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Erros, punições e sombra de Leclerc: o que há de errado com Vettel?

Sebastian Vettel enfrenta problema no treino do GP da Alemanha  - Kai Pfaffenbach/Reuters
Sebastian Vettel enfrenta problema no treino do GP da Alemanha Imagem: Kai Pfaffenbach/Reuters

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Singapura (SIN)

18/09/2019 04h00

Há mais de um ano sem vencer, atrás do companheiro pouco experiente no campeonato, a três pontos de levar uma corrida de suspensão e cometendo uma série de erros não-forçados já há algum tempo. Nem parece que o piloto em questão é um tetracampeão do mundo. Mas o que explicaria o momento tão ruim de Sebastian Vettel? É claro que, quando os resultados não vêm, é normal o piloto entrar em uma espiral negativa mas, no caso do alemão, tudo começa com o seu próprio estilo de pilotagem.

"Acho que é uma questão técnica", opinou recentemente Juan Pablo Montoya. "Acredito que ele não goste de algo no carro ou nos pneus deste ano, e Leclerc consegue se adaptar melhor. Vettel tem de sofrer para ser tão rápido quanto ele. E, porque ele tem de sofrer e não está confortável, ele comete erros."

O último deles aconteceu no GP da Itália. Sozinho, Vettel rodou no meio da variante e, quando retornou à pista, ainda colidiu-se com Lance Stroll. Além de ter sido punido na corrida, ele levou três pontos de pena e está a três de ser banido por uma corrida, caso se envolva novamente em alguma manobra ilegal até o GP do México, em meados de outubro. É a segunda vez em pouco menos de dois anos que ele chega tão perto dos 12 pontos que geram a suspensão automática.

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Mais do que isso, o último erro de Vettel veio em um fim de semana no qual ele estava sob os holofotes, na casa da Ferrari. Quando rodou, o alemão estava em quarto na corrida, vencida pelo companheiro Charles Leclerc, que de quebra lhe tirou do quarto lugar no campeonato.

Não que os erros sejam de hoje. A maré negativa começou quando ele liderava o GP da Alemanha do ano passado e escapou da pista, ficando na brita. Nas corridas seguintes, ele ainda teria toques com Lewis Hamilton - novamente em Monza - e com Max Verstappen, no Japão. Erros que se repetiriam neste ano no Bahrein e em Silverstone. No Canadá, ele novamente escapou da pista quando estava sob pressão de Hamilton e acabou punido, perdendo a vitória mesmo tendo liderado a prova de ponta a ponta.

A maioria dos erros, portanto, aconteceu em disputas por posição, nas quais Vettel julgou mal as manobras. Nos anos do tetracampeonato, o alemão não teve tantas disputas - das 52 vitórias que Vettel conquistou na carreira, 47 foram largando na primeira fila e ele nunca venceu saindo atrás do terceiro lugar - então esse aspecto não foi tão testado.

Entretanto, a maior diferença para Vettel atualmente, como aponta Montoya, é a necessidade de adaptação de seu estilo de pilotagem. A grande força do carro da Red Bull com o qual ele foi tetracampeão era a estabilidade na parte traseira devido à melhor exploração do que ficou conhecido como escapamento soprado. A partir de 2014, contudo, o escapamento foi reposicionado mais acima para evitar que gases fossem usados para fins aerodinâmicos, e esse foi o início dos problemas para Vettel, ainda na Red Bull.

Essa mudança nas regras veio acompanhada da adoção dos motores turbo, que geram um torque mais potente. São dois fatores que ajudam a tirar a estabilidade da traseira do carro, minando a confiança do piloto.

Vettel precisa de mais estabilidade na traseira que outros pilotos devido a seu estilo de virar o volante agressivamente e já posicionar o carro para poder acelerar o antes possível. E é muito mais difícil fazer isso hoje em dia do que na época de seus quatro títulos.

Para piorar, neste ano, a Ferrari começou o ano com um carro muito instável na dianteira e, para corrigir isso, o time foi acrescentando soluções que, como subproduto, ajudaram a tirar ainda mais estabilidade da traseira, principalmente na série de evoluções pós-GP do Canadá. Não coincidentemente, desde então Vettel não consegue mais bater Leclerc em classificações, e perdeu a vantagem que tinha sobre o companheiro no campeonato.

Aos 32 anos, alemão ainda tem mais um ano de contrato com a Ferrari e vem condicionando sua permanência na Fórmula 1 ao que for decidido a respeito do regulamento para 2021. Espera-se que as regras sejam divulgadas mês que vem. Os carros voltam à pista neste final de semana, no GP de Singapura.

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