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Palmeiras ignora CT novo e milionário por isolamento em Atibaia

José Edgar de Matos

Do UOL, em São Paulo (SP)

28/07/2017 04h00

Ainda sem uma data definida, o Palmeiras se isolará em Atibaia a fim de se preparar para o confronto decisivo do dia 9 contra o Barcelona-EQU, pelas oitavas de final da Copa Libertadores da América. Cuca pediu à direção para deixar a capital na semana anterior ao duelo no Allianz Parque, mesmo ciente da estrutura superior no recém-reformado Centro de Excelência da Academia de Futebol.

A reforma no CT, que custou R$ 20 milhões, pagos pelo ex-presidente Paulo Nobre e também pela patrocinadora Crefisa/Faculdade das Américas, foi apresentada como o grande legado da última gestão e motivo de orgulho para a atual direção palmeirense.

O gerente de futebol Cícero Souza e o diretor Alexandre Mattos, inclusive, fizeram questão de apresentar a estrutura à imprensa no início do ano. Eduardo Baptista, quando ainda técnico da equipe, comandou a pré-temporada no local, ao contrário de rivais como Corinthians e São Paulo, que viajaram aos Estados Unidos para a disputa da Florida Cup.

Entretanto, no momento mais decisivo, o Centro de Excelência, que possui um hotel com quartos individuais para os atletas, acabou colocado em segundo plano por um novo retiro em Atibaia. Fora a estrutura de quartos e academia, o local escolhido pela comissão técnica possui um campo com dimensões oficiais.

O fato de ignorar a milionária estrutura para investir mais dinheiro em um período fora da Academia, logo no momento mais importante da temporada, gerou questionamentos por parte de membros do Comitê de Orientação Fiscal, departamento que fiscaliza as contas do clube. O isolamento faz parte dos planos de Cuca para "achar o time ideal" para o próximo dia 9 - o Palmeiras precisa de um triunfo por dois gols de vantagem para seguir na Libertadores.

A presença na cidade do interior, localizada a pouco mais de 1h de São Paulo, serve para Cuca deixar o elenco ligado "24h no trabalho", segundo justificaram pessoas próximas à comissão técnica ao serem perguntadas pelo UOL Esporte. Situação, porém, possível também na Academia.

Defende-se que a viagem amenizará, por exemplo, a vontade dos atletas de permanecer com a família. Efeito que seria maior, na visão de pessoas do Palmeiras, com a presença na capital paulista.

O treinador, respaldado pela direção para isolar o time neste momento da temporada, direcionará os dias em Atibaia para trabalhos táticos, com atletas que, por exemplo, nem sequer devem atuar no jogo do próximo dia 6 contra o Atlético-PR, no Allianz Parque.

O presidente Mauricio Galiotte, questionado pelo UOL Esporte, apoiou Cuca. "A ida para Atibaia foi uma solicitação da comissão técnica, que tem o objetivo de fazer um trabalho focado, de integração, além de aumentar ainda mais o nível de concentração do grupo", declarou o presidente.

"Obviamente atendi ao pedido. Entendo que é dever do presidente fazer tudo o que estiver ao alcance dele para o time obter êxito", acrescentou Mauricio Galiotte à reportagem.

Além de controlar mais o grupo, Cuca também conta com um fator de superstição para escolher Atibaia. Foi na mesma cidade e hotel que o treinador trabalhou em momentos pontuais da campanha de 2016. Em quatro momentos no ano passado, o treinador recorreu ao isolamento.

Depois de início ruim no Palmeiras, com quatro derrotas, Cuca retornou do Interior e obteve a primeira vitória no comando. Antes do início do Brasileiro, montou a equipe ideal para iniciar a campanha de arrancada para o título; a equipe ainda viajou para Atibaia em duas oportunidades durante a vitoriosa trajetória na Série A do ano passado.

Antes da vitória no dérbi fora de casa contra o Corinthians, em um dos jogos mais icônicos da campanha (triunfo por 2 a 0), Cuca recorreu a Atibaia. Antes das três rodadas finais, após importante empate contra o Atlético-MG, novamente o treinador levou o grupo para o Interior. Em 2016, deu certo.