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Andres Kudacki/AP

Lateral do Barcelona reclama de dores após jogada com Pepe na Liga dos Campeões

11/05/2011 - 07h07

"Teatro" de Daniel Alves em campo gera críticas da arbitragem brasileira

Luiz Gabriel Ribeiro
Em São Paulo

Daniel Alves está no centro de uma polêmica no futebol europeu. Acusado de tentar enganar os árbitros com simulações e exageros, o lateral do Barcelona é visto como herói pela torcida do time catalão e como vilão pelos rivais. A arbitragem brasileira entra na discussão e não poupa críticas ao comportamento do jogador em campo. O “teatro” seria apenas uma confirmação de prática típica futebol nacional, de acordo com a entidade que representa os juízes no país.

Questionada pelo UOL Esporte sobre como os árbitros brasileiros devem se comportar diante de uma simulação, a Anaf (Associação dos Árbitros de Futebol) ataca os jogadores que aproveitam a chance para cavar uma expulsão do adversário em qualquer disputa de bola mais forte.

Segundo a presidente da entidade, Marco Antônio Martins, a prática é recorrente entre os jogadores brasileiros, seja no futebol nacional ou no exterior. “O brasileiro sempre tenta cavar um pênalti ou qualquer falta que o beneficie. Quando consegue, o grande culpado é o árbitro. Mas o culpado deveria ser o jogador, que tenta iludir o juiz da partida”, comenta o dirigente.

Daniel Alves, criticado duramente pela imprensa de Madri por ter simulado uma falta de Pepe, é um dos alvos dos árbitros europeus. O lateral do Barcelona conseguiu que o zagueiro/volante do Real fosse expulso e voltou para o campo sem nada sentir logo em seguida. O lance aconteceu no jogo de ida das semifinais da Liga dos Campeões. O Barça se beneficiou do fato de ter mais jogadores em campo e venceu por 2 a 0.

“O importante é a crítica feita em cima desse caso. Para a torcida brasileira, o jogador é um Deus porque conseguiu enganar o árbitro. Mas lá na Europa não há essa cultura”, explica o presidente da Anaf, que defende os árbitros do Brasil com o argumento de que eles são vítimas, com maior regularidade, dos teatros de jogadores.

DANIEL ALVES TEM "VEIA ARTÍSTICA"

  • Reprodução

    A fama do lateral brasileiro de sempre tentar iludir os árbitros com simulações pode ser explicada com um episódio, no mínimo curioso. O baiano participou do filme "Guerra de Canudos", antes de se tornar jogador profissional. O longa foi rodado em Juazeiro, na Bahia, e Daniel Alves trabalhou como figurante.

    "Eles estavam gravando lá o filme e precisavam de pessoas para trabalhar como figurantes. E pelo trabalho eles davam a alimentação e R$ 5 ou R$ 10 por dia. Então ninguém queria perder essa boquinha. Consegui sair no filme. Mas acho que ninguém vai me conhecer porque eu estava ali no meio de todo mundo", lembrou Dani Alves, em entrevista à TV Globo em 2010.

“O ser humano não consegue acompanhar a velocidade do jogo. Para virar herói, o jogador sempre tenta iludir o árbitro”, critica Martins. Daniel Alves é alvo da fúria da torcida do Real Madrid desde o jogo em que definiu a expulsão de Pepe. A imprensa de Madri, que costuma defender o time merengue, também acompanha os passos do lateral-direito.

O diário Marca já chamou o atleta de mentiroso pela jogada no clássico da Liga dos Campeões. O Real Madrid também não perdeu a oportunidade de atacar Dani Alves. Um vídeo divulgado pela TV oficial do clube merengue chama Daniel de "especialista" em simular e mostra que Pepe não chegou nem a tocar na sua perna. (veja acima)

Nesta segunda-feira, o jornal AS, também de Madri, publicou, em sua edição on-line, uma montagem com outra “encenação” do lateral da seleção brasileira. A jogada aconteceu no último domingo, quando o Barcelona enfrentou o Espanyol, pelo Campeonato Espanhol.

Daniel Alves foi atingido no pescoço por Callejón em uma disputa de bola e caiu no chão sentindo dores no rosto. O juiz ignorou a suposta lesão do jogador e não puniu o jogador do Espanyol. O lance não teve maiores consequências. A atitude do brasileiro, no entanto, foi alvo de críticas da publicação.

Segundo o presidente da Anaf , os vídeos – como o produzido pelo Real e o divulgado pelo diário As – podem ajudar, mas desde que sejam utilizados durante a disputa. “O tribunal deve indiciar jogadores que fazem isso, porque o árbitro não consegue ver tudo o que acontece. A imagem facilitaria a vida da arbitragem, mas não sei se isso seria bom para o futebol, para o espetáculo”, encerra Martins.

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