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25/06/2006 - 17h56

Portugal bate Holanda no jogo mais violento da história das Copas

Da Redação
Em São Paulo
Portugal venceu a Holanda por 1 a 0 no jogo mais violento da história das Copas do Mundo e se classificou para as quartas-de-final do Mundial da Alemanha. O árbitro russo Valentin Ivanov teve muito trabalho, e distribuiu 12 cartões amarelos, além de expulsar os portugueses Costinha e Deco e os holandeses Boulahrouz e Van Bronckhorst, em uma partida recheada de pontapés, empurrões e entradas fortes.

TENSÃO EM CAMPO

EFE

Cristiano Ronaldo não resistiu à entrada de Boulahrouz

AFP

Robben tomou voadora de Nuno Valente no primeiro tempo

Reuters

Jogadores se desentendem

Reuters

Van Bommel e Figo se encaram

EFE

Árbitro distribuiu 4 vermelhos

Com quatro expulsões, o jogo entra para a história como o de maior número de cartões vermelhos da história das Copas. Antes, o recorde era três vermelhos, nos jogos entre Itália e EUA, na primeira fase desta Copa, entre Brasil e Tchecoslováquia, em 1938, Brasil e Hungria, em 1954, e Dinamarca e África do Sul, em 1998.

"Foi um jogo intenso, disputado, dificil. Um jogo típico de Libertadores, que é uma guerra", analisou o técnico Luiz Felipe Scolari após o apito final.

Cristiano Ronaldo precisou ser substituído por não aguentar a dor na coxa depois de uma entrada violenta de Boulahrouz. Figo levou uma pancada no rosto e os jogadores quase partiram para a briga na sequência. O mesmo Figo deu uma cabeçada em um holandês. Em outro momento, Sneijder empurrou Petit com força e novamente por pouco não começou a pancadaria.

Com a bola rolando, Portugal carimbou seu passaporte para a próxima fase com um belo gol de Maniche aos 22min do primeiro tempo. A equipe não chegava às quartas-de-final desde 1966, com a geração de Eusébio - e mandou a Holanda de volta para casa, repetindo a receita da Eurocopa 2004, quando, com um time praticamente idêntico, venceu a rival por 2 a 1 na semifinal.

O técnico brasileiro Luiz Felipe Scolari ainda cumpriu a meta que havia anunciado antes do início da competição. No próximo sábado, Portugal enfrentará a Inglaterra pelas quartas-de-final.

Com um a menos, Portugal precisou se superar e contar com a sorte, no melhor estilo Scolari, para segurar o bombardeio holandês no início do segundo tempo. Até que o zagueiro Boulahrouz acertou o rosto de Figo e foi expulso, deixando as duas equipes com 10 jogadores em campo.

Entretanto, pouco depois, aos 32min Deco foi mandado embora ao tomar infantilmente o segundo cartão amarelo, e a pressão holandesa voltou, só que sem eficiência.

"Estivemos bem taticamente, soubemos jogar com dez jogadores. Tivemos que fazer bastante sacrifício, correr o dobro. A equipe está de parabéns", elogiou o capitão Luís Figo.

Com o triunfo, o técnico brasileiro ainda ampliou outros recordes. O primeiro é sua marca pessoal: ele chegou à 11ª vitória consecutiva em Mundiais - sete com o Brasil em 2002 e quatro com Portugal em 2006 -, um feito inédito na história da Copa do Mundo. Além disso, ampliou a invencibilidade de Portugal para 18 jogos - a equipe não perde desde fevereiro de 2005 - e chegou à sua 31ª vitória no comando dos lusos, número também inédito.

Para a partida contra a Inglaterra, Scolari terá problemas para escalar sua equipe. Além de Deco e Costinha, que cumprirão suspensão automática, o técnico pode perder Cristiano Ronaldo, caso o atleta não se recupere da pancada que sofreu.

O Jogo
Logo no primeiro minuto, a Holanda partiu para cima. Após boa troca de passes pela esquerda, Kuyt rolou para Van Bommel bater de primeira mas para fora, levando perigo ao gol de Ricardo. Pouco depois, o próprio Van Bommel deu um carrinho por trás em Cristiano Ronaldo e recebeu o cartão amarelo, mostrando de cara que seria um jogo movimentado.

Aos 6min, outra falta dura causou o segundo cartão para a Holanda: Boulahrouz entrou com os cravos da chuteira na coxa direita de Cristiano Ronaldo, que precisou ser atendido três vezes pelos médicos portugueses. Depois de tentar jogar no sacrifício, o atacante foi substituído por Simão Sabrosa ainda no primeiro tempo.

As duas equipes buscavam o ataque, promovendo um bom espetáculo. Os portugueses cadenciavam o jogo, enquanto a Holanda trocava muitos passes de primeira e chegou a finalzar.

Mas quando Portugal finalizou, abriu o placar. Deco cruzou rasteiro na área; Pauleta fez o pivô e rolou para Maniche, que limpou a marcação e bateu forte, sem chances para Van der Sar.

O jogo esquentou. A Holanda tentava achar brechas na zaga portuguesa, mas sofria com contra-ataques. Em um deles, Cristiano Ronaldo tocou de letra para Figo pela direita, que passou para Deco. O meia brasileiro naturalizado chutou mal, longe do gol, desperdiçando boa chance.

Aos 36min, a Holanda perdeu sua melhor chance da primeira etapa: Van Persie fez linda jogada dentro da área portuguesa, deixando dois marcadores no chão com um único corte, e bateu de pé esquerdo - a bola passou a centímetros da trave de Ricardo.

Então, a partida ficou tensa. Entradas fortes dos dois lados e lances polêmicos marcaram o fim do primeiro tempo. Costinha fez duas faltas violentas, mas só levou o amarelo na primeira. No entanto, aos 46min, ele obrigou o árbitro russo Valentin Ivanov a expulsá-lo ao colocar a mão na bola para cortar passe.

Para recompor o seu setor defensivo, Scolari sacou o único atacante do time, Pauleta, e colocou o volante Petit no intervalo de jogo. E a Holanda partiu para cima com todas as forças logo que o jogo recomeçou.

Aos 3min, Robben cruzou bola na área, e Cocu, livre, acertou uma pancada no travessão de Ricardo. Em seguida, Van Bommel soltou três chutes perigosos de fora da área, obrigando o arqueiro português a fazer boas defesas.

A pressão holandesa seguiu até os 17min, quando Boulahrouz acertou o rosto de Figo e recebeu o segundo cartão amarelo. Após breve confusão, o jogo voltou a ser equilibrado, e ganhou ainda mais em nervosismo.

Aos 26min, a Holanda deixou de devolver uma bola mandada para fora para atendimento ao goleiro Ricardo. O zagueiro Heitinga, que acabara de entrar, aproveitou o descuido dos portugueses, que esperavam o "fair play" holandês, e partiu em disparada ao ataque. Irritado, Deco deu um carrinho, por trás, em Heitinga. Indignado, Sneijder deu um empurrão forte em Petit, e nova confusão começou, com empurrões e a distribuição de três amarelos.

Aos 32min, Deco segurou a bola e retardou o jogo, recebendo o segundo cartão amarelo, deixando os portugueses em desvantagem numérica. Recuado, Portugal se segurou no sacrifício.

Até que, aos 48min do segundo tempo, Van Bronckhorst recebeu o segundo cartão amarelo e foi expulso, colaborando para o recorde negativo de maior número de cartões vermelhos. A Holanda nada conseguiu fazer, e viu o rival avançar para as quartas.

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