UOL Esporte Futebol de Areia
 
03/03/2010 - 07h00

Na contramão do masculino, futebol de areia feminino 'engatinha' por projeção

Renan Prates
No Rio Quente (GO) *

De um lado, a seleção masculina tricampeã do mundo pela Fifa em quatro edições disputadas. De outro, o simular feminino que anda na contramão desse processo, pois sequer existe. Na contramão dos homens badalados, as mulheres ainda buscam por projeção no futebol de areia feminino no Brasil.

GAROTAS AINDA BUSCAM SEU ESPAÇO

  • Débora Costa e Silva/UOL

    A goleira do Botafogo Christiane Brum se emocionou muito por ser eleita a melhor da Copa

  • Na Copa do Brasil, as meninas tiveram que se acostumar a dar entrevista para imprensa nacional

A modalidade para as mulheres ainda ‘engatinha’ no Brasil. Para se ter uma ideia, no fim do mês de janeiro os homens disputaram a Copa Latina de Beach Soccer no Rio Quente Resorts, no estado de Goiás. Como preliminar, foi realizada a primeira Copa do Brasil de Beach Soccer feminino, em condições bem incipientes.

A primeira competição para as mulheres na história do futebol de areia do Brasil foi disputada por quatro clubes: Goiás, Corinthians (que acabou se sagrando o campeão), Gama e Botafogo. Mas das agremiações citadas, apenas o time carioca tinha anteriormente uma equipe formada de Beach Soccer feminino – as outras três foram montadas exclusivamente para a competição.

O próprio Botafogo, inclusive, não tem uma estrutura sólida na modalidade. A equipe atual de futebol feminino dos alvinegros foi constituída apenas há seis meses. “Nós tínhamos uma escolinha que parou na gestão anterior. Mas dá para entender porque o Bebeto [de Freitas, ex-presidente] precisava focar na missão de tirar o time de futebol da ameaça da segunda divisão”, explicou Maurício Assumpção, atual presidente do Botafogo, que tem formação no futebol de areia.

O Corinthians, por sua vez, participou da competição representado por um combinado entre os times de futsal e futebol de campo. O Goiás foi representado por outra equipe (o Aliança) que apenas vestiu o seu uniforme. Para completar, o Gama havia sido montado apenas dez dias antes do início do torneio.

“Foram dez dias de treinos só. Tivemos que orientar principalmente as saídas de jogadas. Elas são meninas capazes, novas, que tem plenas condições de absorver o que lhes é passado”, explicou Gildo Seixas, técnico das meninas e coordenador da base do Vasco em Brasília.

Se nem um campeonato decente foi organizado, a seleção feminina de futebol de areia ainda não saiu do papel, como reconhece até o próprio presidente da Confederação Brasileira de Beach Soccer Paulo Cézar Fernandes.

“Gosto de ser realista. Começamos bem, mas tudo isso leva tempo. Em um projeto inicial, nos vejo transformando essa ideia em realidade em 12 meses”, reconheceu Fernandes, justificando a dificuldade de se obter patrocínio como uma das causas para a demora.

Fernandes explicou que o trabalho será coordenado por Alexandre Soares, atual técnico da seleção brasileira masculina. Ele ficará incumbido de escolher um treinador que iniciará as atividades com as meninas.

Alheias ao processo, as meninas que disputaram a primeira Copa do Brasil reconhecem que possuem o sonho de um dia fazerem parte da seleção feminina adulta de Beach Soccer. “Queremos ter as portas abertas para mais coisas, pois ainda não existe uma seleção nossa. São quatro times habilidosos de muitas meninas que sabem jogar bola”, declarou Christiane Brum, goleira do Botafogo.

* O repórter viajou a convite da organização do evento

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