Como Fittipaldi impressionou chefe e conseguiu vaga de piloto de testes

Julianne Cerasoli
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Foram meses de negociação, com direito a um grave acidente quando as duas partes estavam perto de se acertar, mas Pietro Fittipaldi enfim conseguiu a vaga de piloto de testes da equipe Haas e pilotou um Fórmula 1 pela primeira vez na semana passada, em um teste da fornecedora de pneus Pirelli em Abu Dhabi.

Mas nem tudo são flores para o brasileiro, que deixou a chance de disputar provas em outras categorias enquanto atua em sua nova função. E é justamente por esta dedicação que o jovem de 22 anos conquistou a vaga, segundo o seu chefe, Guenther Steiner, revelou ao UOL Esporte.

"Ele fez um pouco de tudo, então tem uma boa compreensão das corridas. E ele realmente quer fazer isso. Há muitos pilotos jovens que não querem esse papel de piloto de testes porque você não fica sob os holofotes. Eles preferem fazer a F-2 ou a F-3, querem correr, enquanto ele quer realmente experimentar a F1 de maneira que some algo à equipe. É difícil encontrar pessoas nessa idade que queiram fazer isso. Eles falam 'eu quero correr para mostrar que sou bom'. Acho que ele é bem confiante em relação a sua capacidade e quer aprender mais sobre a F1. É difícil conseguir uma vaga na F1, então acho que é uma maneira genuína de tentar."

No entanto, a agenda de Pietro com a Haas praticamente impossibilita que ele busque, pelo menos em 2019, os pontos que de que necessita para ter a superlicença que o habilita a disputar corridas na F1. Ele atualmente tem 20 pontos pela conquista da World Series em 2017 e precisaria de mais 20 para conseguir o que é uma espécie de carteira de motorista para pilotos de F1.

Para isso, precisaria, por exemplo, ser ao menos quinto na F-2 ou campeão da Super Formula japonesa, por exemplo. Mas o fato de ter de fazer a correlação entre o que os pilotos testarem na pista nos treinos livres de sexta-feira nas 21 etapas da F1 no simulador da Ferrari, que será usado pela Haas, em Maranello, dificulta que ele dispute estes campeonatos.

Outros pilotos, como Antonio Giovinazzi pela Ferrari, fizeram isso no passado, mas já tendo os pontos suficientes - o italiano será titular da Sauber em 2019. Mas Pietro escolheu o caminho inverso - ter a experiência de F1 antes dos pontos - e ganhou o respeito de Steiner pela opção.

"Pietro quer fazer isso porque ele quer chegar na F1 e vai fazer testes na pista porque precisamos fazer isso para ter uma boa correlação entre o simulador e a pista", explicou.

"Acertamos de ele fazer testes e trabalhar no nosso simulador porque somos uma equipe jovem e estamos procurando áreas em que precisamos melhorar, e para ano que vem decidimos ter um programa de simulador nosso. Então na sexta à noite o Pietro vai testar acertos para o carro, assim como quando desenvolvermos novas peças aerodinâmicas. É ele quem vai testar primeiro."

Como é comum entre os pilotos de teste, incluindo titulares de algumas equipes, Pietro trará apoio de seus patrocinadores à equipe, mas Steiner não acredita que o sobrenome em si faça diferença, ainda que a Haas seja um time norte-americano, mercado em que o sobrenome Fittipaldi, por conta principalmente das vitórias de Emerson na Indy, é muito forte.

"O sobrenome ajuda - claro que não atrapalha - mas também coloca mais pressão. Eu não quero trazer nenhum benefício para a equipe por causa de seu avô. Se eu quisesse que Emerson fizesse algo para nós, o contrataríamos. Meu interesse não é fazer marketing, mas melhorar a equipe."

Ainda não está confirmado quando Pietro subirá no carro da Haas novamente. Os testes da pré-temporada da Fórmula 1 começam só em fevereiro e a temporada, em março.