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Falta de ultrapassagens na primeira corrida já faz F-1 repensar carros

Largada do GP da Austrália, em Melboune - Octane/Action Plus via Getty Images
Largada do GP da Austrália, em Melboune Imagem: Octane/Action Plus via Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Melbourne (MEL)

26/03/2018 04h00

A Fórmula 1 usou pela primeira vez três zonas de ativação da asa traseira móvel (normalmente são duas ou até uma) na etapa de abertura da temporada na Austrália, no último domingo (25). Mas nem assim as ultrapassagens, que foram um problema na última temporada, ficaram mais fáceis. A ponto de alguns pilotos já começarem a demonstrar preocupação.

E o temor tem fundamento. Embora o circuito de Albert Park seja conhecido por dar poucas oportunidades de manobras, uma vez que a maior parte das curvas é de média velocidade e o carro que persegue um rival sofre mais com a turbulência deste, a dificuldade foi maior na corrida vencida pelo alemão Sebastian Vettel, da Ferrari, e existe uma explicação lógica para isso.

A categoria passou por uma mudança de regras antes de 2017 que aumentou a pressão aerodinâmica dos carros, ou seja, fez com que eles se tornassem mais dependentes de um ar limpo para se manterem estáveis. O lado bom disso é que os carros estão bem mais rápidos e vários recordes de pista têm sido batidos. Mas o lado ruim é que os pilotos simplesmente não conseguem se aproximar o suficiente do rival que vai à frente para tentar uma ultrapassagem.

Para piorar, a tendência é que, na segunda temporada deste conjunto de regras, os carros fiquem ainda mais velozes - a pole position de Lewis Hamilton em Melbourne já foi um segundo mais rápida que a melhor volta de 2017 em Albert Park - e as manobras, mais raras.

Falando ao UOL Esporte após chegar em quarto lugar na Austrália e passar boa parte da prova colado na traseira de Kimi Raikkonen, Daniel Ricciardo expressou sua preocupação. “Acho que os carros ficaram um pouco rápidos demais para tornar as ultrapassagens possíveis. O DRS ajudou um pouco a se aproximar do carro que ia à frente e eu consegui passar o Hulkenberg durante a corrida usando a asa. Também é verdade que essa é uma pista difícil de passar, então veremos o que dá para fazer para melhorar isso”, disse o australiano.

“Eu gostaria de saber a opinião dos outros pilotos. Se eles gostariam de andar rápido mas sem ultrapassagens ou se gostariam de ser um pouco mais lentos e conseguir passar. Eu preferiria a segunda opção.”

Mas o grande exemplo dessa dificuldade durante a etapa de abertura foi Valtteri Bottas. Mesmo com o melhor carro do grid, o Mercedes, o finlandês, que largou em 15º depois de bater no classificatório e sofrer uma punição, só conseguiu avançar até o oitavo lugar.

“Quanto mais pressão aerodinâmica os carros gerarem, mais rápidos eles se tornam e mais difícil é ultrapassar”, explicou Bottas ao UOL Esporte. “Acho que a dificuldade foi a mesma para todos os carros e essa pista é especialmente difícil. Então preciso me classificar bem. Isso será a chave durante a temporada.”

Essa questão da filosofia dos carros deve ser uma das colocadas pelo diretor técnico da categoria, Ross Brawn, na reunião que terá com as equipes durante esta semana. Mas qualquer mudança só aconteceria visando a próxima temporada.

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