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Preteridos na Libertadores dão resposta e comandam virada do Palmeiras

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Leandro Miranda

Do UOL, em São Paulo

04/11/2018 04h00

O técnico Luiz Felipe Scolari costuma dizer que o Palmeiras não tem titulares e reservas, mas um grupo de jogadores no qual ele confia e de onde pode escolher "de olhos fechados". E no último sábado (3), na vitória por 3 a 2 sobre o Santos pelo Campeonato Brasileiro, o discurso do treinador recebeu uma comprovação. Jogadores que foram preteridos na eliminação do time na Libertadores no meio de semana foram justamente os protagonistas da virada, que fez a equipe virar a página do revés diante do Boca Juniors e dar mais um passo na busca pelo título nacional.

Thiago Santos, que Felipão optou por deixar na reserva de Felipe Melo contra o Boca, foi o melhor em campo no clássico. O volante foi um gigante na marcação e controlou praticamente sozinho os ataques santistas no primeiro tempo. Na segunda etapa, com o time de Cuca indo para cima e conseguindo criar dois gols a partir do lado direito da defesa palmeirense, Thiago foi deslocado para a lateral por Felipão e cumpriu a missão de frear o ímpeto alvinegro pelo setor.

"Ele (Thiago Santos) pode não ter esse conceito de um dos maiores jogadores do grupo do Palmeiras perante a torcida, ou até quem sabe a imprensa, mas é aquele jogador que todo técnico adora", disse Felipão. "Tem espírito, vontade e dedicação, e onde eu colocar para jogar, ele aceita e procura fazer o que é determinado. Ele sabe das suas limitações e supera todas elas com qualidade. Hoje tivemos dificuldades e ele foi para a lateral. Brinquei com ele e falei que talvez tenhamos um novo Cafu por aí".

O próprio Thiago é consciente de seu papel importante no elenco. "Acho que, por estar no Palmeiras, também tenho minhas qualidades. Claro que ele (Felipe Melo) é o titular agora, mas o Felipão confia em mim e eu trabalho para isso. Trabalho forte todo dia para dar conta do recado".

Outro nome decisivo na vitória sobre o Santos foi Victor Luís. O lateral fez de falta o gol da vitória, em um momento tenso da partida, quando os alvinegros haviam acabado de empatar o jogo. Também foi firme na marcação e levantou a torcida com desarmes certeiros. Reserva de Diogo Barbosa, que foi o escolhido para jogar contra o Boca, o camisa 26 foi um dos atletas mais extasiados após o clássico.

"Estou muito feliz pela falta que pude cobrar, fazer o gol. Os companheiros até brincaram que saiu na hora certa, pude ajudar a equipe a conquistar os três pontos. Foi o jogo da nossa superação, ouvimos de muitos que a equipe estava com a cabeça baixa pela eliminação, mas levantamos rápido, porque já tinha o Brasileiro, um jogo difícil, e o foco estava total nele", afirmou Victor Luís.

Até Borja, que começou na reserva de Deyverson contra o Boca mesmo sendo artilheiro da Libertadores, teve participação decisiva contra o Santos. Foi do camisa 9 o chute que Vanderlei espalmou para Dudu abrir o placar no rebote. Ele saiu nos últimos minutos para a entrada do próprio Deyverson, que acabou arrumando confusão com os jogadores adversários após o apito final ao comemorar com uma dança no meio-campo.

Após uma maratona intensa de jogos, em que Felipão sempre procurou rodar ao máximo o elenco, o Palmeiras terá agora um raro respiro no meio da semana. O time volta a campo apenas no próximo domingo (11), contra o Atlético-MG, em Belo Horizonte, e os jogadores só se reapresentam na terça (6). Para Scolari, que admitiu o desgaste dos atletas pela maratona de jogos, é uma boa notícia. Mas o clássico mostrou que o treinador pode contar com bem mais que os 11 titulares, e ele sabe disso.