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Após confusão, PM espera Bota para definir segurança de "decisão" com Fla

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

18/08/2017 04h00

As confusões na primeira semifinal da Copa do Brasil entre Botafogo e Flamengo deixaram a Polícia Militar em alerta para o confronto de volta entre as equipes, quarta-feira (23), às 21h45 (de Brasília), no Maracanã. O jogo se tornou um dos mais complicados nos últimos tempos e o Gepe (Grupamento Especial de Policiamento em Estádios) trabalha com ações preventivas para neutralizar confrontos entre torcedores nos arredores dos estádios e bairros próximos.

O aparato de segurança para a partida que vale uma vaga na final da Copa do Brasil será reforçado. A previsão é a de que o número de agentes gire na casa de mil, incluindo stewards, segurança privada, guardas municipais e policiais. O planejamento, no entanto, só será fechado com o acompanhamento da venda de ingressos para a torcida do Botafogo.

Visitante no Maracanã, o Alvinegro terá pouco mais de 5 mil bilhetes para os seus torcedores. A carga à venda é de 49.780 ingressos. A total - com gratuidades para idosos, crianças, etc. - é de 59.995 entradas. Caso os botafoguenses esgotem os ingressos disponíveis, a PM reforçará ainda mais o aparato. Tudo para evitar possíveis cenas de selvageria como as vistas nos arredores do Engenhão e em alguns bairros do Rio de Janeiro.

“É importante destacar que não houve confronto entre as torcidas de Flamengo e Botafogo dentro e no entorno do estádio. Tivemos episódios pontuais e um enfrentamento de torcedores do Botafogo com a Polícia Militar após o jogo. Não esperamos a repetição disso no Maracanã”, afirmou o Major Sílvio Luiz, comandante do Gepe.

“Sabemos que a torcida do Flamengo deve esgotar os ingressos, mas o nosso planejamento se baseia na torcida visitante também. Monitoramos a venda de bilhetes para os torcedores do Botafogo. O aparato crescerá quase que na mesma proporção com a qual o setor visitante receber público. O Gepe realiza o mesmo trabalho de prevenção para evitar confrontos, escolta as torcidas e trabalha junto com o serviço de inteligência da Polícia Militar”, completou.

O comandante do Gepe relatou uma piora considerável no ambiente dos jogos no Rio de Janeiro a partir de 2015, quando foi autorizada a venda de bebidas alcoólicas na parte interna dos estádios. O Major tratou o caso como uma questão comportamental e não escondeu a preocupação com o crescimento dos enfrentamentos entre torcedores e PMs.

“Observamos que desde 2015, quando foi liberada a venda de bebida alcoólica, a coisa piorou radicalmente. O nível de enfrentamento do torcedor está absurdo. Enfrentam a Polícia, um torcedor rival. Não tivemos brigas entre torcidas nos últimos jogos, mas episódios de confusão pelo comportamento. Isso é o que nos preocupa atualmente”, encerrou.

Primeira semifinal tem série de confusões

Sobraram problemas no empate por 0 a 0 no Engenhão. Próximo ao início do jogo, torcedores do Flamengo se aglomeraram na entrada do Setor Sul e provocaram uma grande confusão. A PM identificou que alguns rubro-negros tentaram pular a roleta para acelerar o processo e fechou o portão. Muitos nem sequer portavam ingressos. A confusão só terminou no encerramento do primeiro tempo, quando todos os flamenguistas conseguiram entrar. Bombas de efeito moral, spray de pimenta e balas de borracha foram utilizados para controlar os ânimos.

Durante a partida, o torcedor do Botafogo André Luis Moreira dos Santos causou tumulto no Setor Leste Inferior. Ele foi acusado de injúria racial pelos familiares do jovem atacante rubro-negro Vinícius Júnior e foi detido em flagrante pelos policiais militares, que o encaminharam ao Juizado Especial Criminal (Jecrim) do local.

O torcedor negou as acusações feitas e disse que fazia gestos para mostrar que "tinha sangue do time". Apesar da decisão de responder em liberdade, foram adotadas medidas cautelares. André não poderá se ausentar do Rio de Janeiro durante a tramitação do processo, que correrá em segredo de Justiça, e nem frequentar os jogos do Botafogo, devendo se apresentar em uma delegacia.

Após o apito final, uma organizada do Botafogo entrou em confronto generalizado com a Polícia Militar na parte externa. Bombas, tiros de bala de borracha e muita correria tomaram conta da saída do Setor Norte. Os torcedores atiraram latas, pedras e paus.

De acordo com informações da PM, a confusão teve início enquanto a cavalaria se alinhava. Um cavalo fez um movimento brusco e torcedores passaram a atirar pedras e latas de cerveja. Os policiais, então, reagiram.

No bairro de Madureira, o Gepe prendeu 49 integrantes da organizada alvinegra Fúria Jovem. Eles portavam barras de ferro e pedaços de madeira em uma tentativa de emboscar integrantes de organizadas do Flamengo.

Foi o resumo de mais uma noite triste no futebol carioca. O alerta já está ligado para o clássico decisivo do Maracanã e o objetivo é que as cenas de barbárie não se repitam. Resta saber como será mais um Flamengo x Botafogo.