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Interlagos será teste para motor da Ferrari após polêmica sobre ilegalidade

Charles Leclerc, da Ferrari, durante o GP dos Estados Unidos, em Austin - Clive Mason/Getty Images/AFP
Charles Leclerc, da Ferrari, durante o GP dos Estados Unidos, em Austin Imagem: Clive Mason/Getty Images/AFP

Julianne Cerasoli

Do UOL

13/11/2019 09h41

A Fórmula 1 chega a Interlagos neste final de semana com o campeonato definido: a Mercedes já é campeã por equipes e Lewis Hamilton ganhou pela sexta vez o título de pilotos. Mas muito destas duas conquistas foi construído na primeira parte da temporada. Desde julho, Mercedes, Ferrari e Red Bull têm se alternado nas vitórias, em uma disputa que tem tudo para se estender à próxima temporada e que tem gerado muitas suspeitas sobre o crescimento ferrarista de setembro para cá. Ou pelo menos até o último GP, nos EUA, quando a vantagem do time italiano nas retas desapareceu de uma hora para a outra.

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Nos bastidores, a Red Bull vinha enviando uma série de questionamentos à federação a respeito do funcionamento do motor da Ferrari. É assim que as equipes de F-1 tentam impedir que uma rival faça algo fora do regulamento: tentam descobrir o que há de diferente e perguntam à FIA se poderiam reproduzir isso no próprio carro ou motor. Logo antes do GP dos EUA, a Red Bull acredita que, finalmente, descobriu o que a Ferrari estava fazendo. A FIA enviou uma diretiva técnica (algo como uma emenda ao regulamento) dizendo que não era permitido alterar o fluxo de combustível além do limite de 100kg/h. Depois que essas "emendas" são publicadas, qualquer brecha que uma equipe consiga não pode mais ser usada, e os dados de GPS, que as equipes usam para calcular a aceleração dos carros, mostravam que a vantagem de 0s8 a 1s2 nas retas da Ferrari, dependendo da pista, tinha se tornado apenas 0s4.

O chefe ferrarista, Mattia Binotto, negou que a equipe tenha sido pega usando algo ilegal no motor, e justificou que, nos EUA, o time mudou a filosofia de acerto do carro visando ganhar velocidade nas curvas, mesmo sabendo que isso tiraria rendimento das retas.

Mas a tática não funcionou. Único ferrarista que terminou a prova, Charles Leclerc foi o quarto, a 52s do vencedor Valtteri Bottas. Na prova anterior, no México, e sem a tal "emenda" ao regulamento, Sebastian Vettel chegou em segundo a 1s do vencedor Lewis Hamilton.

A pista de Interlagos é particularmente dura para os motores por dois fatores: é a terceira prova disputada sob maior altitude no ano, atrás justamente do México e da Áustria, e uma volta no circuito paulistano tem 74% de aceleração plena, com um grande trecho de pé embaixo que vai da saída da Curva do Café até a freada do S do Senna, além de outro trecho na reta oposta.

A Ferrari já anunciou que Charles Leclerc vai ter de trocar componentes de seu motor e perderá 10 posições no grid como punição. Em compensação, o monegasco terá um motor novinho em folha para as duas últimas etapas.

A polêmica do motor ferrarista é importante porque o regulamento se mantém estável para a próxima temporada, e as equipes estão investindo em soluções que possam ajudá-las a acabar com a hegemonia de seis títulos seguidos da Mercedes ano que vem.

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