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Lisca diz que não há tempo para 'jogo bonito' e vê grupo do Inter abalado

Jeremias Wernek e Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

27/11/2016 19h57

O Inter venceu o Cruzeiro por 1 a 0. No gol, cinco jogadores se atiraram no gramado chorando. E o lado psicológico é o que chama atenção do técnico Lisca. Na avaliação do jogo, o treinador afirmou que não há tempo para 'jogar bonito' e que o trabalho fora de campo será muito forte durante esta semana. 

"O resultado é o mais importante. Independente da atuação, parte tática, sincronismo do time, não tenho tempo para meus conceitos, porque são bem diferentes dos que estava sendo feitos aqui. Tenho que ter calma para não dar um choque nos jogadores. Tenho que ter calma para não dar um choque de treinabilidade no elenco. Tenho é que parabenizar meus atletas. Vamos ter clarividência nesta semana e trabalhar o aspecto anímico. Tem um aspecto muito pesado aqui. O time fez o gol, cinco jogadores caíram chorando. Nunca passei por isso na minha vida, cara. Eu trabalho, mostro as chances de um momento assim, mas emocionalmente eu terei que conversar muito, usar o conhecimento de muitos anos. Temos analisado o perfil psicológico dos jogadores, temperamento, energia, vigor, estou fazendo tudo que posso. Será assim, na luta, na qualidade individual, porque coletivamente não teremos tempo e nossa equipe tem deixado a desejar", disse o treinador.
 
Em tom de desabafo, Lisca ainda citou a situação criada em torno do time em treinamentos e jogos. Proteção contra ações da torcida, pressão pela fuga do rebaixamento. 
 
"Temos feito um exercício de paciência, carinho, afeto com os jogadores. Mesmo quando não temos o rendimento que gostaríamos de ter. Jogar bem para nós é vitória. Não importa se vai fazer penetração, combinação, pressão, não dá. O que me preocupa é o resultado. E os treinos fechados, para mim, às vezes parece que sou o presidente do Estados Unidos quando estou chegando. Seguranças, muro, hoje pediram para minha família não vir... E veio, vai vir até o final. Ninguém tem medo de nada aqui. O estádio hoje não estava cheio, mas quero aproveitar e agradecer. Os colorados de fé estavam aqui. Gritaram, aplaudiam, o torcedor que está judiado, porque se está condenando uma instituição de mais de 100 anos. Levaram o time nas costas. Não vaiando mesmo nos erros. E cantando o hino do clube. Parabéns, torcedor, vamos escapar dessa e será por vocês", disse. 
 
O Colorado sofreu. Só venceu o Cruzeiro com gol de Valdívia aos 30 minutos do segundo tempo. Foi o suficiente para ir vivo à última rodada do Brasileirão. 
 
"Eu mostrei para eles meus vídeos no Ceará. Como é bom sair de uma crise e quando ninguém acredita há uma grande chance de conquista individual. De se sentir forte, que saiu disso e mostrou competência. Mostrei a festa que fiz no Ceará, gostaram pra caramba, riram. Podemos conseguir fazer parte da história do clube na crise. Para cima é fácil, quero ver é na dificuldade. Este é o desafio", explicou. "Mas é complicado. Reúno o grupo, conto minhas histórias, rimos para caramba. E quando vem o jogo, o clima está pesado de novo. Não tem jeito. É isso que temos que trabalhar muito", completou. 
 
O Internacional já se reapresenta nesta segunda-feira e começa preparação para a última rodada, diante do Fluminense. Saberá, ainda nesta segunda, também, se o Vitória irá ou não seguir tão próximo na classificação. O time baiano encara o Coritiba.