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Sonho cada vez mais real. Atlético-MG avança para ter estádio próprio

Projeção de que como vai ser o estádio do Atlético-MG, no bairro Califórnia, em Belo Horizonte - Reprodução
Projeção de que como vai ser o estádio do Atlético-MG, no bairro Califórnia, em Belo Horizonte Imagem: Reprodução

Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte

14/07/2015 15h41

Independência ou Mineirão? Pergunta que é feita pelo torcedor do Atlético-MG a cada jogo do clube. A diretoria alvinegra confirmou nesta terça-feira os locais das duas próximas partidas como mandante. Contra o Figueirense, dia 25, vai ser no Horto. Já contra o São Paulo, quatro dias depois, vai ser no Gigante da Pampulha. Mas em breve, essa pergunta deve deixar de ser feita entre os atleticanos.

Com local escolhido, terreno adquirido e projeto pronto, o Atlético está perto de viabilizar o sonho de voltar a ter o próprio estádio, como era até o final da década de 1960. Imagens do projeto já vazaram na internet e até foram parar em livro especializado em arquitetura brasileira. Nesta terça-feira, porém, foi a vez do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, conhecer detalhes da obra, como divulgou a Rádio 98FM.

Embora o evento não conste na agenda pública do político, o UOL Esporte apurou que além de Lacerda, alguns secretários municipais também tinham presença confirmada, pois se trata de uma obra de grande impacto para a cidade.

Oficialmente o Atlético não esconde o desejo da construção do próprio estádio. Há uma semana o presidente Daniel Nepomuceno foi perguntado sobre o assunto. O mandatário alvinegro não deu muitos detalhes, mas criou boa expectativa entre os torcedores. “Teremos boas notícias nos próximos meses”, disse em entrevista à Rádio Inconfidência.

Como pagar?

Sabidamente o orçamento do Atlético não está entre os cinco maiores do Brasil e o clube enfrenta uma série de problemas financeiros em função de bloqueios de receitas, por causa de débitos com o governo. Então, como pagar uma obra orçada em cerca de R$ 500 milhões? A resposta está no patrimônio do próprio clube. Boa parte deste valor seria proveniente da renovação de contrato para a exploração do shopping Diamond Mall, na região centro-sul de Belo Horizonte.

Construído no lugar do antigo estádio Antônio Carlos, no bairro de Lourdes, o Diamond é explorado pela Multiplan. A empresa especializada arcou com todo o custo da obra e em contrapartida tem o direito de administrar o empreendimento por 30 anos. Prazo que começou a contar a partir do final de 1996, data de inauguração do shopping.

Pelo balanço financeiro divulgado pelo Atlético, que já tem direito a 15% do faturamento anual do espaço, o Diamond Mall rendeu mais de R$ 60 milhões para a Multiplan em 2014. Em 2009 o clube já foi procurado para uma renovação de contrato, mas o acordo acabou vetado pelo conselho deliberativo na época. Renovar o contrato ou passar a administração para outra empresa daqui 11 anos é a principal alternativa para o Atlético levantar parte do que precisa para construir o próprio estádio.

Vender cadeiras cativas é outra maneira de arrecadar fundos para a construção. A diretoria cogita vender entre 2 mil e 5 mil lugares ao preço de R$ 50 mil cada. Com esse valor, é possível arrecadar pelo menos R$ 100 milhões, o que custearia 20% do estádio.

Parcerias

Fazer uma obra desse porte sem parceiros é impossível. E o Atlético já tem um confirmado e participando ativamente do trabalho. É a MRV Engenharia. Além de patrocinador do clube, a empresa mineira pagou R$ 8,5 milhões no terreno no bairro Califórnia, região noroeste de BH, e também os R$ 500 mil para elaboração do projeto, feito pela Farkasvölgyi Arquitetura.

Uma das principais construtoras do país, a MRV é presidida pelo atleticano Rubens Menin. Em março, tão logo que o projeto da Arena Multiuso de Belo Horizonte saiu no livro "Arquitetura Brasileira – 4ª Edição", Menin aumentou a expectativa dos atleticanos. “Todo grande clube de futebol precisa de um bom estádio.  No futuro, aquele que não tiver estará fora do jogo. Estádio de futebol potencializa enormemente receita do clube e logicamente aumenta a competitividade.  Receitas extracampo são fundamentais”, postou no Twitter.

Outro atleticano e potencial parceiro é Eduardo Gribel, diretor-presidente da Tenco Shopping Centers. Também patrocinadora do Atlético, a empresa tem bastante conhecimento de uma área de muito interesse do Atlético, já que o clube é proprietário do Diamond Mall e planeja a construção de um novo empreendimento comercial.

Formas de arrecadação

Fazer o estádio gerar receitas não somente em dias de jogos é o grande desafio da diretoria do Atlético. Tanto que além da Arena Multiuso com capacidade para 50.050 pessoas, a obra ainda contempla um centro comercial para mais de 200 lojas e um espaço para receber grandes eventos e congressos.

Camarotes, museu, estacionamento para 4.500 veículos e naming rights são outras opções do Atlético para fazer receita com o estádio. Aliás, a questão do nome é um dos motivos para o clube tratar com tanto sigilo algo que está tão próximo de se confirmar. Para não ter problemas como acontece com a Arena Corinthians, que foi apelidada de Itaquerão e segue sem conseguir negociar os naming rights.

A ideia da diretoria atleticana é fazer um contrato entre 15 e 20 anos de duração. Como o clube já saiu no mercado em busca de interessados, sondagens para negociar o nome do estádio por dez anos já apareceram. No entanto, um prazo curto, portanto, menos dinheiro em caixa.

Para 2018

Caso tudo prossiga como tem acontecido e o Atlético consiga viabilizar o dinheiro necessário para iniciar a obra, além de conseguir todas as autorizações necessárias, o início das obras do estádio seria em 2018. A expectativa é que a construção comece no primeiro semestre e com tempo estimado de dois anos e meio. Então, enquanto o sonho não sair do papel, o atleticano segue alternando entre Independência e Mineirão, mas com pensamento fixo no estádio próprio. Cada dia mais perto.