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04/05/2006 - 09h01

Togo terá "brasileiro de aluguel" em sua estréia em Copas

Por Wilson Azuma
Em São Paulo
É moda mundo afora, seja entre as forças do futebol ou, mais freqüentemente, entre as seleções pequenas, arrumar um jogador de origem brasileira para dar um impulso técnico ao elenco que disputa uma Copa. Estreante em Mundiais em 2006, Togo é mais um país que recorre a esse subterfúgio.

ENTREVISTA COM HAMÍLTON


UOL Esporte - Como foi que você se naturalizou togolês?
Hamílton - Foi através do Toninho Dumas, que era treinador de Togo. Em 2003 eu estava no Sergipe e disputamos a final do estadual contra o Confiança. Fui bem e ganhamos. Então, ele falou com o presidente (da Federação Togolesa) e eles acertaram tudo.
UOL Esporte - Qual era a proposta?
Hamílton - Eles iam me pagar um determinado valor, mas no final não acertaram as contas comigo. Fiz a primeira partida, contra Guiné Equatorial (derrota por 1 a 0). Depois, viajei para a França para treinar durante um período no Metz. Quando eu ia voltar para jogar a segunda partida (contra Guiné), percebi que meu passaporte togolês havia ficado lá na Federação. Aí não tive mais como ir, pois o jogo era no dia seguinte.
UOL Esporte - Quais são as principais características do futebol de Togo?
Hamílton - É um time de muita pegada. São jogadores fortes, altos e habilidosos. O problema é que às vezes percebia um pouco de displicência. Talvez faltasse um pouco mais de empenho.
UOL Esporte - E agora, com as especulações de que você pode voltar a ser convocado, mas para disputar a Copa do Mundo?
Hamílton - Seria uma boa, com certeza. Eu ficaria muito feliz.
UOL Esporte - Mesmo jogando na lateral?
Hamílton - Sim, com certeza. Aqui no Sport jogo como volante, mas não teria problema de adaptação, já que joguei de lateral no Sergipe.

(Foto: Chico Porto / JC Imagem)


O brasileiro Hamílton Hênio Ferreira ainda não foi comunicado pela FTF (Federação Togolesa de Futebol). Fontes ligadas à entidade, no entanto, confirmam que o volante do Sport do Recife será convocado para defender a seleção africana na Copa do Mundo da Alemanha.

Mas, ao contrário de vários jogadores naturalizados, como Sinhá (México), Deco (Portugal) e Alex (Japão), Hamílton não tem nenhuma relação de afinidade com o país que deve defender - é o chamado jogador de aluguel.

Hamílton foi procurado para se naturalizar togolês pelo então técnico da seleção local, o brasileiro Toninho Dumas. O treinador acompanhou a partida final do estadual sergipano de 2003, entre Confiança e Sergipe, no qual o brasileiro se destacou.

"Fui apenas uma vez para lá", admite. Aconteceu em outubro de 2003, antes da viagem da delegação para a disputa do primeiro jogo das eliminatórias africanas, contra Guiné Equatorial. Hamílton foi titular na derrota da equipe, por 1 a 0.

O jogador iria disputar o jogo de volta, em Lomé, capital togolesa, mas antes, porém, passou por um período de treinamento na França, e, quando retornaria a Togo, lembrou-se de que havia deixado o passaporte com a Federação. Foi impedido de embarcar e acabou ficando um bom tempo sem ser chamado. Até o momento, na gestão do técnico Otto Pfister, não foi lembrado.

A naturalização foi uma maneira que os togoleses encontraram para suprir a carência de bons jogadores para as posições da defesa, apostando na "escola brasileira" de bons laterais.

Antes de Hamílton, os brasileiros Jeferson de Souza e Alessandro Farias também chegaram a defender a equipe em algumas partidas das eliminatórias.

Mas a concepção de "time de aluguel" para a Copa vai além da aquisição de Hamílton. Para dar corpo à seleção, os cartolas de Togo passaram a viajar por toda a Europa em busca de atletas descendentes, casos de Robert Malm, Alaixys Jacques Romao e Ludovic Assemoassa, todos nascidos na França.

No Mundial, Hamílton disputará a vaga na lateral direita com Abdoul Gaffar Mamah. "Estou na expectativa. Eu ficaria muito feliz em poder disputar uma Copa", concluiu.

Tipo exportação
A história do futebol mundial mostra que vários brasileiros já brilharam vestindo a camisa de outros países. No Mundial da Alemanha alguns nomes já estão praticamente confirmados.

O Japão, que já teve Wagner Lopes e Rui Ramos no elenco, terá desta vez o zagueiro Alex, que vai para a sua segunda Copa. No banco, terá ainda o técnico Zico e vários outros brasileiros na comissão técnica.

Com passagem breve pelo Corinthians no início de carreira, Deco hoje brilha pelo Barcelona e seleção portuguesa, que é comandada por Luiz Felipe Scolari.

Outros atletas do país que também devem estar na Alemanha em junho são: Sinha, pelo México, Marcos Senna, pela Espanha, e Kevin Kuranyi, alemão de origem brasileira.


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