Curva é vista cheia de detritos dos pneus: menos durabilidade, mais ultrapassagens |
Já era previsto que as mudanças de regras na Fórmula 1 aumentariam o número de ultrapassagens na temporada de 2011. Mas se trata de algo sem precedentes. Em quatro corridas, houve 296 trocas de posição, sem contar as movimentações de pit stop. Tanta agitação vem gerando atrito entre os próprios pilotos e pondo em dúvida a estratégia comercial da fabricante de pneus.
2011 | 74 por GP |
1984 | 43,2 por GP |
1983 | 41,5 por GP |
2005 | 9,9 por GP |
2001 | 9,9 por GP |
2009 | 10,4 por GP |
Fonte: Clip the Apex. Dados coletados a partir de 1982. |
Afinal, as ultrapassagens dispararam graças aos novos compostos da Pirelli, que, a pedido da categoria, fez pneus menos resistentes para deixar as corridas mais emocionantes. A estratégia deu certo. Mas os detritos de borracha espalhados pelas pistas entregam uma imagem de fragilidade, contrária aos interesses comerciais da fabricante.
Especialmente no GP da Malásia, as bolas de borracha na pista chamaram a atenção, o que levou a Pirelli a se explicar: “Estes detritos de pneus sempre existiram na F-1, mas as características dos novos compostos da Pirelli deixam pedaços maiores e mais macios. Estamos procurando maneiras para diminuir, mas é um produto inevitável da degradação e os detritos não deixam os competidores ou espectadores em perigo”.
Fato é que essa alta degradação ajudou a Fórmula 1 a registrar um novo recorde. No GP da Turquia, as 126 ultrapassagens foram o maior número registrado em uma corrida. Além disso, o número absoluto de manobras das últimas quatro provas já é maior que o da temporada inteira de 1994.
Segundo os dados do site Clip The Apex, a média de 74 ultrapassagens por prova vai fazer a temporada de 2011 superar a de 1984, até então a mais movimentada, com 666 manobras. O levantamento considera todos os campeonatos desde 1982.
Para Fernando Alonso, a asa traseira móvel que pode ser acionada nas zonas de ultrapassagens pode ter ajudado a elevar esses números, mas a principal explicação ainda é outra: “As ultrapassagens que eu vi foram mais pela diferença de desempenho dos pneus”, comentou o espanhol.
Já o alemão Adrian Sutil, da Force India, percebeu a diferença da asa móvel e criticou a banalização das manobras: “É um pouco artificial sim. Tive duas chances de ultrapassar na corrida usando a asa móvel e foi fácil demais, os carros à frente nem se defenderam. Isso não leva a nada”.
O pior é que o aumento das ultrapassagens não só deixou alguns pilotos insatisfeitos, como também atiçou algumas rivalidades, até mesmo internas. Tudo depois das acirradas disputas por posição no GP da Turquia.
Sérgio Perez saiu dizendo que foi uma “vergonha” o que fez Pastor Maldonado na primeira volta na Turquia. As disputas por posições motivaram rusgas até entre companheiros. Heidfeld não gostou de ter sido tocado pela Renault de Petrov e disse: “Não foi legal, isso não devia acontecer”.
GP/ano | Austrália | Malásia | China | Turquia | Total (no seco) |
2010 | 41 (chuva) | 24 | 82 (chuva) | 29 | 320 (em 15 provas) |
2011 | 29 | 56 | 85 | 126 | 296 (em 4 provas) |
Fonte: Clip the Apex. Dados levam em conta os campeonatos a partir de 1982. |
O GP da Turquia bateu não só o recorde de ultrapassagens, mas também de pit stops em uma corrida: 81. Depois de considerar alto esse número, a Pirelli anunciou que vai levar um novo pneu duro para o GP da Espanha, no dia 22 de maio. O objetivo é dar ainda mais emoção à prova, ao fazer com que os engenheiros precisem repensar as estratégias. "Nos disseram que, quando aprendessem tudo sobre o comportamento dos pneus, as estratégias iriam ficar iguais. Então vamos mudar os pneus", disse o diretor esportivo da Pirelli, Paul Hembery. |
Conheça a carreira de mais de 10.000 atletas