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Corinthians joga em cidade que "encolheu" e pode até deixar de existir

El Salvador tem menos de 8 mil habitantes, mas o estádio abriga quase 21 mil - Divulgação/Codelco
El Salvador tem menos de 8 mil habitantes, mas o estádio abriga quase 21 mil Imagem: Divulgação/Codelco

Leandro Miranda

Do UOL, em São Paulo

17/02/2016 06h01

Um grande acampamento de mineiros no meio do deserto do Atacama, a mais de 2.400 m de altitude, com um estádio que tem capacidade para abrigar quase o triplo da população. Assim pode ser descrita El Salvador, a cidade chilena que receberá o Corinthians para o jogo desta quarta-feira contra o Cobresal, pela Copa Libertadores - e que corre até risco de deixar de existir em alguns anos.

O problema é que a mineração de cobre, atividade que sustenta toda a economia local, vive uma crise. As reservas do minério em El Salvador estão acabando, o que faz com que as minas da região deem prejuízo há anos à estatal Codelco. As minas quase fecharam no início da década e ainda correm risco de fechar, o que fatalmente transformaria a cidade em um "acampamento fantasma".

Enquanto isso, a população da cidade diminui ano a ano. No auge da mineração nos anos 1980, havia entre 15 e 24 mil pessoas vivendo em El Salvador; atualmente, o número não chega a 8 mil. Para se ter uma ideia, o Estádio El Cobre, que teve a capacidade aumentada quando o Cobresal se classificou para a Libertadores de 1986, pode abrigar quase 21 mil pessoas.

O plano original da Codelco era diminuir gradativamente as atividades das minas da região, até fechá-las totalmente em 2011. Porém, segundo o presidente executivo Nelson Pizarro, um aumento no preço do cobre no início da década "estendeu a vida" de El Salvador. Há dois anos, porém, os preços voltaram a cair, aumentando a crise e trazendo novamente a ameaça do fechamento.

Mina de El Salvador, casa do Cobresal - Divulgação/Codelco - Divulgação/Codelco
Cobre está acabando nas minas de El Salvador, e existência da cidade está em risco
Imagem: Divulgação/Codelco

Para tentar salvar novamente El Salvador, a Codelco tem um projeto - que já deveria estar em funcionamento desde o ano passado, mas ainda se encontra em "fase de estudos" - para modernizar as minas, baixando os custos operacionais e elevando a produção. A ideia é transformar algumas minas subterrâneas em locais a céu aberto. A estatal alega que isso possibilitaria esticar a vida útil do local "por pelo menos mais 25 anos".

Enquanto a obra não sai do papel, a alternativa é transferir trabalhadores das minas e famílias de El Salvador para outras cidades. Com o local "encolhendo" em meio ao deserto, o Corinthians pode ter ao menos uma certeza nesta quarta: o Estádio El Cobre não estará lotado para sua estreia na Libertadores.