Jô vira bom moço corintiano após dispensa por baladas e atrasos no Inter
Ele é um dos mais dedicados em treinamentos, exemplo para os mais jovens, tem alto rendimento físico e tem sido essencial para a equipe dentro e fora de campo. Em 2012, quem fizesse tal afirmação sobre Jô seria chamado de lunático no Beira-Rio. Cinco anos depois, a frase é o resumo fiel sobre o centroavante que vive momento especial na carreira a serviço do Corinthians.
Nesta quarta-feira, dia de um decisivo Corinthians x Internacional pela Copa do Brasil, em Itaquera, Jô sem dúvida é um dos personagens mais emblemáticos. Poupado na última semana após jogar em 21 dos 22 jogos corintianos em 2017, ele reassume o comando do ataque para tentar levar sua equipe às oitavas de final da competição. O empate por 1 a 1 no Sul permite ao time da casa avançar até com um empate sem gols.
“Isso tudo [que ocorreu no Inter] já são coisas que fazem parte do passado”, disse Seu Dario de Assis, pai de Jô e grande seguidor da carreira do filho, ao UOL Esporte. “Já está na mídia que tudo isso foi apagado. Ele tem uma amizade com o D’Alessandro, com a diretoria do Inter. Também conversei com o Dorival no Santos [treinador de Jô no Beira-Rio] e ele falou que admirou o jeito do Jô, o jeito que ele mudou. São coisas que passaram”, reforça.
No Internacional, Jô fez poucas e boas
Descartado na Europa com apenas 24 anos, Jô chegou ao Internacional como reforço importante, mas praticamente só rendeu manchetes negativas.
Dois episódios, em especial, ficaram marcados. O centroavante deixou treinamento horas antes de viagem para a Bolívia e afirmou que tinha um mal-estar. De fora do embarque por conta própria, promoveu festa que acabou em caso de polícia durante a madrugada e acabou afastado pela diretoria.
Perdoado após mais de duas semanas, Jô sumiu após a eliminação para o Fluminense, na Copa Libertadores, no Rio de Janeiro. Desaparecido durante a madrugada, só voltou ao hotel do Inter pela manhã do dia seguinte. Com Dorival Júnior, na época, a relação se tornou insustentável.
"É uma decisão, Copa do Brasil, contra um ex-clube meu. Não guardo mágoa de ninguém de lá, fui punido por merecimento, por erros meus, mas sempre se trata de um jogo diferente. Vou com a mesma vontade, querendo ajudar o Corinthians", disse, em entrevista coletiva na última segunda, ciente de que errou.
A vida agitada de Jô no Rio Grande do Sul mexeu muito com seu Dario. “Você sabe que, se fosse depender dos pais nunca aconteceria nada de ruim com os filhos. Nessa época eu conversei bastante com ele, a mãe dele e eu estivermos em Porto Alegre depois de alguns atos que ele cometeu. Isso são coisas já superadas, hoje ele está bem tranquilo”, frisa novamente. O apoio da esposa Cláudia é outro ponto importante nesse processo.
Apesar de momentos de destaque ao lado de Ronaldinho no seu clube seguinte, o Atlético-MG, entre 2012 e 2014, Jô passou longe de uma transformação pessoal em Belo Horizonte. Na capital mineira, seguiu com uma vida noturna agitada, foi advertido em seu condomínio por conta de excessos e terminou sua história no clube, em que foi campeão da Copa Libertadores, com dispensa por indisciplina.
No Corinthians, Jô virou ponto forte do time e exemplo
Muito diferente do que se poderia esperar em razão de seu histórico, Jô dá mostras seguras de que mudou suas prioridades. Artilheiro dos clássicos, marcou contra os três rivais do Corinthians e foi a solução para um problema que o time tinha já havia muito tempo. Foram quase três meses de preparação, desde que foi contratado em outubro. O resultado é uma grande sequência de jogos.
“O Corinthians hoje é um clube com todos os recursos para cuidar de todos, tanto dele como dos outros jogadores, com grandes preparadores. Com isso ele está bem, tem uma nutricionista em casa que cuida bem dele, contratou uma empregada. E está sem contato com o álcool já vai fazer dois anos, o que ajuda qualquer um. Hoje é somente suco e água”, explica Dario.
Um dos pontos que chama a atenção é de como Jô se comporta como conselheiro para alguns garotos mais jovens, como Pedrinho e Léo Jabá. “Eu falei com ele como se sente, porque antes ele era um dos mais novos e os experientes é que o orientavam. Contra o Botafogo [quartas do Paulista], eu vi que os meninos erravam e ele mandava se acalmarem. O Carille admira ele no vestiário, é um jogador muito experiente, de Copa do Mundo”, compara o pai.
"Existe uma grande diferença [do passado], hoje sou um cristão. Ali foi um período da minha vida em que só pensei em mim mesmo, e achava que minhas atitudes não teriam consequências graves. Acho que fiz dois ou três jogos bons no Inter. Acarretou muita coisa. Foi uma passagem muito ruim na minha vida como profissional", concordou o próprio Jô.
Sem Jô no Beira-Rio há uma semana, o Corinthians passou dificuldades na frente. Oportunidades de gol foram desperdiçadas e a criação de jogadas diminuiu pela falta de um jogador com característica de pivô, capaz de reter a bola para a aproximação dos colegas. Com a volta dele, que jogou no limite de número de partidas em função da lesão de Kazim, reserva imediato, Carille tem um problema a menos para pensar em Itaquera.
FICHA TÉCNICA
CORINTHIANS X INTERNACIONAL
Data e hora: 19/04/2017 (quarta-feira), às 21h45 (Brasília)
Local: Arena Corinthians, em São Paulo (SP)
Transmissão na TV: Globo, Sportv, Fox Sports.
Árbitro: Marcelo de Lima Henrique (RJ)
Auxiliares: Eduardo de Souza Couto e Marcelo Correia (ambos do RJ)
CORINTHIANS: Cássio; Fagner, Balbuena, Pablo e Arana; Gabriel e Maycon; Jadson (Clayton), Rodriguinho e Romero; Jô. Treinador: Fábio Carille
INTERNACIONAL: Marcelo Lomba; Alemão (Charles), Léo Ortiz, Victor Cuesta e Uendel; Rodrigo Dourado, William e Felipe Gutiérrez; Roberson, Nico López e Brenner. Treinador: Antonio Carlos Zago
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