UOL Esporte Fórmula 1
 
01/05/2009 - 07h03

Senna na F-1: o começo na Toleman e o destaque na Lotus

Leopoldo Godoy*
Em São Paulo
Três títulos mundiais. Mais de quarenta vitórias. Foram 65 poles em 161 corridas disputadas, marca que só foi superada por Michael Schumacher . Nem sempre os números mostram a verdade sobre um piloto, mas Senna conseguiu se mostrar genial e eficiente ao mesmo tempo. Entre 1984 e 1994, o brasileiro esteve sempre em destaque no mundo da velocidade, garantindo seu lugar no seleto clube dos melhores pilotos de todos os tempos.

Porém os primeiros anos dele na Fórmula 1 foram de provação. Mas o piloto logo se destacou e conseguiu a rápida ascensão para uma das principais equipes da história. Veja como foi o início de Senna na categoria:

O INÍCIO DA TRAJETÓRIA
Lewy Moraes/Folha Imagem
Senna ajusta Toleman em sua 1ª temporada na F-1; lembre a carreira
ERA DE OURO COM TRI NA McLAREN
DIVÓRCIO COM McLAREN E O FIM
1984 - Senna estreia na F-1 no GP do Brasil, disputado em Jacarepaguá (Rio de Janeiro) em 25 de março, a bordo da Toleman/Hart. No ano anterior, enquanto disputava o campeonato da F-3 inglesa, ele havia testado a Williams e a McLaren, surpreendendo Frank Williams e Ron Dennis. Testou também com a Brabham, do compatriota Nelson Piquet.

Tem problemas na prova do Rio de Janeiro e abandona a corrida logo na oitava volta, depois de largar em 16º. Na prova seguinte, marca o primeiro ponto na carreira, com a sexta colocação no GP da África do Sul, e repetiu o posto na Bélgica, sendo beneficiado pela desclassificação do alemão Stefan Bellof, da Tyrrell, que havia utilizado gasolina irregular nos treinos e na corrida.

Em San Marino, fica fora de sua primeira e única prova na carreira. Com problemas na pressão do combustível, fica acima do limite de tempo da classificação. No mesmo fim de semana, no entanto, recebe uma oferta de Peter Warr para se transferir para a Lotus no final da temporada.

Duas provas mais tarde, em Monte Carlo, dá show na chuva e só não vence o GP de Mônaco porque o diretor de prova, Jacky Ickx, encerra a disputa logo depois que Senna ultrapassara Alain Prost. Valem os resultados da última volta, completada ainda com o francês na ponta, e Senna adia o sonho da primeira vitória, mas faz sua estreia no pódio. Faria mais dois pódios no ano, ao chegar em terceiro na Inglaterra e em Portugal.

Presencia um e sofre outro acidente sério na Toleman: na Inglaterra, vê o companheiro de equipe Johnny Cecotto destroçar o carro nos treinos, quebrando ambas as pernas. Duas semanas depois, na Alemanha, Senna perde o aerofólio traseiro de seu carro e decola. O Toleman gira quatro vezes antes de parar na proteção de pneus. Em agosto, no GP da Holanda, anuncia a assinatura do contrato com a Lotus, por três anos.

O PRIMEIRO TRIUNFO
Reuters
Piloto comemora primeira vitória na F-1 debaixo de chuva em Estoril
A TRAJETÓRIA DE SENNA EM FOTOS
BRASIL PERDE ATÉ DE ALONSO
1985 - Estreia na Lotus novamente no Rio, quase sem tempo de treinar no período de folga da F-1 por causa de uma virose. Mesmo assim, ele chega a liderar a prova, mas para logo em seguida, e abandona a 13 voltas do final por causa de problemas elétricos.

A primeira vitória viria na corrida seguinte, em Portugal. Ayrton faz pole, melhor volta e completa o hat-trick na chuva, liderando de ponta a ponta. Em 1985, venceu novamente em Spa, na Bélgica, e foi segundo colocado nos GPs da Europa (em Brands Hatch, Inglaterra) e da Áustria.

O ponto alto, no entanto, era a dominação nos treinos classificatórios. Logo em seu segundo ano de F-1, Senna largou na frente em sete das 16 provas da temporada. Termina o mundial de pilotos em quarto e vira alvo de boatos, que garantiam que o brasileiro estaria de contrato assinado com a Brabham para a próxima temporada.

Depois, confirmando que ficaria na Lotus, usa o poder de veto para deixar o inglês Derek Warwick fora da equipe. Warwick, ídolo da torcida britânica e recém-saído da Renault, ficou desempregado, o que causou o primeiro celeuma de Senna com a imprensa mundial.

ANO DA AFIRMAÇÃO
Wilson Melo/Folha Imagem
Senna fica em segundo lugar no GP do Brasil na dobradinha com Piquet
RELEMBRE A TRAGÉDIA
APÓS SENNA, F-1 FICA SEM MORTES
EXPOSIÇÃO EM SP PARA O PILOTO
1986 - Começa a se sentir mal na Lotus, ao perceber que não teria, novamente, um carro competitivo o suficiente para chegar ao título. Impaciente, pressiona o diretor Peter Warr, exigindo mudança de atitude do dirigente em relação à equipe. No final, acabam brigados, o que acelerou a procura de Senna por uma nova equipe, talvez até já para 1987, um ano antes do fim do contrato com a Lotus. É o início do "namoro" com a McLaren de Ron Dennis.

No último ano da equipe com motores Renault, o brasileiro faz três poles consecutivas no início do ano (Brasil, Espanha e San Marino) e festejou sua primeira dobradinha com o vencedor Piquet no Brasil. Senna venceu espetacularmente a prova espanhola, depois de ultrapassar o inglês Nigel Mansell, da Williams, a dez voltas, e segurar a vantagem quase milimétrica até a bandeirada final.

Logo em maio, fica perto de acertar um contrato com a Ferrari, sua equipe dos sonhos, mas as conversas não avançaram. "Vou dar um voto de confiança à Lotus", disse Senna, que já sabia que a equipe teria motores da japonesa Honda em 1987. Faz mais quatro poles no ano (EUA, Hungria, Portugal e México) e ganha mais uma corrida, no GP de Detroit. A prova, realizada logo depois da eliminação da seleção brasileira da Copa do Mundo do México, marcou a "invenção" do gesto de comemorar cada vitória empunhando a bandeira nacional.

DESPEDIDA DA LOTUS
Wilson Melo/Folha Imagem
No último ano com a Lotus, Senna termina temporada em terceiro lugar
1987 - O último ano de Lotus não teve mais do que duas vitórias, mas Senna pode lutar pelo título em um carro pioneiro. Pela primeira vez na história uma equipe teria suspensão ativa - que viria a ser a vedete dos carros Williams campeões em 1992 e 1993. Senna, um dos responsáveis pela inovação, pagaria pela irregularidade do sistema.

O começo de temporada é de altos e baixos, com abandonos no Brasil e na Bélgica, mas pole em Ímola (chegou em segundo) e vitórias em Mônaco e EUA. Ao ganhar em Monte Carlo pela primeira vez, Senna iniciaria uma era de dominação impressionante no circuito, onde ganhou seis vezes.

Senna faria mais uma pole no ano, em Portugal, mas não teria condições de lutar pelo título como no ano anterior. Melhor para Nelson Piquet, que se aproveita do acidente que tirou Nigel Mansell das duas últimas provas para sagrar-se tricampeão mundial. Senna é o terceiro.

* Texto publicado originalmente no décimo ano da morte de Senna

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