Emerson critica patrocínio da Petrobras na F-1 sem retorno para brasileiros
Enquanto se acomodava em uma das 26 baias para entrevistas em evento do Laureus, tradicional prêmio conhecido como Oscar do Esporte e realizado no principado de Mônaco, na última segunda-feira (18), Emerson Fittipaldi não desgrudava os olhos da tela de seu celular sobre a mesa.
"Estou vendo aqui uma live (transmissão em tempo real) de uma prova porque meu filho corre daqui a pouco na Flórida (nos Estados Unidos)", explicou à reportagem o bicampeão da F-1, que se preocupa com o futuro brasileiro na categoria.
O pequeno Emmo, de apenas 11 anos, é o mais novo membro da família Fittipaldi a desbravar as pistas com um kart, disputando uma categoria para garotos mais velhos, que possuem entre 12 e 15. Na linha sucessória que tem como grande sonho o retorno do clã à Fórmula 1, ele está atrás de outros dois nomes: Pietro, que participou de teste pela equipe Haas nesta semana, durante pré-temporada em Barcelona, na Espanha, e Enzo, que teve o melhor desempenho da Academia da Ferrari em 2018.
Num futuro breve, os dois netos de Fittipaldi são parte da esperança de mudar o panorama atual na principal categoria do automobilismo, que não conta com qualquer brasileiro entre os seus pilotos titulares para 2019. O mesmo cenário havia sido acompanhado no ano passado, a primeira vez em que o país ficou sem representante desde 1970.
"Ainda tem o Sette Câmara, o Pedro Piquet e uma turma boa chegando", acrescenta o hoje empresário de 72 anos.
Para Fittipaldi, uma possível melhora na situação do Brasil com o novo presidente Jair Bolsonaro seria a chance de trazer uma política de esporte que permitiria um trabalho mais eficiente na formação de pilotos.
"Eu vejo o futuro do Brasil muito bom com tudo que está acontecendo. Esperamos que vá ter muito menos roubo, muito menos trapalhada no governo e que a gente tenha incentivo ao esporte da maneira correta e base", analisou o bicampeão mundial, dando um exemplo do que poderia ser revisto.
"Por exemplo, a Petrobras patrocinou a Williams não sei quantos anos e nunca tinha piloto brasileiro. Patrocinou a McLaren no ano passado (Nota da redação: ainda patrocina) e não tinha piloto brasileiro. Qualquer estatal do mundo inteiro… A Elf (antiga estatal francesa), é lógico que põe piloto francês, é o óbvio. Então, essas coisas é que estavam erradas no Brasil. Tinha que ter empresário no Brasil acreditando mais e apoiando. Não é só querer tirar do automobilismo. É investir", prossegue.
"É que nem meu filho (Emmo) correndo de kart agora. O patrocínio para ele é um apoio. Qual o marketing que a empresa vai ter? Quase nenhum. É que nem futebol de várzea. Você tem que incentivar com recurso para dar chance. Às vezes, eu paro no farol no Brasil, olho motorista de táxi e falo assim: "será que esse cara seria campeão mundial de Fórmula 1?" Eu digo: "seria, mas tenho que dar chance". Tem que ter uma máquina no Brasil para descobrir novos talentos no automobilismo, com custo muito baixo e apoio de empresários", completa.
Para sustentar o seu raciocínio, o bicampeão mundial de Fórmula 1 ainda faz um paralelo com a realidade do futebol para mostrar a importância de conciliar o trabalho de formação e a abertura de espaço através de empresas como a Petrobras.
"Eu fui almoçar agora com o Ronny (Lopes), jogador brasileiro e português. Ele que me trouxe aqui. O futebol brasileiro tem o país inteiro (repleto) de jogador. A base do automobilismo, que é o kart, tinhade ter depois um campeonato de fórmula no Brasil de custo muito baixo. Assim, o moleque jovem acaba de correr e tem uma fórmula para correr para ver se dá para o negócio, tem talento, entusiasmo", diz.
"(Hoje) A Stock Car já é o top e tem gap, muitos deles que estão lá já foram para Europa e voltaram porque não tem uma base. Tinha que ter uma reestruturação do automobilismo brasileiro, uma...", continua, antes de subitamente interromper.
"Ele (Emmo) é o próximo (na pista)", sorri, enquanto checa o tempo real da corrida de seu herdeiro no celular.
"(Tínhamos de ter) Uma categoria de custo muito econômico para a molecada sair do kart. Quando falo em molecada, quero dizer 15 anos, tem que ser a idade mínima, e começar a correr no Brasil, não ter que sair para outro país", finaliza.
Além de Emerson, que negou enfrentar qualquer crise financeira após varredura da Justiça não encontrar dinheiro em suas contas, a família Fittipaldi teve o seu irmão Wilsinho, que passou pela Brabham e Copersucar, e seu sobrinho Christian, de Minardi e Arrows, como pilotos na Fórmula 1.
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