Juliano, invicto há 9 jogos, sonha com Guarani na elite e lamenta falta de assédio feminino

Luis Augusto Simon

Do UOL, em São Paulo

  • Carlos Sousa Ramos/AAN

    Juliano, goleiro do Guarani, está invicto há nove partidas na meta do clube bugrino na Série C

    Juliano, goleiro do Guarani, está invicto há nove partidas na meta do clube bugrino na Série C

Juliano dos Santos, goleiro do Guarani, tem ótima memória. Sabe exatamente qual foi o último gol que sofreu. "Foi do Wagner, do Guarani, pelo Paulistão", diz. O gol foi aos 38 minutos do segundo tempo e o jogo, dia 3 de março. Desde então, há mais de cinco meses, Juliano não sabe o que é buscar a bola no fundo das redes.

Foram nove partidas – todo o primeiro turno – pela Série C do campeonato Brasileiro. São 810 minutos – mais aqueles sete restantes do jogo contra o Mogi – que o fizeram bater o recorde de Neneca – goleiro do time campeão brasileiro em 1978 – que ficou invicto por 777 minutos.

"Neneca foi meu treinador no Guarani. Cheguei aqui em 2004 e subi para o profissional em 2008 e ele me ensinou muito. Nem acredito que eu tenho ultrapassado um goleiro do nível dele", diz Juliano.

Ele está se sentindo nas nuvens. Procura um termo de comparação para falar de sua alegria atual e, depois de algumas tentativas, opta por uma metáfora futebolística mesmo. "Eu estou feliz como se eu fosse o artilheiro do campeonato. Nunca na minha vida fiquei três jogos invicto e agora estou com nove. Nem dá para explicar direito, queria que não parasse nunca".

Juliano virou celebridade em Campinas. O assédio aumentou muito. "Aqui, temos o Guarani e a Ponte e a cobertura é muito centrada nesses dois clubes. Quando acontece alguma coisa desse tipo, a procura é grande mesmo".

E o assédio feminino? "Ih, não melhorou nada. Tá mais fácil catar a bola do que as meninas, mas eu não me queixo não", diz o goleiro, rindo bastante.

Juliano divide – em porções generosas – o mérito da invencibilidade. "Olha, vou falar sinceramente, tem dia que eu nem sujo o uniforme. Não vem bola. Nosso time está muito forte na marcação e isso ajuda muito".

Para explicar a marcação, Juliano utiliza um termo que Tarcísio Pugliese, treinador do clube, adora. Intensidade. "Nosso time joga com uma intensidade muito forte. A marcação começa com o Nena, nosso único atacante. Ele volta e fica em cima do volante. E ainda tem três meias que marcam a saída de bola do adversário. A gente disputa todas as bolas, não fica fácil para os atacantes dos outros times não. E eu aproveito. Sei do meu valor, mas o esquema é fundamental".

O esquema de marcação do Guarani foi estranhado por Juliano no começo, mas hoje é totalmente assimilado. "Eu nunca havia jogado assim, mas era o único. O Tarcísio trouxe nove jogadores que já atuaram com ele em outros times. E tem um entrosamento muito grande. Na defesa, tem o Feijão (lateral), o Paulão e o Júlio César (zagueiros), o Simeão e o Edmilson (volantes),"

Goleiro que não sofre gols tem seu nome muito falado. Juliano sabe que não é mais conhecido apenas em Campinas, mas garante que não tem ofertas para sair. "Meu contrato é até agosto de 2015 e eu queria estar na Série A, como Guarani, quando ele acabasse. Tenho uma dívida com o clube porque sofri com dois rebaixamentos, o Brasileirão do ano passado e o Paulistão desse ano. "

Juliano não pensa no futuro imediato, apenas no longínquo. Sabe que quando terminar a carreira voltará para Areiópolis, cidade de 12 mil habitantes, onde tem amigos e parentes. "Lá, eu saio para pescar e fazer churrascos. É uma vida tranquila, dá para jogar bola todo dia, sem preocupação".

Outra projeção para o futuro é muito mais curta. "No sábado, a gente pega o Madureira no Brinco. Não quero levar gol de jeito nenhum. Quero aumentar meu recorde e deixar o Guarani mais perto do acesso".

UOL Cursos Online

Todos os cursos