novela da final

Boca Juniors Pablo Pérez - Reprodução/Jorge Pablo Batista/Instagram - Reprodução/Jorge Pablo Batista/Instagram
Volante e capitão do Boca, Pablo Pérez saiu ferido do ataque ao veículo da equipe
Imagem: Reprodução/Jorge Pablo Batista/Instagram

A final da Copa Libertadores saiu da América do Sul como consequência do episódio de violência ocorrido no último dia 24, data estipulada para definir o campeão do torneio. Torcedores do River Plate atacaram o ônibus do Boca Juniors, feriram atletas e viram a partida ser adiada para o dia seguinte, um domingo.

O Boca, que firmara um acordo de cavalheiros no sábado para entrar em campo apesar de ser vítima da violência, decidiu não entrar em campo e prometeu recorrer ao comitê disciplinar para punir o arquirrival. A equipe azul e amarela quer o título nos tribunais.

A Conmebol reuniu os presidentes na sede em Luque para decidir sobre o futuro da competição, mas, pelo posicionamento dos dois times, não chegou a uma decisão considerada justa pelos argentinos. O anúncio de Madri na última quinta-feira (30), entretanto, desagradou ambos os rivais, que, a princípio, entram em campo em menos de dez dias para decidir o principal torneio sul-americano na Europa.