UOL Esporte Fórmula 1
 
30/03/2010 - 11h53

"A morte de Senna foi o fim da minha história com a F-1", diz Alain Prost

Do UOL Esporte
Em São Paulo

A sétima volta do Grande Prêmio de San Marino de 1994 segue marcada como um dos momentos mais dolorosos da história da Fórmula 1. Ayrton Senna perdeu o controle de sua Williams FW16 por causa de um problema mecânico e bateu a 216 km/h contra o muro da famosa curva Tamburello, em Ímola.

“Em um F-1, se você acha que tem tudo sob controle, você não está indo rápido o suficiente”, disse Ayrton certa vez, segundo o El País. Sua morte gerou uma grande reflexão, e aquele acidente atingiu todos os níveis do esporte e levou à reformulação das regras para aumentar a segurança dos pilotos. Dois domingos atrás, no dia 21 de março, o tricampeão teria completado 50 anos de idade.

A F-1 inteira ainda chora a morte de um de seus heróis mais queridos. Mas, nesta terça-feira, uma entrevista publicada no jornal espanhol El País surpreendeu os fãs do automobilismo. Arquirrival de Senna nas pistas, o francês Alain Prost falou sobre seu ex-companheiro de McLaren.

“Sua morte foi o final da minha história com a Fórmula 1”, disse o “Professor”, que revelou ter notado uma estranha, porém agradável reaproximação do brasileiro nos últimos três meses antes do acidente fatal.

ANTES DE MORRER, SENNA EXPRESSOU SAUDADES

Num episódio marcante mostrado pelo documentário "Últimos Dias de um Ícone - Ayrton Senna", o piloto brasileiro também mostrou seu afeto por Prost, apesar da imensa rivalidade nas pistas. No fim de semana do GP de Ímola, no qual ocorreria sua morte, Senna deu uma volta com sua Williams pela pista, mas de um modo diferente. Com uma câmera "on board" registrando sua pilotagem, ele comentou todo o circuito.

O momento emocionante foi logo no início, quando se dirigiu ao francês: "Para começar, gostaria de mandar um bom dia em particular para meu amigo Alain (Prost). Sentimos sua falta, Alain". Segundo os entrevistados no documentário, o momento mostra como Senna já se encontrava menos motivado para correr, sem ter seu grande rival ao lado.

“Ele nunca tinha me ligado, mas nas últimas semanas tinha feito isso várias vezes. Estava preocupado. Achava que a Benetton, de Michael Schumacher, tinha implantado recursos eletrônicos no carro – coisa que a FIA havia proibido –, e queria que eu entrasse para a Comissão de Segurança. E não estava confortável na Williams”, recordou Prost.

O francês estava trabalhando como comentarista naquele fatídico GP de San Marino. “Lembro que, antes da corrida, ele veio às cabines de televisão para falar comigo. Não era algo habitual. Todos que estavam ali ficaram calados. Nesses momentos, o piloto só pensa em se concentrar, mas ele veio e se sentou ao meu lado. O mais surpreendente é que não queria falar de nada muito importante”, contou o francês.

“Depois de comer, pouco antes da largada, fui aos boxes da Williams e conversamos por uns dois minutos antes de ele entrar no carro. Esta foi a última vez”, lamentou. “Ayrton e eu temos um vínculo. Sua morte foi o final da minha história com a Fórmula 1. Ninguém pode falar de Ayrton sem mencionar meu nome, e ninguém pode falar de mim sem mencionar o dele”, concluiu o tetracampeão mundial.

Para Schumi, a "ficha" demorou a cair

Para Michael Schumacher, que venceu aquela corrida em Ímola, a “ficha” demorou a cair. “Pensei que Ayrton poderia ter quebrado uma perna ou um braço, mas que tudo continuaria igual. Foi depois do pódio que Pasquale [Lattuneddu, braço direito de Bernie Ecclestone] veio e nos disse que ele estava em coma”, contou o heptacampeão mundial.

“Sabia que existem vários tipos de coma, mas tinha muita informação contraditória. Não sabia o que pensar. Não poderia imaginar que ele morreria. No máximo, que ele ficaria fora por algumas corridas. Mas o pior veio duas semanas depois, em Mônaco, quando tive de aceitar que, efetivamente, ele tinha morrido”, relatou Schumacher ao El País.

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