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Tricampeonato de Senna, conquistado há 25 anos, ainda inspira geração atual

Reprodução/Jorge Araújo/Folhapress
Imagem: Reprodução/Jorge Araújo/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

20/10/2016 06h00

Quando Ayrton Senna cruzou na segunda colocação daquele GP do Japão de 20 de outubro de 1991, há exatos 25 anos, conquistou algo que, na época, era considerado um divisor de águas entre os pilotos vencedores e aqueles que colocariam seu nome na história: o tricampeonato mundial.

Afinal, quando Senna foi campeão pela terceira vez em quatro anos, apenas o penta Juan Manuel Fangio havia ultrapassado a marca do tri, que seria superada por Alain Prost, tetra dois anos depois, Michael Schumacher, hepta nos anos 2000 e, mais recentemente, Sebastian Vettel, tetra consecutivo entre 2011 e 2013. Na atual temporada, inclusive, outro piloto, Lewis Hamilton, é outro que pode chegar ao tetra.

Mesmo alcançando um feito tão valorizado na época - e se tornando o mais jovem a fazê-lo até então, aos 31 anos - Senna não demonstrou empolgação. “Para ser honesto, não me sinto o maior ídolo brasileiro. Não me sinto uma pessoa tão importante assim para merecer uma festa durante uma noite inteira no Brasil”, disse o piloto da McLaren.

Ainda que o próprio piloto não acreditasse que seu feito fora tão importante, até mesmo os pilotos atuais costumam citar a possibilidade de igualar o número de títulos de Senna como algo especial. Foi assim quando o próprio Vettel conquistou o tri, em Interlagos. “Ser tricampeão na terra de Ayrton Senna, um dos meus heróis, é difícil de colocar em palavras. Eu estava chorando no carro, mas ainda bem que o rádio não estava funcionando”, disse o alemão após o GP do Brasil de 2012.

O mesmo aconteceu três anos depois, quando foi a vez de Lewis Hamilton alcançar o tri. “Ele não era do mesmo país que eu, mas foi o cara que me inspirou desde pequeno. Meu objetivo sempre conquistar os mesmos três títulos que Ayrton alcançou. Não sei o que vem depois, não há outro piloto que eu deseje me espelhar. Sinto como se tivesse pego o bastão de Ayrton e que agora o carregarei para ver até onde poderei levá-lo”.

Até mesmo quem não chegou à marca reconhece que ela é importante, como revelou o bicampeão Fernando Alonso. “O terceiro título seria muito importante para mim, igualar Ayrton, que era meu ídolo e referência, quando eu corria de kart. Três é um grande número sempre e espero que chegue.”

Senna começou sua caminhada do tri com quatro vitórias nas quatro primeiras corridas, vendo seu grande rival Alain Prost ter dificuldades com uma Ferrari pouco competitiva e Nigel Mansell, da Williams, que na época desenvolvia os sistemas eletrônicos que fariam com que a equipe se tornasse imbatível nos anos seguintes, quebrar muito. O inglês, contudo, começou a demonstrar sua força já na quarta etapa e, após ter uma dolorida derrota no GP do Canadá, quando viu seu carro falhar na volta final, emplacou três vitórias seguidas.

Com isso, o campeonato chegou à décima etapa de um total de 16 com Senna nove pontos na frente, mas o brasileiro obteve vitórias importantes na Hungria e na Bélgica, sendo ajudado ainda pela desclassificação de Mansell em Portugal devido a uma confusão em seu pit stop, para se colocar em situação confortável.

Assim, com duas etapas para o fim e 16 pontos de vantagem para Senna, Mansell chegou ao GP do Japão pressionado, sabendo que não bastava uma vitória simples para manter vivo o sonho do primeiro título. Mas a disputa não durou muito: o piloto da Williams pressionava a McLaren quando cometeu um erro e escapou na décima volta. Fim de corrida e de campeonato para o Leão. O brasileiro chegou a superar o companheiro e pole position Gerhard Berger ao longo da prova, mas devolveu a posição na volta final.

Após a bandeirada, Senna ainda roubaria a cena ao deixar claro que havia jogado Prost para fora da pista para vencer o campeonato do ano anterior, também em Suzuka, e criticou duramente o ex-presidente da FISA, Jean Marie Balestre, que fora substituído por Max Mosley em 91.

“Este foi o campeonato mais competitivo em que já competi porque lutei com carros, motores diferentes. Em 88, eu venci aqui e foi memorável. Em 89, fui roubado pelo sistema - e disso nunca vou esquecer. Em 90, a coisa virou de lado: foi um campeonato triste, mas foi o resultado do que aconteceu no ano anterior e da politicagem que tivemos em 90 e 89. Agora, ainda bem, tivemos um campeonato limpo, sem políticos jogando. E tomara que seja um exemplo para mim e para todos”, disse o brasileiro.

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