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Fórmula 1

De mudanças no carro a tráfego: os 5 desafios de Alonso nas 500 Milhas

Alonso ainda falou que carro perdeu um pouco de velocidade por problema, mas foi só elogios à sua equipe - Thomas J. Russo/USA TODAY Sports/Reuters
Alonso ainda falou que carro perdeu um pouco de velocidade por problema, mas foi só elogios à sua equipe Imagem: Thomas J. Russo/USA TODAY Sports/Reuters

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Londres (ING)

23/05/2017 04h00

Não é apenas um carro e um tipo de pista diferentes. O desafio que Fernando Alonso está enfrentando para estrear nas 500 Milhas de Indianápolis é tão grande que não é exagero dizer que trata-se de uma disciplina totalmente distinta dentro do mundo do automobilismo.

O espanhol já comprovou ao conquistar a quinta colocação no grid para a prova que será disputada no próximo domingo que está se adaptando bem, diferentemente de sua primeira experiência no carro, há menos de um mês. “No começo era o carro que me pilotava”, disse o piloto, que está encarando uma realidade bem diferente da F-1.

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Velocidade e risco: Não existe nenhuma curva na F-1 feita com a mesma velocidade média de uma volta em Indianápolis, que é de cerca de 370km/h. Existe o desafio de andar - e ultrapassar - nessas velocidades, ainda mais sem áreas de escape por perto - que o diga Sebastien Bourdais, que acabou passando por uma cirurgia após batida na classificação. Mesmo que os carros da Indy tenham ganhado em segurança e hoje sejam usados sofwalls, que absorvem parte do impacto, o nível de proteção ao qual Alonso está acostumado na F-1 é bem maior.

Acerto completamente diferente da F-1: não é tão difícil assim andar em um oval. No caso de Indianápolis, são quatro curvas à esquerda com inclinação de 9 graus. A dificuldade é encontrar o limite entre tirar a pressão aerodinâmica do carro para oferecer menos resistência ao ar e ser mais veloz e conseguir segurá-lo nas curvas. Ainda mais quando este ar recebe turbulência. Em linhas gerais, Alonso vai sentir um carro ‘torto’ para a esquerda porque o acerto é assimétrico e mais sensível, lembrando que, enquanto na F-1 o acerto da classificação e da corrida são os mesmos por regulamento, na Indy eles são bastante diferentes.

Andar no tráfego: É justamente quando haverá as mudanças de comportamento do carro devido à turbulência, que pode vir de todos os lados - e muitas vezes de todos os lados ao mesmo tempo. Para lidar com isso, os pilotos podem alterar o acerto mas, ao contrário do que acontece na F-1, em que eles focam em jogar o equilíbrio do freio para frente ou para trás, em um oval esse acerto é também na diagonal - justamente pela assimetria, o que abre muitas possibilidades.

Tática: O próprio Alonso diz que “vai chegar uma hora na corrida em que coisas vão acontecer e eu não vou ter a experiência para saber como lidar com isso” e por isso se vê “com uma porcentagem menor de chance de vencer que os demais”. O espanhol se refere às mudanças no comportamento do carro devido à degradação de pneus e queda no nível de combustível e ao posicionamento durante as várias bandeiras amarelas que costumam ser decisivas para o resultado final da corrida. Mesmo que isso não pareça ser um desafio tão grande, Rubens Barrichello, recordista de largadas na F-1, disse que essa foi a pior parte. “Passei 250 voltas achando que estava fazendo amigos na pista e nas últimas 50 todos desapareceram”, disse, referindo-se à diferença de comportamento dos pilotos no final.

Agenda lotada: Um piloto de Fórmula 1 raramente tem eventos oficiais para participar na noite de sábado ou mesmo aparições programadas para as horas que antecedem a prova. Pouco menos de duas horas antes da largada, eles participam de um desfile, geralmente com caminhão aberto, e saúdam o público, dando uma ou duas entrevistas no caminho. Na Indy, a história é diferente, como contou Tony Kanaan. “Aposto que não contaram para ele que ele vai participar de um jantar e cumprimentar umas 300 pessoas entre parceiros e patrocinadores da Andretti, depois vai acordar cedo, participar de eventos antes da corrida e comer o sanduíche frio do ônibus dos pilotos e ainda vai ter que tirar selfies com meio mundo no grid. Porque quando estamos no grid parece que está mais cheio que a arquibancada!”

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