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"Mistura" de Tite e Muricy. Como Zé Ricardo controla o vestiário do Fla

Zé Ricardo completa cinco meses de trabalho no Flamengo cercado de muita conversa - Gilvan de Souza/Flamengo
Zé Ricardo completa cinco meses de trabalho no Flamengo cercado de muita conversa Imagem: Gilvan de Souza/Flamengo

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

27/10/2016 06h00

Zé Ricardo entrou pela primeira vez no Ninho do Urubu para dirigir um treino do time profissional do Flamengo há cinco meses. De interino após a saída de Muricy Ramalho a uma das revelações do Campeonato Brasileiro, o novato precisou de muita conversa para surpreender e ser efetivado no comando do Rubro-negro.

Zé Ricardo comanda treino do Flamengo - Gilvan de Souza/Flamengo - Gilvan de Souza/Flamengo
Zé Ricardo comanda treino do Flamengo
Imagem: Gilvan de Souza/Flamengo

Ele sempre foi apaixonado por futebol e um estudioso da bola. Faltava experimentar os bastidores do departamento profissional e passar pelo desafio de enfrentar personalidades nem sempre tranquilas. O começo da trajetória foi complicado, mas o novato colocou em prática uma espécie de mix de Tite e Muricy para controlar o vestiário e ajudar o Flamengo a brigar pelo título brasileiro.

O UOL Esporte levantou detalhes do dia a dia do Rubro-negro sob a direção do técnico de 45 anos. Zé Ricardo é bastante respeitado entre os atletas, mas sabe que sofre da máxima comum aos treinadores: quem joga, gosta. Quem não joga, já não gosta tanto assim. É na base da conversa que ele contorna os problemas.

Logo que assumiu, Zé se revelou um adepto da meritocracia tão defendida por Tite, comandante da seleção brasileira. Treinou bem? Jogou bem? Continua no time principal. Foi assim com a maioria dos titulares atuais do Flamengo. No início, o treinador sofreu alguns questionamentos, mas impôs o estilo e passou a ser respeitado mesmo pelos mais contrariados.

Se Zé Ricardo busca seguir a linha de Tite para escalar a equipe, fora de campo ele é muito parecido com Muricy. O morador de Vila Isabel, zona norte do Rio de Janeiro, não leva a amizade com os jogadores para fora do trabalho. Existe uma certa distância, da mesma forma com a qual o antecessor conduzia o dia a dia no Ninho do Urubu.

Emerson Sheik em treino do Fla - Gilvan de Souza/Flamengo - Gilvan de Souza/Flamengo
Emerson Sheik em treino do Fla
Imagem: Gilvan de Souza/Flamengo

Frente a frente com o polêmico Emerson Sheik

Com as caraterísticas pessoais e a forma de trabalhar reveladas, Zé Ricardo enfrentou situações delicadas para testar o controle do vestiário e o respeito dos atletas. Uma das primeiras foi com Emerson Sheik. O técnico não ficou satisfeito com o desempenho do atacante no Fla-Flu do dia 26 de junho. Eles conversaram no CT. O camisa 11 se machucou na sequência e passou a não ser relacionado.

Sheik voltou a jogar quase dois meses depois pela Copa Sul-Americana. Os dois conversaram bastante recentemente e a falada meritocracia entrou em campo. Depois de praticamente descartado, o atacante voltou a ser uma peça do elenco e foi até titular no duelo contra o Corinthians.

Guerrero durante treino - Gilvan de Souza/Flamengo - Gilvan de Souza/Flamengo
Guerrero durante treino
Imagem: Gilvan de Souza/Flamengo

Direto e reto com a estrela Paolo Guerrero

Desde que chegou ao Flamengo, Guerrero defendia o status de titular absoluto. Até que no dia 10 de setembro, o panorama mudou em uma atitude simples de Zé Ricardo e que abriu o debate entre os torcedores sobre o peruano ou Leandro Damião no comando de ataque. O camisa 9 voltou da seleção do Peru e se apresentou em Salvador para a partida contra o Vitória.

Guerrero chegou para jogar, mas não treinou e se colocou à disposição para os 90 minutos. Zé disse que não precisava e que entraria com Damião. O Flamengo venceu por 2 a 1 e o peruano nem sequer participou da partida. Ele também ficou fora contra o Palmeiras por conta de uma virose e só voltou ao time no duelo diante do Palestino pela Copa Sul-Americana.

O goleiro Paulo Victor durante treino - Gilvan de Souza/Flamengo - Gilvan de Souza/Flamengo
O goleiro Paulo Victor durante treino
Imagem: Gilvan de Souza/Flamengo

Maior problema é com Paulo Victor

Zé Ricardo tenta resolver todos os impasses através do diálogo mesmo com a pouca experiência, mas nem sempre é fácil dobrar as insatisfações. A principal delas é a do goleiro Paulo Victor com a reserva. Alguns bate-papos já aconteceram entre as partes desde que Alex Muralha assumiu a condição de titular para não mais largar.

É conhecido no Ninho do Urubu que PV não aceitou a escolha e também não fez questão de esconder a insatisfação. Até hoje o camisa 48 se incomoda, mas depois de uma conversa recente com o treinador, decidiu respeitar a decisão e trabalhar.

De mansinho, Zé Ricardo conquista o espaço. Se as escalações e certas mudanças ainda são questionadas pela torcida, a forma como passou a conduzir o dia a dia surpreendeu a diretoria. É na serenidade do novato que o Flamengo segue a busca pelo título. É também com o Zé que já se pensa 2017.

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