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Hamilton se diz orgulhoso em lutar contra o racismo no automobilismo

Xinhua/Hoch Zwei/ZUMAPRESS
Imagem: Xinhua/Hoch Zwei/ZUMAPRESS

Do UOL, em São Paulo

20/07/2017 17h15

Primeiro negro campeão mundial de Fórmula 1, Lewis Hamilton se disse orgulhoso em lutar contra o racismo no automobilismo. Durante uma entrevista descontraída com a tenista Serena Williams para a revista “Interview”, o piloto da Mercedes afirmou que desde a época do kart se incomodava com o fato de não haver negros nas principais categorias.

“Quando eu corria de kart, não tinha ninguém que se parecesse comigo, nem um pouquinho, o que me ajudou a ver que era uma causa que eu podia trabalhar em cima. E agora sou visto por crianças pelo eu faço. Me orgulho muito em fazer parte disso”, afirmou.

Hamilton chegou à Fórmula 1 em 2007 e logo foi vice-campeão mundial pela McLaren. Aos 32 anos, o inglês coleciona três títulos da principal categoria do automobilismo: 2008, 2014 e 2015.

Durante a entrevista, Hamilton também falou sobre o incômodo com as derrotas e afirmou que as pessoas esperam que ele falhe.

Confira os principais trechos:

SERENA WILLIAMS: Você se lembra como se sentiu na primeira vez que venceu uma corrida como piloto profissional?

LEWIS HAMILTON: Sim, foi em Montreal (Canadá), em 2007. Eu me lembro de estar no pódio, olhar para baixo e ver meu pai sorrindo de orelha a orelha. Ele era a pessoa mais orgulhosa no local. Ali eu senti que atingi tudo que ele esperava para mim. Desde criança carrego uma enorme pressão – assim como foi para vocês (irmãs Williams). Meu pai queria que eu tivesse uma vida melhor que a dele. Ele queria absurdamente que fôssemos bem-sucedidos. E eu nunca quis decepcioná-lo. Então subir ao pódio daquela maneira foi verdadeiramente mágico.

SERENA: Perder te faz ser melhor?

HAMILTON: Eu odeio perder. Não importa se for correndo ou jogando ping-pong. Eu odeio. Ou você é primeiro ou último.

SERENA: Você sente que as pessoas esperam que você sempre vença?

HAMILTON: Eu sinto que as pessoas esperam que eu falhe. Sendo assim, eu sempre espero vencer. Assim como acontece com você, as pessoas sabem o quão bom você é estão apenas esperando pela sua queda.

SERENA: Qual a importância que a vitória tem na sua vida?

HAMILTON: Isso costumava ser do começo ao fim. Você sabe como é – você vem treinando, já cometeu erros antes e sabe o que não tem que fazer, mas aí você faz de novo, e falha de um jeito espetacular. A queda parece que não tem fim. Eu costumava levar dias para me recuperar, literalmente. Uma vez, não deixei o quarto do hotel por quatro dias, estava tão preso na minha cabeça. Mas agora, com a maturidade e a idade, entendi que vencer não é tudo. É muito mais sobre a jornada, principalmente no meu esporte.

SERENA: Perder te faz ser melhor? 

HAMILTON: Eu odeio perder. Não importa se for correndo ou jogando ping-pong. Eu odeio. Ou você é primeiro ou último.

SERENA: Lewis, você quebrou a barreira de cor no automobilismo?

HAMILTON: Com certeza. Meu pai e eu sempre admiramos o que o Tiger (Woods) fez no golfe e o que você e sua irmã fizeram pelo tênis. Temos muito orgulho do que fizemos no automobilismo. Eu estava em um evento da amfAR (Organização internacional sem fins lucrativos dedicada ao apoio à pesquisa sobre a AIDS) e uma moça africana se aproximou e mostrou uma foto do seu filho, que está no kart e quer ser como eu. Mas não são apenas pessoas negras, mas também asiáticas e de todas as raças. Quando eu corria de kart, não tinha ninguém que se parecesse comigo, nem um pouquinho, o que me ajudou a ver que era uma causa que eu podia trabalhar em cima. E agora sou visto por crianças pelo eu faço. Me orgulho muito em fazer parte disso.

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