F-1 desiste do halo, mas testará escudo e deve perder barbatana em 2018
Sai o halo, entra o “escudo”. E nada de barbatanas de tubarão ou asas T nos carros de 2018. Uma série de decisões importantes foi tomada nesta terça-feira após reunião entre representantes das equipes, dos detentores de direitos comerciais e da Federação Internacional de Automobilismo.
Depois de muitas críticas, inclusive dos próprios pilotos, a FIA desistiu de levar adiante os testes com o halo, proteção de cockpit que ganhou vários apelidos, entre eles de “chinelo Havaianas” devido ao seu formato. No entanto, a entidade segue firme na tentativa de aumentar a segurança na região da cabeça dos pilotos e vai, ao longo do ano, testar um novo dispositivo: chamado “escudo” (shield, em inglês), ele ainda não foi apresentado ao público, mas foi mostrado aos pilotos durante o final de semana do GP da China e foi descrito como uma cobertura semelhante a um avião de caça, ainda que sem cobrir totalmente o cockpit.
“Várias soluções mais integradas [que o halo] para aumentar a proteção frontal foram estudadas, e a decisão foi dar prioridade à família de escudos transparentes”, explicou a FIA em comunicado. Mesmo com a mudança de planos, o prazo segue o mesmo: o uso do escudo precisa ser testado e aprovado para entrar em vigor em 2018. Ninguém ainda andou na pista com a novidade, mas a maior preocupação dos pilotos é em relação à visibilidade, especialmente em condições de chuva. “É até pior do que a aerotela porque não dá para ver nada. Vai ficar sujo. Não acredito no projeto”, afirmou Daniil Kvyat, da Toro Rosso.
“Os pilotos estão divididos”, revelou Romain Grosjean, da Haas. “Alguns querem o halo o quanto antes e outros não querem nada. Eu sou contra colocar qualquer uma das três opções. A F-1 está de volta ao que deveria ser agora, com estes carros. Não quero que nada destrua isso.”
Sem barbatanas
A reunião do Grupo de Estratégia também determinou o fim das brechas no regulamento que permitiram o retorno das chamadas barbatanas de tubarão, asas que servem para aumentar a pressão aerodinâmica na parte traseira do carro. Sem que seja permitido que elas sejam utilizadas, também ficam barradas as asas T, pequenas aletas que as equipes têm usado neste ano para aumentar o efeito da própria barbatana.
Até o ano passado, o fato das asas traseiras serem mais altas e do regulamento ser mais restrito em relação à área entre o santantônio e a asa impossibilitava o uso das barbatanas, que eram comuns há pouco menos de 10 anos. Como a altura da asa traseira diminuiu, os engenheiros viram a brecha para voltar a utilizar o apetrecho, mas o regulamento será reescrito para 2018.
A decisão, contudo, precisa passar pelo Conselho para ser ratificada, o que deve ser feito no próximo mês. Outra mudança que está sendo estudada é a adoção de largadas paradas após períodos com bandeira vermelha, algo que a FIA já vem tentando aprovar há alguns meses.
O grande crítico das barbatanas, utilizadas por todas as equipes neste ano, em diferentes formatos, é ninguém menos que o chefão da área técnica da Fórmula 1, Ross Brawn. Para ele, a peça vai na contramão da intenção das mudanças de regulamento feitas para esta temporada, que visavam deixar o visual dos carros mais agressivo.
"Essa era parte do objetivo da mudança, então não queremos atrapalhar com esses 'acessórios', que acabam aparecendo de forma natural quando se faz regras novas, porque sempre tem alguma brecha. É tudo uma consequência não-intencional de quando se faz regras novas, então acho que tudo o que não estiver de acordo com o objetivo deve ser tirado para que o visual dos carros fique um pouco mais puro", defendeu em entrevista ao site oficial da F-1.
Já a guerra às asas T vem sendo comandada pelo chefe de uma das poucas equipes que não utilizam as aletas, Christian Horner, da Red Bull. O britânico já vinha criticando a solução por questões estéticas antes, mas aumentou o tom depois que o carro de Max Verstappen foi acertado pela asa que caiu de uma Mercedes durante os treinos livres do GP do Bahrein, danificando o assoalho da Red Bull. "Essas asas deveriam ser banidas completamente. Elas são ilegais e perigosas", reclamou.
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