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Perda de regalias e novas regras explicam ameaça da Ferrari de deixar a F-1

Sergio Marchionne, presidente da Ferrari, falou sobre a expansão da Fórmula 1 na América - AFP PHOTO / Marco BERTORELLO
Sergio Marchionne, presidente da Ferrari, falou sobre a expansão da Fórmula 1 na América Imagem: AFP PHOTO / Marco BERTORELLO

Julianne Cerasoli

Do UOL, em São Paulo

20/12/2017 08h29

Nem no almoço de Natal em Maranello o presidente da Ferrari, Sergio Marchionne, aliviou o tom das ameaças da equipe italiana de deixar a Fórmula 1 em um futuro próximo. Desta vez, o italiano disse que o grupo Liberty Media, que assumiu o controle da categoria no início deste ano, está “brincando com fogo”.

No mês passado, Marchionne já tinha feito ameaças, criticando uma das propostas da Liberty, de aumentar o número de componentes padronizados nos motores da categoria. A medida entraria em vigor em 2021 e visa diminuir os gastos, permitindo a entrada de mais montadoras.

Atualmente, além da Ferrari, apenas Renault, Honda e Mercedes estão na F-1. A partir do ano que vem, a Aston Martin passa a ser parceira da Red Bull, e os ingleses já avisaram que só vão entrar de vez na categoria se as atuais regras de motores mudarem.

Mas este não é o único motivo. Não é a primeira vez que a Ferrari ameaça deixar a Fórmula 1 e criar uma categoria paralela. A última vez que isso aconteceu foi em 2009, depois que o então presidente da FIA, Max Mosley, determinou um teto orçamentário de 60 milhões de libras para as equipes por temporada, algo em torno de três a quatro vezes menos o que times como a Ferrari gastam anualmente.

Na ocasião, não apenas os italianos, mas outras equipes ameaçaram seriamente criar outra categoria, até que Mosley recuou e foram acordadas medidas para frear os custos a médio prazo.

Sergio Marchionne, CEO de Fiat e Chrysler - Getty Images - Getty Images
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Imagem: Getty Images
Tais medidas não foram efetivas, o que leva a nova admistração a estudar novas maneiras de frear os custos da categoria. O atual diretor técnico da F-1, Ross Brawn, tem falado novamente em adotar um teto orçamentário (que seria bem mais alto, de 150 milhões de dólares), em conjunto com a adoção de uma série de peças padronizadas. A Ferrari é contra por entender que seria prejudicada, uma vez que produz o chassi, a caixa de câmbio e seu próprio motor.

Nova divisão dos lucros
Mas o principal motivo da discórdia é a tentativa da Liberty Media de retirar as regalias que a Ferrari conquistou nas décadas de domínio de Bernie Ecclestone, que vão do direito de veto a mudanças a bonificações extra por valor histórico. Uma das prioridades dos novos donos é estudar uma maneira mais equitativa de repassar os recursos vindos dos direitos de TV e patrocinadores às equipes.

Atualmente, o sistema é confuso, com acordos unitalerais que acabam gerando grandes diferenças entre os times grandes e os pequenos, o que interfere no equilíbrio do esporte. Devido a seus acordos especiais, a Ferrari é a que mais recebe da FOM (braço comercial da F-1, hoje controlado pela Liberty Media), mesmo sem vencer um campeonato de construtores desde 2008. Em 2017, o time italiano recebeu 180 milhões mesmo tendo sido terceiro colocado no mundial anterior. Já a Haas ganhou apenas 19 milhões.

Os contratos atuais acabam em 2020, e já começaram as negociações para mudar essa estrutura de pagamento. Não por acaso, começaram também as ameaças da Ferrari de deixar a F-1.
 

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