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Batidas estranhas na F-1 têm explicação: pilotos não conseguem ver rivais

Pasca Wehrlein fica de lado após toque de Jenson Button no GP de Mônaco - Reprodução
Pasca Wehrlein fica de lado após toque de Jenson Button no GP de Mônaco Imagem: Reprodução

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Londres (ING)

28/06/2017 06h06

Os vários toques entre carros marcaram um dos GPs mais movimentados dos últimos tempos no Azerbaijão e, apesar da prova de Baku ter sido especialmente acidentada, em praticamente todas as oito corridas disputadas até agora houve batidas em que o primeiro pensamento é: “como ele não viu que o outro piloto estava do lado?”

Na maioria das vezes, o piloto que causou a batida realmente não viu. Foram vários os momentos deste tipo até aqui. Com Carlos Sainz, da Toro Rosso, foram duas as ocasiões: na primeira volta do GP do Canadá, quando agiu como se Romain Grosjean, que estava ao seu lado, simplesmente não estivesse lá, causando um acidente que acabou com a corrida de Felipe Massa, e no Bahrein, quando fez o mesmo com Lance Stroll.

Outro exemplo claro foi na batida entre Jenson Button e Pascal Wehrlein no GP de Mônaco, em que o alemão fez a curva como se o inglês não estivesse ao seu lado, ainda que os comissários tenham culpado o piloto da McLaren na ocasião porque cabia a ele tirar o pé por estar por dentro na curva.

O fato deste tipo de incidente estar acontecendo com mais frequência neste ano tem explicação: devido às mudanças nas regras aerodinâmicas, as equipes alteraram o posicionamento dos espelhos retrovisores, que estão mais recuados em relação aos últimos anos. Isso gera ganhos mínimos em tempo de volta, mas ao mesmo tempo diminuiu consideravelmente a visibilidade dentro do cockpit.

Este ponto foi destacado, inclusive, como o que mais impressionou Jenson Button na única corrida que ele fez neste ano, justamente em Mônaco. “Realmente a visibilidade é muito pior com estes carros.”

O motivo disso foi explicado por Felipe Massa ao UOL Esporte. “Muitos carros colocaram as aletas laterais mais para trás neste ano e o posicionamento do espelho é relacionado a isso. O espelho foi para trás, então, para você olhar, tem que virar a cabeça. A visibilidade está pior e alguns acidentes deste ano aconteceram por isso”, disse o brasileiro.

“Os espelhos não são os mais eficientes do mundo e várias vezes você não vê muita coisa”, concorda Romain Grosjean. “Foi isso o que aconteceu com Carlos em Montreal. Mas eu falei para ele, que, em uma primeira volta, você tem que deixar espaço mesmo se não consegue ver porque pode ser que tenha um carro ali, como aprendi com Lewis em Spa. Na verdade, não sei se há alguma solução para isso.”

Grosjean se refere a um acidente na largada do GP da Bélgica que acabou fazendo-o tomar um gancho de uma prova em 2012. E sua opinião de que é um problema sem solução para a F-1 se deve ao fato dos engenheiros sempre quererem usar o espelho de forma aerodinâmica, como também apontou Massa.

“Na minha opinião, é um erro da Federação, eles não podem deixar as equipes fazerem o que quiserem com o espelho retrovisor. Algumas equipes fizeram alterações depois que começaram a ter esses acidentes. Eu fiz a equipe mudar um pouco a posição de espelho na pré-temporada porque o primeiro espelho era bem pior do que estamos usando agora. Durante a temporada não tive problemas. Acho que não compensa você ganhar um pelinho na aerodinâmica se não consegue enxergar direito.”

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